Verbo FM

Adalberto Fernandes (Blumenau-SC)

1

Família é algo de Deus. Mesmo que alguns dos meus familiares não sejam cristãos ainda, de alguma forma acredito que eles são afetados pela graça de Deus. Quando me separei, meus filhos vieram morar comigo. Depois, conheci a Rô, minha esposa. Na época não éramos cristãos, a primeira vez que a vi, achei uma jovem linda e o sorriso dela me impactou e impacta até hoje, a primeira coisa que falei para ela foi: “tenho quatro filhos”. Ela falou: “nossa não tenho nenhum”. E logo ela conheceu meus filhos. Decidimos estar juntos e ela passou a me ajudar na criação das crianças. O mais velho tinha 8 anos e o mais novo apenas 2. Dois meninos e duas meninas, eles a tem como uma mãe e os netos como avó. Ela inclusive, manteve um bom relacionamento com a minha ex-mulher, e isso apontava para algo que daria certo e deu certo. Eu sou apaixonado por ela desde aquele tempo.

2

Após anos vivendo juntos, quando recebemos o Senhor na Igreja do pastor Emilio em Campinas, decidimos casar e ele fez o nosso casamento. Nós fomos o primeiro casal que ele casou.

Rô é minha amiga, parceira, cúmplice, mulher de oração. Ela é intensa, não faz nada pela metade, é uma mulher de fibra, não chega a ser perfeita, mas, para a minha vida é perfeita. Jesus é 100% na minha vida, mas ela também é. Me representa muito bem. Por onde passamos os casais são levantados, ela é submissa e posso dizer que é difícil de se encontrar hoje, ela ama o Senhor, ama cuidar de mim, como ministra, ela me ensina, eu sou um pastor, ensino também, hoje seria bem difícil viver sem ela. Não costumamos sair para não ficarmos separados, tomamos café, almoçamos juntos sempre, resolvemos os nossos problemas, não deixamos para amanhã os problemas, somos amigos, parceiros. É necessário haver amizade no relacionamento e ânimo também. Dar boas risadas, Rô é muito divertida, todo casamento precisa de comédia.

3

Temos histórias pra contar. Campinas-SP foi o lugar onde tudo começou, e não desprezamos os começos. Oque Deus fez em nós foi intenso, precisávamos ser ajustados em muitas coisas, foi um alicerce e, quando viemos para Campina Grande-PB, foi outro tipo de construção.  Deixamos de ver as coisas pequenas e amadurecemos em muitas coisas.

Patos foi  o inicio do nosso ministério. Nunca pensei em ser pastor, mas foi a porta que Deus abriu no ministério e somos gratos ao pastor Bud e Guto por todas as palavras (nossa como eles são parecidos!).

Em seguida, Deus falou que o nosso tempo acabou e fomos até eles. Não tínhamos a direção exata ainda, Guto nos falou sobre Blumenau e fomos visitar. Vimos que era o lugar. Tem sido uma benção. Mas tudo começou quando abrimos o nosso coração para aprender. As pessoas falam muito em correção, mas vejo as coisas como aprendizado. Na vida cristã, saber aprender é muito importante.

4

Vivenciamos muitas mudanças nos últimos anos. Nas cidades, nos climas, na cultura. A cultura para mim era mais difícil, hoje procuro estudar comportamentos que eu não tinha, procuro entender as pessoas. Campina Grande, Patos foram escolas para mim e temos lidado bem. Hoje nem sabemos de onde somos.

A companheira que eu tenho me ajuda muito. Ela não murmura, não é cobradora, me segura muito e me freia também. Não é fácil, pois tenho temperamento forte, mas ela sabe lidar.

Acredito que um dos principais desafios de um líder é ele mesmo. Ele tem que aprender a lidar consigo mesmo, ou não será um bom líder e nem terá bons liderados. Precisamos ter a liberdade de saber lidar com seus defeitos e, lógico, as suas qualidades. Ele precisa fazer isso para ser eficaz.

Eu tenho aprendido, estou longe de ser perfeito, mas estou bem melhor, porque eu era implicante.

cinco

Sou um homem feliz, realizado. Por ser filho de Deus, feliz por ter filhos e netos maravilhosos. Tenho uma mãe de 94 anos, uma esposa que hora que é mulher, amiga, mãe… Sou feliz! Não preciso de nada material para me fazer feliz, elas podem fazer parte, mas não são essenciais para a minha felicidade. Nada que viesse para mim aumentaria a minha felicidade.

Fui engenheiro de aeronaves, um homem que ganhava muito bem, trabalhei por 30 anos no ramo da aeronáutica, mas nunca conseguia enxergar os meus defeitos, falhas. Hoje sou feliz em poder enxergar isso, sou mesmo exigente, sou realizado me ter uma mulher linda e não é esse tipo de linda que muitos pensam, mas o linda para mim.

6

Fui um filho de portugueses, gerado em visita intima de presídio, minha mãe conheceu meu pai no presídio, isso há 60 anos. Isso era uma cosia complicada naquela época. Meu pai tinha atirado em um rapaz que traia ele com a mulher dele e foi preso. O rapaz era bombeiro e o meu pai dono de cinema, e eles (meus pais) se encontraram nessa situação e eu fui gerado.

Quando nasci, tinha muitas frustrações de prisão dentro de mim, mas eu não sabia disso… Sempre me sentia preso, tudo o que eu fazia, parece que tinha que ser com força. Quando meu pai se converteu, através da minha vida, antes dele morrer, ele me contou que não tinha ido me visitar quando criança porque estava preso.

7

Ele era de São Carlos, e, na época, esse crime foi um desastre na cidade. Foi um relacionamento arranjado, como se diz. Levaram a minha mãe para conhecê-lo na prisão, e foi lá que tudo começou. Depois de mim, ainda nasceu mais uma irmã, essa é a história que conheci quando cresci. Eu fui conhecer meu pai aos sete anos, meu pai já tinha um filho do primeiro casamento e a minha mãe também teve um filho antes de conhecer meu pai.

8

Após convertido, eu comecei a trabalhar com evangelismo no presídio e isso foi desafiador para mim. Já adulto eu ainda tinha medo de carro de polícia. Passava um carro por mim me dava medo sem dever nada, mas comecei a me envolver no evangelismo da igreja e, nas horas vagas, eu ia evangelizar no Carandiru. Foi assim que venci o medo. Ali é barra pesada.

Quando vim para Campina Grande, fui fazer o mesmo trabalho no Presídio do Serrotão, mas agora já era tudo bem mais tranqüilo. Fiquei até amigo dos caras (risos)

9

Certo dia, estávamos ministrando, eu e um irmão, e fomos ao pavilhão mais perigoso. Um dos presos disse para nós: “vá na minha cela”. Quando fomos lá, ele bateu a porta pegou um pedaço de pau e disse: “crente aqui eu trato desse jeito“. Eu levantei e disse: “em nome de Jesus, caia agora”. Ele caiu de joelhos na mesma hora, confessou Jesus e o irmão que estava comigo disse: “literalmente estávamos na cova dos leões”. Conto essa história porque isso faz parte do meu ministério. Em Blumenau, temos trabalhos no presídio também. E vamos ter Rhema no Sistema Prisional lá.

Quando algo lhe trouxer medo, meta a cara e vá em frente. Vença e rompa com isso. Eu venci isso. Tinha medo até de revista nas aeronaves, blits, poláciais, tudo me dava medo. Sou muito realizado, Deus é um grande libertador. Deus me livrou do vicio do sexo. Ele restaurou a minha vida. Eu não troco nada do que eu tenho hoje pelo que eu tinha antes. Hoje ando livre, seguro e sei que ninguém vai me fazer nada. Um dia, eu estava em São Paulo e vi presos fugindo se escondendo próximos a mim, carros passando, sirenes ligadas e vi, ali, que o medo tinha ido embora. Deus é o maior responsável pelo homem que me tornei nEle.

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