Verbo FM

Deuzanete Ferreira (Campina Grande-PB)

 

 

Meu nome é Deuzanete Ferreira da Cunha. Nasci em Campina Grande, tenho 70 anos, 5 filhas, 7 netos e 3 bisnetos. Sou viúva, após um casamento de 47 anos. Meu esposo, Francisco, faleceu em 2012. 

Me casei com 16 anos e ele tinha 32 anos. Depois que casei eu vi que havia um grande contraste entre eu e ele, mas como casamento não é brincadeira, assumi meu papel de mãe e esposa. Vejo nisso também a graça de Deus na minha vida. A bíblia diz que a mulher sábia edifica a sua casa e a tola a derruba com suas próprias mãos. Vejo que o temor do Senhor que havia em mim, me ajudou a criar minhas filhas nesse caminho. Se eu não andasse nisso não teria a sabedoria para criá-las.

Família é algo precioso, tive cinco filhas e as assumi com muito trabalho e muita luta. Não foi fácil, mas com a graça de Deus as criei. Me lembro muito bem quando era para ir para à igreja no domingo pela manhã, acordava às 5h para deixar o almoço pronto, cuidar da casa e arrumar todas elas. 

Meu esposo não era aquele pai presente que dava amor as filhas e a mim. Ele era um pai autoritário. Mesmo assim, consegui viver 47 anos com ele. Quando se aposentou ele apresentou um quadro depressivo. Passou alguns anos lidando com essa doença e não era fácil para mim ver esse quadro. Em 2012, ele teve uma parada cardíaca em casa, foi levado ao hospital, ainda ficou internado três dias, mas faleceu. Mas Deus, já havia falado comigo que ele partiria. 

Eu orava todos os dias às 10h30, entrava no meu quarto fechava a porta e orava. Em um desses dias, em que eu estava orando e conversando com Jesus, Ele me disse “Mulher, não está muito longe o tempo de você ter uma grande vitória”. Antes de partir, ele aceitou a Jesus, me pediu perdão e eu o perdoei. 

Muitos anos atrás, eu tinha uma grande amizade com uma jovem, ela era professora. Os familiares dela moravam no Rio de Janeiro e, quando ela precisava viajar eu a substituía  dando aulas.  Anos se passaram, ela se casou, eu também casei e pela distância, acabamos nos distanciando. Pelas dificuldades que passamos, meu marido não era muito ativo, comecei a orar pedindo a Deus uma profissão. Como de costume, às 10h30 eu entrava no quarto para orar, mesmo já com duas filhas, uma com dois anos e meio e outra com um ano e alguns meses. Eu dizia a elas “Mamãe vai orar e quando eu estiver orando vocês só vão dizer amém”. Então, nos ajoelhávamos e eu orava pedindo a Deus que me desse uma profissão, porque eu só sabia ser dona de casa. Quando fiz essa oração, não fiz nem por quatro meses. Depois desses quatro meses já estava grávida da terceira filha.

Essa amiga foi até minha casa com umas sacolas de roupas de criança e coisas do lar. Pensei que ela tinha vindo me vender. Ela entrou, conversamos e me disse: “Vim aqui porque meu pai está passando mal e eu tenho que ir pro Rio de Janeiro se quiser ver ele vivo e, eu estava orando pedindo a Deus uma pessoa de responsabilidade pra vender essas coisas e me devolver quando eu chegar, não vi outra pessoa a não ser você”. A partir daquele momento, até ri como Sara e disse “Senhor será que é essa a porta que quer abrir para mim? ”, fui e agarrei isso.

Não foquei na dificuldade da gravidez e por já ter duas filhas pequenas, mas sim no fato de que havia pedido e o Senhor tinha aberto a porta. Quando ela retornou após 45 dias, eu já havia vendido tudo. Ela me disse que iria continuar comprando essa mercadoria, que vinha de Recife, e me repassando para revender. Continuei vendendo.

Depois de ter deixado de vender para ela comprei um ponto na Feira Central de Campina Grande, era pequeno, depois eu fui melhorando, comprei outro em que já estou nele há 27 anos, no total são 34 anos na feira. Graças a Deus ali eu continuei vendendo. Naquela época, não tinha nenhuma filha ajudando, hoje já tem uma que assumiu o comércio. Ali eu consegui não só minha aposentadoria, mas como pagar o colégio dos filhos e formar três filhos porque a base saiu de lá. Só tenho a agradecer a Deus porque Ele é bom demais.

Em 1999, minha filha, Dione Alexsandra, que morava em Brasília, na época, havia se separado e retornado à Campina Grande, e me convidou para estudar no Rhema com ela. Para acompanhá-la, decidi estudar no Centro de Treinamento também. Foi uma coisa muito importante pra mim, porque aprendi de uma forma maravilhosa e precisa a palavra revelada. Depois dessa experiência de passar dois anos lá no Rhema, muita coisa mudou e foi muito importante pra mim. Terminei e fiquei muito feliz porque cheguei ao fim, a bagagem que aprendi lá foi muito grande.

Até hoje, levo comigo a onde quer que eu vá eu falo da grandeza e do poder de Deus. Depois de 19 anos que havia terminado o Rhema, fui convidada por minha filha para assistir uma aula de Zuleica Messias. Me surpreendi novamente com essa palavra. Uma palavra que renova nossa mente e nossas forças. A aula que estava sendo dada era “Realidades da Nova Criação”, mais uma vez fui impactada pela Palavra de Deus naquele lugar. Vi que depois de tantos anos, é a mesma palavra que recebi em 1999. 

Em 2011 aconteceu algo muito desagradável. Era de madrugada quando acordei com um telefonema, me disseram que não só o meu comércio, mas vários estavam pegando fogo. Fui imediatamente lá e quando cheguei os bombeiros já estavam tentando apagar o incêndio. No meu ponto havia uma chama de 3 metros e aquilo era sinal de que tudo já estava acabado, eles não conseguiam apagar. Aquilo ali foi muito triste para mim.

Estava com uma viagem marcada para o Rio de Janeiro, havia feito um empréstimo no banco e estava cheia de mercadoria por também se tratar de fim de ano. Foi algo muito decepcionante para mim, foi um incêndio criminoso. Mas, com a graça de Deus, recuperei tudo, Deus me deu a graça e eu venci mais uma vez. Passei todas as fases da minha vida com Cristo.  Havia chorado muito e até hoje choro quando lembro, mas o Senhor me disse “Não temas Eu estou contigo” e me segurei naquela palavra. Poderia começar do zero, mas eu iria recomeçar. Meu sustento saia dali. 

Com ajuda de Deus e a ajuda dos meus filhos consegui erguer as lojas novamente. Hoje, está funcionando normalmente. Algo que me marcou muito naquele dia foi o fato de minha bíblia não ter queimado, tudo se queimou menos ela, estava molhada pela água que os bombeiros usaram, mas não queimou e eu tenho ela lá em casa até hoje pra quem quiser ver, porque quando eu conto muita gente não acredita.

Sou grata a Deus pela minha família, pelas filhas que tenho, ser mãe é uma experiência agradável, é uma benção. Sempre amei muito minhas filhas. Cada vez que ia ser mãe de novo não sabia se seria outra menina. Minhas filhas são grande benção na minha vida. Como dizem, a nossa alegria é viver e ver os filhos servindo a Deus.

Não foi fácil ensinar, mas ninguém pode ensinar sem sentar para aprender. Quando criança aprendi com minha avó materna que Deus é muito bom e está conosco todos os dias. Deus me ama muito e eu só tenho a agradecer. Filhos são benção e ser mãe é gratificante. Amo muito meus filhos, netos e bisnetos. Já estou vendo a terceira geração da minha família.

Uma das minhas filhas, que hoje, mora no Texas, Estados Unidos, na época, tinha apenas 30 dias de vida já começou a viajar comigo para comprar mercadoria, porque ela ainda mamava. Dessa forma, ela ficou cinco anos ainda mamando, chegou a outra filha e ela mamando também. Por conta disso eu viajava muito com ela, quando ela tinha dois anos ainda viajava muito comigo.

Tive uma experiência muito forte na primeira viagem que fiz com ela à Fortaleza, ao chegar em Campina Grande no posto fiscal a gente foi parado para uma fiscalização de mercadoria. Deus me deu a graça novamente. Tiramos toda mercadoria do carro e orei, com minha filha de cinco meses no braço, orei e pedi pela orientação do Senhor em como agir e o Espirito Santo disse assim a mim “Fale somente a verdade”. Falei só a verdade, todos do carro e as mercadorias foram presos menos eu. Quando eu contei minha história o fiscal disse “Pegue as suas coisas e vai embora”, nada meu foi confiscado porque eu estava com a verdade. Eu disse pra ele “O senhor acha que se eu não tivesse necessidade viria com uma criança no braço em uma viagem a noite inteira e no outro dia seguinte viajar novamente a noite inteira pra casa? ”, não foi nada fácil a minha vida mas Deus estava sempre comigo e nunca me desamparou.

Essa minha filha um dia me disse: “Mãe, eu vou lhe mostrar que vou lhe ajudar muito, eu vou terminar a minha faculdade”. Ela fez o vestibular na época e passou no Rio de Janeiro, vocês sabem que o Rio é muito grande e ela passou em 11° lugar, uma posição boa. E realmente, como ela prometeu a mim, ela me ajuda até hoje.

Ela casou teve um filho, anos depois se separou do marido e depois de alguns anos, enquanto trabalhava no hospital, conheceu um americano e casou novamente, foi amor à primeira vista. Hoje, ela está feliz, teve mais um filho. Mora longe, mas está seguindo a vida dela. 

Como eu disse, sou a mãe de Dione Alexsandra que escreveu o livro Jornada para a Liberdade. Me deu muita alegria ler aquele livro e saber que uma filha minha o escreveu com tanta dedicação, é uma emoção grande. Ela é uma mulher dedicada a obra de Deus. Isso é para nos alegrarmos em Deus, pois tudo o que Ele faz é muito bom. Fiquei muito feliz no dia que ela lançou o livro e muito emocionada quando ela me entregou um.

Para mim é um prazer ver cada um dos filhos realizados e dedicando-se a obra de Deus que é melhor ainda. Eu me dediquei a ensinar. Me lembro muito bem de quando elas ainda eram crianças e não achavam muito bom mas eu dizia “Quero todas aqui seis horas da noite pra fazer o culto doméstico”, e a gente fazia. Era uma leitura pequena, cantava um hino, um corinho e, em cima daquela leitura dava uma palavra e orava. Fazíamos isso todos os dias e no domingo todo mundo ia para a escola dominical, sempre fazíamos isso. Eu as ensinei No caminho!

Posso dizer que Deus sempre me sustentou e agora, meus filhos vão dar continuidade a vida deles. O segredo do sucesso é esse, temer a Deus e andar nos Seus caminhos e tudo irá bem. Muitas mulheres hoje não querem ouvir isso, elas querem o bem-estar, mas o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria, o que traz isso tudo. Muitas, de certa forma, querem vida boa, mas não querem pagar o preço para criar os filhos. Com minhas filhas eu lutei muito, saía de casa, mas deixava a comida pronta. Sempre me dediquei a casa, pois gostava dela limpa e organizada.

O trabalho nunca foi desculpa para não cuidar da minha casa ou dos meus filhos. Mas, eu atribuo isso tudo ao temer a Deus e a ser uma mulher sábia, que sabia contornar as coisas. Aquela mulher que estiver com Deus vai ter essa mesma sabedoria, o mesmo entendimento e chegar ao nível que eu cheguei. Vendo até a terceira geração sendo abençoada, até meus bisnetos me chamam de mãe. Eu só tenho a agradecer a Deus porque é benção sobre benção.

Elas sempre foram muito unidas comigo e eu não fazia acepção de filhos. Mas, têm aqueles diferentes que tem a herança do pai e filha mulher tem muito do pai, mas graças a Deus elas aprenderam algumas coisas comigo. Na segunda e na terceira filha, ainda tinha vontade de ter um menino, mas depois da terceira não tive mais. Só vieram meninas, mas pela graça de Deus amei todas elas. Mas, sempre sem entender, não existia ultrassonografia naquela época e sempre quando ia comprar o enxoval e mostrava as pessoas elas diziam “Parece que está vindo outra menininha” e eu dizia “Seja o que Deus quiser, eu só quero que venha com saúde”.

Eu lembro que a última, que se chama Darlene, fiz o enxoval dela todo branco, amarelo e verde. Acredito que foi o melhor enxoval que eu fiz das cinco, porque eu já estava com uma condição melhor, comprei um berço muito bonito também. E deu muita alegria as irmãs. Ganhei ela no hospital para poder fazer a ligação das trompas, as outras não, minha parteira era minha mãe.

Vivi uma experiência muito marcante com a filha mais nova, (Darlene). A mãe de Daniel,  ela só tinha 13 anos quando começou a sentir uma dor e a levei para o hospital. A médica no atendimento não examinou a menina, disse que estava parecendo uma crise renal, deu uma injeção para dor e disse que iria ficar de plantão até mais tarde e se eu quisesse fazer um exame de urina era pra fazer e retornar à tarde, que ela ia dar uma olhadinha. Resultado, não era uma crise renal, era um filho que ela estava esperando e ninguém sabia.

Quando fomos saindo do hospital para vir pra casa, percebi com a experiência de mãe de cinco filhas e o toque do Espirito Santo “Ela está esperando um filho”. Foi quando tive coragem de perguntar a ela “Darla, se você estiver esperando um bebê me diga porque se você não me disser você vai morrer, em nome de Jesus o que foi que você fez?”, quando disse isso ela disparou em chorar desesperadamente, me contou o que havia acontecido e que tinha sido contra a vontade dela. Não dava para explicar, ela chorava muito.

Foi uma experiência muito dura, só estávamos eu e ela lá. Desci para fazer a ficha dela e  procurar minha bolsa, que nem sabia onde tinha deixado. Quando subi novamente, Daniel já havia nascido. Mas, eu já tinha dito pra mim e para a parteira que não queria aquele menino, disse que se Deus quisesse ter me dado um filho homem ele tinha dado, porque eu não sabia quem era o pai, se já era um cara de mal caráter, eu não ia criar aquele menino. Estava disposta a dar ele. Mas, chegando em casa, fui na casa da minha mãe, que morava na mesma rua que eu.

Eu estava desesperada e chorando muito. Meu pai disse assim “Como é que você vai dar o que não é seu? O filho não é seu, o filho é de sua filha e sua filha não está nem criada ainda. Vamos tirar essa história a limpo e saber o que aconteceu e você vai criar sim esse filho, é o filho que você não teve. A minha família, família Ferreira não dá filho a ninguém não. A sua filha precisa de você e ele também precisa de você. Já que esse pai ninguém sabe quem é, você vai criar esse filho sim, registrar ele como seu filho e terminar de criar a sua filha ”.

Assim eu obedeci, porque sempre obedeci ao meu pai e a minha mãe. Chorei depois envergonhada por ter pensando em dar a criança. Fui para o hospital, conversei com a minha filha e perguntei se ela queria que eu desse o menino, ela disse que não: “Eu quero estudar, trabalhar e lhe ajudar. Porque eu sei o quanto a senhora sofreu para nos criar e quero que a senhora me ajude a criar ele”. Assim eu fiz, registrei Daniel como meu filho.

Ensinei a Daniel no caminho que se deve andar, ele sempre me ouvia, não era muito de conversar e até hoje não é, mas ele é sempre de ouvir. E o que eu ensinei valeu para ele se distanciar do mal. Tinha um certo medo de ele ir para a faculdade, porque segundo a estatística do mundo a faculdade oferece muita coisa, ruim e boa também. O aprendizado é bom, mas têm “amigos” que mostram coisa que você nunca viu, sempre dizia a ele não aceite. Ele assim o fez, se preservou para o casamento.

Dou graças a Deus pela vida dele. Ele casou, está bem, estou muito feliz. Só tenho a agradecer a Deus por todos os meus filhos. Entrei com ele no casamento, as duas mães. Hoje, oro para que ele seja bem-sucedido e tudo o que falei para ele aconteceu. Ele foi abençoado. Deus o tem abençoado e vai continuar abençoando.

Sou grata a Deus pela minha família. Pelas minhas filhas, meus netos e bisnetos. Deus me concedeu a graça de ver a primeira, a segunda e a terceira geração. 

4 Comentários

  • Trabalho maravilhoso da equipe do Verbo da vida em Campina Grande! Minha mae Deuzanete e mesmo incrivel! Uma mulher de fe, de oracao e de muita forca espiritual. Deus sempre esteve e esta em primeiro lugar na vida dela. A familia tambem sempre foi uma de suas maiores joias e ela cuidou de todos nos com muito amor e esforco. Eu sou a filha numero 4 e hoje casada, moro nos Estados Unidos com meu pequeno, o netinho dela de 6 aninhos que ela ama como ama todos. O outro neto mais velho de 22 esta no Brasil e muito orgulha a vovo dele. Obg minha irma e todos do Rhema! Bela homenagem! Feliz Dia das maes p todos. Deus abencoe vcs.

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  • Entrevistar a minha mãe foi uma experiência marcante e inesquecível! Um trabalho fantástico da equipe e sou grata a todos que se envolveram comigo nessa doce missão. Foi desafiador fazer essa entrevista. Como eu chorei… Meu Deus!… Mas como foi bom ouvir a minha mãe. Honrá-la contando a sua história foi bom demais. Aprendo com ela todos os dias. Minha mãe é uma mulher de fé. Deus me presenteou com a melhor mãe do mundo!

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    • Trabalho maravilhoso dessa equipe linda do Senhor! Belissima homenagem a minha querida mae Deuzanete! Estou aqui nos Estados Unidos muito emocionada com toda hostoria que como filhas, conhecemos muito bem. Grande presente de Dia das Maes! Te amo mae querida. Seus netos tambem te amam.

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