Verbo FM

Ariane Lima (Campo Grande-MS)

Sou de berço evangélico, a conversão aconteceu com meus avós. Sou de uma família de três irmãos, um irmão mais velho, uma irmã mais nova, meu pai é falecido e minha mãe está viva, e nós temos uma neném de um ano e seis meses. Eu sou do Mato Grosso do Sul, nasci no interior, em Corumbá (MS), na divisa com a Bolívia, mas com seis anos de idade eu já fui para Campo Grande (MS). Lá eu cresci e com 19 anos eu fiz o Rhema.

Meu pai faleceu em 2011, ele foi acometido de um câncer no cérebro e eu digo que apesar dele já estar com Jesus nós vivemos um milagre porque ele teve o câncer mais agressivo que daria a ele meses de vida, ele ainda viveu dois anos, depois do diagnóstico. Um homem muito saudável, muito íntegro.

Quando ele faleceu, o profeta Herênio foi por lá ministrar e até hoje eu lembro dele falando: “Olha, eu não conheci seu pai, mas ele ministrou na minha vida, posso ver por vocês e o jeito que vocês falam do seu pai que ele foi um homem de Deus, ele foi um pai muito bom. Estou vendo uma família forte, estruturada que só fala do bom exemplo que ele deixou, ele deixou um legado”Realmente ele era um pai muito brincalhão, muito família, muito ativo, um homem muito íntegro e muito correto. Era policial federal, envolvido na igreja. Servia no louvor, como baixista. 

A gente cresceu no ambiente de igreja mesmo. Minha mãe gostava de servir no diaconato, na parte de recepção. Meu pai já era músico e estava sempre envolvido no ministério de louvor. Enfim, sempre muito cuidadoso consigo mesmo, quanto a saúde, mas aconteceu.

Em 2009, eu cheguei e conheci o Rhema e eu já tinha feito a matéria de Fundamentos da Fé e a gente declarou muito a Palavra, ele foi a muitas conferências que faziam naquela época, começou a ler muitos livros do irmão Hagin e eu digo que ele foi firme na fé dele até o último instante, ele ria e brincava até quando estava muito difícil a situação dele. Aconteceu dele ir morar com Jesus, o que é infinitamente melhor, mas ele deixou esse legado, de um homem muito íntegro, um homem que priorizava a família.

A gente viajava no final de ano. Em horas dentro do carro não se tem o que fazer, a não ser dormir e conversar e não dava pra dormir o tempo todo, a posição ficava desconfortável e era a hora que a gente conversava sobre tudo. Ele falava, nos ensinava, imprimia na gente um caráter, nos deixando um bom exemplo e deixando a gente ligado e unido. A gente é uma família bem unida. Mas ele faleceu e a gente continuou unido e seguindo o legado dele. 

A minha mãe, permanece viúva, ela fala que casou muito bem e teve um casamento muito bom e agora só se Jesus mandar um muito melhor, como não apareceu, permanece muito bem porque o Senhor a fortalece e está tudo bem. Ela é uma mulher incrível, muito guerreira, forte. Ela tem essa convicção de que Deus é tudo para ela, que Ele quem dá graça, que fortalece, que sustenta o tempo todo. Eu cresci com ela em casa cuidando da gente, varrendo a casa cantando os hinos, fazendo todas as atividades domésticas cantando e errando todas as letras. A gente cresceu com ela muito presente, muito abnegada. Eu falo que quando eu leio Provérbios 31, estava na minha frente a minha mãe.

Cresci vendo as pessoas batendo na porta de casa pedindo por ajuda e auxílio e ela falava: “Vou te dar um pacote de feijão, mas você vai ter que ouvir de Jesus”. Ela não ajudava sem evangelizar. Foi um tempo muito lindo, de uma mulher serva, temente ao Senhor e tem sido para nós como família uma ajuda muito grande, porque às vezes quando não dá para a gente levar a Eliza, nossa filha, para algumas reuniões na igreja, é só chamar: “Mamãe!” e ela faz com maior carinho e amor.

Tenho dois irmãos, um mais velho (Abner) que casou agora em novembro com uma noiva linda, cheia de Deus, toda correta. Ele é músico na nossa igreja, toca violão, é envolvido com os jovens, faz parte da liderança dos jovens. Nosso relacionamento é sensacional, eu nem posso falar muito porque eu fico babando por ele ser o irmão mais velho. Tem toda aquela coisa de quando era criança eu fazia de tudo pra ficar com ele. Então se ele jogava bola eu não sabia jogar, eu era a bobinha e para mim não tinha problema porque eu queria brincar com ele. Tudo a gente fazia juntos, claro que tinha muita implicância, porque menino não deixa menina quieta. Crescemos muito bem assim, brincando e brigando às vezes.

A minha irmã mais nova tem 23 anos. Ela conseguiu chegar no alvo, no objetivo, que era a faculdade de medicina, foi uma luta muito grande. Ela recebeu palavras, muitas confirmações de que não era só uma coisa de vontade, de desejo e ela foi entendendo que era verdade porque ela não conseguia pensar em outra coisa. Ela tentou fazer a faculdade no Paraguai, mas quando tinha começado a fazer o processo da faculdade na fronteira ela conseguiu o FIES para fazer lá em Campo Grande, então ela voltou e começou a fazer medicina. Depois que começou, ela diz que é incrível você fazer aquilo que realmente foi chamado.

Nos conhecemos no Rhema, eu fiquei  sabendo do Rhema quando eu ainda era de outra denominação. Estávamos na época do Orkut e como eu ficava muito sozinha, todo mundo que eu conhecia no Verbo da Vida, eu adicionava. Eu adicionei o filho do outro pastor, adicionei ele e embora eu seja tímida, sempre fui mais comunicativa e, quando eu tinha abertura, eu conversava e quem chegava e se aproximava com facilidade já conversava e já adicionava, porque eu estava gostando muito da Palavra e eu não queria vir e ficar toda por fora, então eu estava me ambientando. Aí eu acho que ele viu que eu o adicionei, e se sentiu mais à vontade ainda, quando começamos a conversar. Quando tinha os eventos ele me chamava e o próprio Rhema avisava, eu acabava indo pra o Verbo da Vida e fui conhecendo mais ele e a turma dele, me enturmando. Nisso que nós fomos conversando mais, fomos nos apaixonando e com mais ou menos um mês de conversa nós começamos a namorar. 

Ele falar em casamento no início, me trouxe muita segurança porque era isso que eu queria. A gente sempre escutou em casa que namoro não é brincadeira, que era coisa séria. Havia toda essa conversa lá em casa e eu não queria namorar só por namorar, se eu fosse namorar era pra casar. Quando eu orei ao Senhor eu falei que o meu próximo namorado seria o meu marido, e quando ele me disse essas coisas aquilo me confirmou que era ele. E todas as vezes que eu orava, falava que via uma coisa, que gostava, que identificava uma qualidade e Deus confirmou que ele poderia ser o meu marido.

Lidar com a perda da nossa segunda filha ainda está muito recente. Eu falo que a Eloah foi um presente de Deus para mim, embora ela já esteja com Ele no céu, porque ela me transformou. Quando a Eliza, nossa primeira filha, nasceu eu tive muitas dificuldades com a maternidade, porque eu me achei inadequada, eu tinha sensação de que eu não era uma boa mãe, não era paciente o suficiente, não conseguia ter eficácia na maternidade. Então, se ela não dormisse a culpa era minha. Foi uma coisa bem esquisita, porque eu desejei muito ser mãe, mas quando ela nasceu talvez por todo o romantismo que eu criei sobre a maternidade, que era tudo muito lindo e maravilhoso, eu tive muitos pensamentos nesse sentido que, eu não era uma boa mãe porque ela não dormia direito e ela teve alergia ao leite da vaca e eu achava que era culpa minha, por causa do que eu comia.

A maternidade  foi querendo virar um monstro para mim e aí eu engravidei muito em seguida da Eloah e foi aquele choque, porque eu achava que já não era uma mãe maravilhosa e agora iria ter dois. Eu engravidei muito em sequência e a gravidez foi muito tranquila, até o ponto em que eu tive a infecção que fez a bolsa sensibilizar e romper antes do tempo. Daí a Eloah nasceu muito prematura e a gente viveu momentos muito dolorosos.

Eu digo que a Eloah veio para que eu recebesse a minha cura, porque no momento que eu vivi com ela eu tive que ter muita paciência, tive que entender que o prematuro tem o tempo dele, que não dependia de mim, era do desenvolvimento dela. Toda essa experiência fez eu devagarzinho ir me libertando dessas pressões que foram muito intensas. Eu acredito que toda essa dor fez Deus poder falar comigo, porque no meio da pressões e vozes de acusação na minha mente, eu não estava conseguindo ouvir o que Ele tinha para me falar. Nesse momento de muita dor você se desarma e depende totalmente da graça em um nível maior e aí nesse tempo Ele foi me mostrando, em todas essas experiências, que eu era uma boa mãe. Não que Deus tenha usado isso para nos ensinar algo, mas a circunstância nos ensinou. O sofrimento me ensinou, não a situação, porque eu sei que a situação foi obra do diabo, mas se ele queria me destruir, ele deu um tiro errado porque hoje eu sou outra pessoa, eu fui totalmente transformada por essa experiência.

Eu digo que essa experiência com a Eloah foi também um despertar para mim sobre essa questão da graça, porque às vezes gente fica no automático, fazendo as coisas na nossa força, porque tudo tem que acontecer. Mas a gente tem que entender que não é no automático, nem por nós, na nossa força, é a graça de Deus que nos fortalece e nos  sustenta para conseguir realizar as coisas e servir ao Senhor com excelência e viver a vida que Ele tem para nós. Às vezes pode até parecer um paradoxo porque ela não está aqui, ela está no céu, mas eu digo que ela cumpriu o propósito dela e o propósito dela era me transformar, deixar Deus me transformar, tudo isso aconteceu com muita excelência. 

Eu tinha deixado as coisas da Eliza sem mexer para poder usar na Eloah e foi muito engraçado porque a minha mente já tinha reprogramado que aquelas roupas não eram mais da Eliza. Eu já imaginava como a Eloah ficaria com aquelas roupas, então eu mantive elas até mais ou menos um mês, porque eu já tinha programado com uma moça para fazer a organização, separar as coisas que seriam da Eliza e da Eloah. Nesse meio tempo a Eloah partiu. Na hora que ela chegou e que pegou todas as roupinhas, eu olhei e pedi um minuto. Fui no meu quarto e chorei bastante, depois disso decidi guardar algumas, porque no momento a gente não está programando ter mais nenhum bebê, mas eu guardei algumas roupinhas. Está sendo um dia de cada vez, eu nem me cobro muito porque eu entendo que no processo Deus trabalhou muito comigo. Além dessa questão da maternidade tinha muitas coisas que só eu e Ele conversávamos, e nesse tempo eu recebi respostas.

Eu estava num tempo que eu estava pensando como as outras mães eram boas, como elas faziam acontecer e o Senhor me mostrou muitas coisas. Eu voltei a um status de relacionamento de depender d’Ele com todas as forças. Eu lembro que quando eu ia para UTI eu sempre tirava a minha aliança e o meu anel que o Vinícius me pediu em namoro, até que eu percebi que havia perdido. Então eu  fui orar ao Senhor para que Ele me mostrasse onde estava o meu anel e fiquei esperando resposta. Em umas das visitas que nós íamos para o hospital, quando eu abri a porta do carro o anel estava no canto. Deus me falou ali que estava cuidando de mim nos mínimos detalhes, porque eu tinha deixado a minha mente ficar muito presa, muito sobrecarregada com as comparações.

Nesse tempo eu ficava muito no hospital, o Vinícius tinha que trabalhar e ainda tinha as coisas da casa pra dar conta. A minha mãe além de cuidar da Eliza, ela fazia as coisas domésticas, eu via que ela também já estava cansada, até mesmo emocionalmente porque ela era a avó. Eu já tinha tentado várias vezes achar uma diarista e não conseguia. Então eu pedi ao Senhor que Ele me mostrasse uma diarista e quando foi no dia seguinte apareceu uma mensagem me perguntando se eu ainda estava precisando de diarista. Entre várias experiências, como a de uma mãe que estava chorando na UTI neonatal e eu só cheguei e orei com ela. Depois ela veio me falar como aquela oração havia aliviado ela. Coisas que às vezes, nas pressões, correrias e demandas do dia a gente vai se desafinando nesses cuidados de Deus, nesses detalhes e vai deixando a mente ficar presa. 

Nós falamos que não, nós não iríamos ficar em casa, porque eu mesma sei pelas perdas que eu tive, que é uma dor muito forte e eu sei que a nossa alma precisa viver isso do choro, ela precisa viver isso para liberar e assimilar essa ausência e é aí que entra Deus e a Palavra da Fé, pois a gente não parte junto e tem que seguir a vida. Tínhamos uma filha pequena e tínhamos que deixar Deus ser a nossa fortaleza, deixar Ele nos consolar e é real, Ele nos consola e nos dá graça. A gente não negligencia o momento em que a alma quer chorar, mas choro, a minha alma está abatida mas eu vou glorificar ao meu Deus. 

Hoje estamos à frente da Igreja Verbo da Vida em Campo Grande. Até então a única liderança que nós tínhamos recebido foi a direção da Escola de Ministros, quando ela foi para Campo Grande em 2016. Até então, nós fomos bons servos. Eu sempre falo para o Vinícius que a gente é obediente, que você tem que servir no departamento infantil, que foi onde eu servi por muito tempo. Então onde tem serviço, vamos fazer o melhor e a gente sempre esteve servindo, mesmo sem assumir uma grande liderança. A gente vê que o coração obediente e uma vida obediente inspira as pessoas, porque muita gente depois que nós assumimos veio falar conosco dizendo que estava muito feliz, que nós éramos inspiração para eles, então muita gente veio falar que já se inspirava, mesmo a gente sendo só bastidor e isso é uma coisa que a gente colocou como propósito desde que a gente casou. O nosso negócio é obedecer, que se fosse para subirmos no teto, nós subiríamos. Quando o convite do pastor chegou nós simplesmente dissemos que se era para obedecer nós obedeceríamos. 

Para mim o Vinícius representa o cuidado de Deus na minha vida e ele é o meu suporte, é minha âncora, aquela coisa que mesmo que as minhas emoções e questionamentos cheguem ela me traz a realidade, mostrando que as minhas emoções estão muito afloradas. É o amor da minha vida, ele me ajuda a crescer e avançar. Eu o amo. 

Eu sou uma pessoa simpática, que gosta de fazer a outra pessoa se sentir amada. Se a pessoa gosta de conversar eu converso com ela, se ela quer abraço então eu abraço, se quer sair para comer então eu saio com ela. Eu gosto de ver o outro bem. Gosto de pessoas, sou muito família. Eu brincava de Barbie e eu sempre era a mãe, o meu sonho era ser mãe, ser uma esposa. Essa sou eu.

 

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