Verbo FM

Rachel Palmuti (Rio de Janeiro-RJ)

 

Rachel é uma guerreira, uma pessoa que superou muitas fases da vida, muitas restrições, restrições financeiras, restrições religiosas, porque eu fui criada não podendo cortar o cabelo, não podia usar calça comprida, não podia usar maquiagem, não podia isso e aquilo… mas eu sempre superei tudo com muito temor ao Senhor, porque isso foi gerado no meu coração quando era criança, então Rachel é uma mulher muito temente ao Senhor.

Eu tenho muito cuidado com as coisas de Deus, faço as coisas de Deus com muito zelo e sou fiel,  a fidelidade do Senhor está acima de qualquer coisa. Sou uma mulher muito realista (risos). Eu só coloco o pé onde eu acho que eu possa pisar, mas preciso crescer mais nessa área. Eu quero viver mais pela fé. Eu quero colocar os pés nas pontes transparentes. (risos).

Eu gosto muito de me comunicar, gosto muito de falar, também gosto de fazer o bem, de abençoar as pessoas que eu sinto que estão à margem, distante da maioria. Sinto muito desejo de inclusão, de exortar as pessoas, colocá-las pra cima, de mostrar para elas que elas são capazes, de puxar o que elas têm de melhor. Gosto muito disso. 

A minha história…

O meu pai é mineiro, minha mãe é paulista, porque nasceu em São Paulo, mas é filha de mineiros. A história deles é linda. A minha mãe conheceu o meu pai em Minas, quando tinha 13 anos de idade, e ele 16, e aí eles começaram a namorar, mas um dia, ela voltou para São Paulo. Ela e meu pai ficaram namorando por cartas. Eles namoraram 7 anos por carta. Ele começou a trabalhar como caminhoneiro e, às vezes, ele passava por lá e eles saiam juntos. É uma história de amor muito bonita… Ele foi o único namorado dela… Eles ficaram noivos e, quando ela fez 20 anos ela decidiu que ia casar. Eles casaram, moraram um tempo em Minas, mas depois, por conta do trabalho do meu pai, se mudaram para o Rio. Lá, se converteram. Meu pai era um homem temente a Deus, cheio do Espírito e da Palavra, Deus dava a Ele a revelação de muitas coisas.

Meses antes dele morrer, ele começou a falar para minha mãe assim: “Eu estou sentindo que alguma coisa vai acontecer comigo e eu não quero que você fique preocupada, vai dar tudo certo”. A minha mãe não entendia. Em outubro de 1986, o meu pai faleceu de uma forma muito estranha. Ele tinha servido a Santa Ceia de manhã na igreja e, quando foi na hora do almoço, ele tirou o paletó suado da manhã, colocou em cima da cama, pegou o que a minha mãe ofereceu para ele e foi para uma congregação que estava iniciando, para participar do mutirão. Chegando lá, quando ele pegou um carrinho cheio de cimento, passou mal e faleceu, teve um infarto fulminante, aos 39 anos. Minha mãe ficou viúva com 36 anos, com três filhos pequenos, o meu irmão mais velho tinha 13 anos, o mais novo devia ter 11 anos mais ou menos e eu tinha 6 anos de idade.

Minha mãe é viúva até hoje. Eu digo para ela que ela é solteira, mas ela cisma de falar que é viúva (risos). Ela fala que “está no azeite”! Mas, ela aprendeu a viver sozinha, porque ela nunca amou outra pessoa na vida. Minha mãe teve muitos desafios, desafio financeiro, desafio da própria solidão, porém, o desafio principal dela foi a criação dos meus irmãos, porque eles ficaram um pouco revoltados. Muitas pessoas disseram pra eles que Deus tinha levado o meu pai, então eles falavam: “Eu não quero um Deus desse”, porque depois que o meu pai se converteu foi o melhor momento da vida dele, foi quando ele aprendeu a ser pai. Ele começou a dar atenção para os meus irmãos, ele se tornou um pai mais presente. Assim, eles começaram a enfraquecer na fé, se afastaram da igreja e ficaram a juventude toda fora da igreja.

Foi um tempo bem turbulento para minha mãe.  Eu a via só orando e clamando pela vida deles e, o que eu podia fazer era: “Senhor eu quero lhe servir, porque não quero ser peso para minha mãe, quero ser uma ajudadora, quero ser uma amiga”, e foi assim por todo o meu restante de infância e adolescência. Mas, graças ao Senhor, a gente passou por tudo isso. A minha mãe, Maria Delminda, sempre experimentando da fidelidade de Deus, ela é uma pessoa muito importante na minha vida, uma pessoa que é digna da minha honra, porque se hoje eu sou o que sou é porque eu tenho ela como referência de uma mulher de oração, de uma mulher de fé, que por mais que as vezes as circunstancias se levantassem, ela não se deixava abalar. 

A minha mãe se converteu quando estava grávida. Ela me levava na Igreja Batista e lá eles são muito impulsionadores na área musical. Minha mãe começou a trabalhar com as crianças. Ela ensinava muitos “courinhos” da igreja. Então, eu pequenininha, com dois, três aninhos, já cantava “sou uma florzinha de Jesus” na igreja (risos). Depois, fomos para outra igreja e minha mãe também trabalhava na parte musical com crianças, ela foi coordenadora por 20 anos de crianças e eu era a ajudante dela. 

A música sempre esteve presente. Minha mãe, é uma pessoa muito musical. Ela compõe músicas, já criou cantatas, ensaiava com as crianças. Mesmo sendo uma igreja pequena aos nove anos de idade já regia o coral, com divisão de vozes. Depois de um tempo, senti a necessidade de ir para outra igreja e lá eu me achei, me achei no louvor, na adoração, a atmosfera de adoração que nós tínhamos dentro daquele ministério de música era muito boa e, nessa época, eu comecei a namorar Estênio, meu marido.

Ele foi o meu primeiro namorado, na época, eu tinha 14 anos, foi bem dentro desse período que eu comecei a ministrar louvor na igreja, a gente se conheceu um dia antes do meu batismo e ele foi no meu batismo, dali, a gente começou a conversar e 15 dias depois, começamos a namorar.

Um dia, pedi a minha mãe para ir ao cinema com meus colegas da igreja e minha mãe falou que eu não iria, que eu só poderia sair quando tivesse um namorado porque aí ela saberia que tem alguém responsável por mim e, eu falei assim: “Até o final do ano eu vou ter um namorado” (risos), comecei a declarar igual uma maluca dentro do meu quarto que teria um namorado até o fim do ano e, três meses depois Estênio apareceu na minha vida.

Eu fiz 20 anos dia 4 de Setembro e, no dia 30 de Setembro de 2000, eu casei. Foi assim um “Deus nos acuda”, porque a igreja estava lotada e, quando a gente chegou no salão, as pessoas não tinha mais lugar para sentar. O Estênio ficou desesperado! Nós enviamos 200 convites e foram 600 pessoas! Mas, eu estava vibrando, estava feliz demais! Foi a realização do meu sonho! Mesmo com tanta coisa dando errado, ficamos felizes porque vimos o quanto eramos queridos pelas pessoas.

E eu não sei se foi por isso, que até que depois que eu casei eu gostei muito dessa área de casamento e me envolvi muito com isso. Eu trabalhei 1 ano e meio na gráfica do meu irmão e fiquei apaixonada por artes gráficas, apesar de ser economista, eu já entendia um pouco de computação, então, comecei a mexer obrigatoriamente com os programas de artes e, um dia eu falei com ele que tinha uma amiga minha que queria casar e queria um convite de casamento de presente. Essa minha amiga começou a me indicar para outras pessoas e, comecei a atender pessoas dentro do meu quarto (risos), onde ficava meu computador. Três ou quatro meses depois, eu já estava com a minha loja de convites de casamento. Fiquei apaixonada pela área de noivas e debutantes e, por seis anos tive a empresa ‘Rachel Convites Especiais’. 

O Estênio é o pai que eu não tive. É o amigo que eu não tive. Ele me ensinou muita coisa, ele me inspirou em muita coisa. Ele trouxe equilíbrio para mim. Eu lembro que nos meus 18 anos ele realizou um sonho meu, me levou pela primeira vez no Barra Shopping, na época era “O Shopping”. E ainda comprou uma jaqueta da Hard Rock Café. Eu sempre senti nele muita paixão por mim. Ele é um presente de Deus para minha vida. O que eu mais amo no Estênio é porque ele me admira. Ele é muito criativo. Lá em casa, a gente sempre brinca que ele é o poder legislativo e eu sou o executivo. Ele tem as ideias e juntos colocamos em prática. Ele me deu dois filhos maravilhosos.

O João, meu filho mais velho, é todo o pai. O jeito, a calma dele. Ele é tranquilo, calmo, é um menino que gosta muito de se comunicar com as pessoas, ele quer falar com as pessoas, então, isso ele puxou muito do pai dele, de querer se enturmar, se envolver. Depois de 10 anos, Estênio falou assim: “Rachel, eu quero uma menina” eu falei: “Estênio mais uma criança no meio dessa confusão que é a nossa vida, uma correria danada”. O nascimento do João foi muito emocionante. O primeiro filho é sempre mais impactante, porque é uma experiência muito singular. O segundo filho a gente já passou por aquele caminho, já vai menos preocupada, menos ansiosa. Mas, quando nós concebemos a Sarah no espírito, que Estênio profetizou, eu não tinha feito nenhuma ultra, não tinha nem tempo para saber qual era o sexo, mas porque a gente declarava tanto,  Estênio falava tanto, eu falei “é uma menina”. Eu sonhava com coisas cor de rosa, eu sonhei com o rosto de Sarah. E aí Sarah nasceu, eu tentei ainda manter uma continuidade na empresa, mas Deus já tinha comunicado coisas no meu coração que ia ser uma mudança de estação a chegada da Sarah. Graças a Deus, minha família é o meu maior sonho realizado. 

Nos formamos no Rhema em 2002. Nessa época, estava iniciando uma igreja no bairro Jardim Maravilha e nós fomos compelidos a ir pra lá e servir. Na música, nós começamos em 2003, nesta igreja. Era só eu e ele no louvor (risos). Era eu, ele e o Espirito Santo. Naquela época não tinha sites de cifras, e as músicas que eram dentro da visão não estavam sempre no Cifraclub. Então, ele decidiu começar a compor músicas dentro da visão pra gente cantar na igreja, assim ele começou a compor.

Foi um tempo poderoso. Ele compunha uma música, ou duas, por semana. Um dia a gente voltando da igreja, brincando dentro do carro, eu falei: “Pois é, esse negócio de gravar CD e tudo mais, a gente tem que ter o nome de um ministério, de alguma coisa, que tal ‘Ministério Reis e Sacerdotes’, imagina Estênio?”. E ele falou: “É, gostei. Ministério Reis e Sacerdotes”. Começamos a investir no ministério, na gravação do CD.

O primeiro CD foi somente pela graça de Deus! Um irmão amigo nosso que fez toda a produção, gratuitamente. A gente pagou um valor muito irrisório para gravar o CD. E, quando chegou na hora de fazer as cópias, a gente não tinha dinheiro para fazer as cópias (risos), lembro que nesse período a gente estava em transição. A gente ajudou o pastor Marcos Honório na igreja em Copacabana em 2007 e, no final do ano, decidimos congregar no Verbo em Pedra de Guaratiba, com o pastor Edimilson. O primeiro gabinete que o pastor Edmilson fez com a gente, ele falou “O quê que está faltando para esse CD sair?” e, dissemos que só faltava o dinheiro para fazer as cópias e na hora, ele disse que a igreja iria abençoar com metade do valor. E a outra metade, o meu irmão Fernando, que ainda não tinha voltado pra Jesus na época, deu a outra metade. Assim, saiu a primeira remessa de CD’s.  Fizemos o lançamento do CD lá na igreja da Pedra, o pastor Edimilson sempre nos apoiando muito, nos dando todo o respaldo, suporte. Foi um período de muito crescimento para nós.

Em 2010, o pastor Edimilson nos enviou para Seropédica, para ajudarmos a igreja que fazia apenas três meses que tinha aberto, não tinha ministério de música. Temos muito forte dentro de nós o chamado de socorros. Amamos levantar pessoas, treinar pessoas, começar trabalhos. E para a gente foi maravilhoso. Mas, foi bem nesse período que estávamos terminando a gravação do segundo CD. Por conta das atividades na igreja, na empresa, era muita correria, acabamos adiando o lançamento do CD, que aconteceu quase três anos depois, no Verbo da Vida no bairro em Campo Grande, Rio de Janeiro.

Com o nascimento da Sarah, tive que diminuir o ritmo, vendi a empresa. Mas, aí  surgiu a ideia de ser organizadora de eventos, criei a ‘Rachel Palmutti Eventos’ (risos), comecei a organizar uma exponoivas, a Expowest Noivas e Debutantes. Fizemos a edição 2014, a edição 2015, após essa última, Deus me disse para parar. Nesse mesmo ano, comecei a entender quais eram as mudanças que o Senhor estava esperando de mim, e comecei um processo de transformação da mente para transformar o corpo e, mudar coisas que estavam retendo o meu crescimento ministerial. E ainda em 2015 eu emagreci 34 Kg… até hoje as pessoas me perguntam como eu consegui, porque eu não me incomodava de ser tamanho plussize (risos), meu marido nunca reclamou, ele sempre me amou do jeito que eu era. Mas, o Senhor me advertiu.

Quando começamos a namorar, eu já tinha uns 70 e poucos quilos, mas, depois que eu fui mãe, cheguei a 114 Kg. E ,depois desse peso, eu não conseguia perder. Eu fiquei 10 anos com 114 Kg, para mim não era problema, porque eu fazia todos os exames e tava tudo bem. Eu tinha garra. Eu tinha ânimo. O excesso de peso nunca me fez mal, nunca foi um problema, nem para minha autoestima, nem para nada, mas, quando Deus me advertiu percebi que o meu estereótipo estava permitindo que as pessoas me julgassem e as pessoas deixavam de receber o que tinha na minha vida por causa disso. Eu fiz uma oração ao Senhor dizendo para Ele que eu queria crescer, queria me desenvolver. Então, emagrecer foi um propósito, foi o start para que as coisas começassem a acontecer. É interessante, porque dentro desse período que eu não estou mais trabalhando secularmente, foi o período que Deus me deu e realizou os maiores sonhos da minha vida, viajar, ministrar fora, ser abençoada com coisas que eu não tinha condições quando eu era empresária. Deus mostrando pra mim que quem me sustenta é Ele! 

Eu lembro que em 2016, eu fiz um propósito espiritual e, eu não comi doce por um ano. Foi bem desafiador, mas foi um ano de portas abertas, foi um ano em que eu experimentei muita provisão de Deus e, com o propósito cumprido, eu rendi graças ao Senhor. Então assim, é mortificar a carne mesmo. 

 

Meu desejo é continuar crescendo, continuar avançando. Ser a melhor esposa para o meu marido que eu possa ser, para que o ministério dele também avance, prossiga. Eu entendo que ele crescendo, eu vou estar crescendo junto. Ver os meus filhos fazendo coisas muito maiores do que o que a gente vai fazer, eles sendo a nova geração, cheios da Palavra, cheios do espírito, quero ser a mãe que eu preciso ser para que eles tenham a mesma referência que eu tive da minha mãe, sempre amar ao Senhor acima de todas as coisas. Esses são os meus sonhos.

Ah, eu sou a motorista da casa (risos). Hoje, como dona de casa a minha rotina é bem pesada, é bem mais fácil você estar dentro de um escritório atendendo telefone, atendendo cliente, é mais estressante por alguns momentos, mas, em relação a rotina é menos pesado. Quando é dia de igreja, a gente já sai correndo tomando banho, fazendo um lanche, aquela correria toda. Quando não é dia de igreja, a gente janta, assiste um filme, bate um papo, dá atenção para as crianças também, geralmente a gente vai dormir depois da meia-noite (risos).

3 Comentários

  • História linda. Tive o privilégio de ser liderado por ela e o marido, pessoas incríveis, cheios do poder e cuidado de Deus e fazem questão de passar esse cuidado para todos com quem têm contato. Mesmo não congregando mais na mesma igreja ela sempre dá um jeito (trabalho rsrsrsrsrs) de estarmos próximos. Amo suas vidas!!

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  • Pessoa mais que especial que Deus colocou nessa terra. Tive o privilégio de ser liderado por ela e o marido e cresci muito nesse tempo. Mesmo não congregando mais juntos, ela sempre arruma um jeito (trabalho rsrsrs) de estarmos próximos!! Amo sua vida!!

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