Verbo FM

Josafá Araujo (Canadá)

6Sou brasiliense, nasci em Taguatinga-DF. Lá passei grande parte da minha vida. Tenho 38 anos, me formei e trabalhei em Ciências da Computação. Quando estava decidindo meu curso, pedi a minha mãe, que era enfermeira, uma sugestão do que estudar, e ela falou: “faça qualquer coisa menos enfermagem”. Meu pai era formado em administração e falou a mesma coisa: “faça qualquer coisa, menos administração“. Eu gostava de computador e ele era raro. Tive uma paixão pela profissão, mas não era amor. Costumo começar e terminar o que faço, então, concluí o curso.

11Lá em casa apenas minha mãe era cristã e eu me converti com uns 20 anos, fui o último lá em casa. Tenho um irmão. Meu pai se converteu logo depois da minha mãe e, hoje, é pastor, mas eu vivi uma época lá em casa que não era fácil. Antes de se converter, meu pai bebia muito, vi muitas coisas. Acabei me reservando por causa disso e aprendi a enfrentar a vida.

Minha família é pequena e sempre fui sozinho. Brincava sozinho e isso era uma defesa minha, não havia muita aproximação com meu pai. Mas, quando ele aceitou Jesus, as coisas mudaram. Foi a época que meu irmão nasceu, e, quando isso aconteceu, eu e meu pai tentamos correr atrás do tempo que foi perdido. Até hoje ele fala para mim: “não seja como eu com seus filhos, porque dificilmente você vai recuperar as coisas”.

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Eu tinha três sonhos na vida: o primeiro era ser roqueiro. Participei de uma banda de rock, rock progressivo, tipo legião urbana. Eles tocavam nos barzinhos e eram acessíveis. Eu era daquele tempo que o rock estava em alta em Brasília e era algo que eu gostava. 

Outro sonho era ser caminhoneiro. Até ganhei um caminhão de brinquedo do meu pai, era o brinquedo que eu podia ter na época, porque que não tínhamos muitas condições. Meu pai era vendedor das Casas Pernambucanas. Quando passava um caminhão nas ruas, eu dizia: “um dia vou ser caminhoneiro“.

Meu terceiro sonho era ser piloto de caça. Depois do serviço militar comecei a ouvir sobre Jesus através de um pastor árabe. No Canadá tem muitos árabes, hoje tudo se encaixa. Aprendi a lidar com eles, pois são diferentes e são cautelosos no contato, mas, quando conquistamos a confiança deles, quebramos a barreira e eles nos ouvem.

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Em 2004, conheci a Bianca pela internet e começamos a conversar. Depois ela sumiu por seis meses, voltamos a nos falar e a cada dia ficou mais forte. Até que um dia ela foi a trabalho em Brasília e nos encontramos lá. Naquele mesmo dia a apresentei aos meus pais, eu estava convicto que queria casar.

Eu já tinha tido alguns relacionamentos, mas queria estabilizar-me em um casamento e tinha convicção que era o momento. Queria ter uma família, filhos e dizia: “quando eu tiver a minha família, farei diferente”. Vi a sinceridade nela, deu certo, meus pais gostaram dela. A partir desse dia, permanecemos à distância e, naquele tempo, tinham muitas promoções de passagens da gol a R$50,00 reais e nós aproveitamos muito isso (risos). Ficávamos a madrugada no computador esperando sair as promoções para comprarmos as passagens. Foram quase dois anos assim.

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O noivado foi em Brasília. Bianca era do Verbo da Vida em Aracaju, mas, após casar, ela veio congregar na minha igreja. Certo dia, estávamos caminhando e o Espírito falou comigo que era o momento de ir para o Verbo da Vida, falei para ela e percebi o grande desafio que foi para ela mudar de cidade.

Sei como é em Brasília, as pessoas são um pouco mais fechadas. Ela sentiu muito isso. Era de família grande, a minha pequena, a igreja dela em Aracaju era uma festa, na minha não. Ela chorava escondida as vezes, eu percebi isso. Após Deus falar comigo, fui para o Verbo, fiz o Rhema e as coisas foram mudando. Fizemos também a Escola de Ministros Rhema.

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Existe uma história com a nação canadense. A minha mãe perdeu seus pais muito cedo. Ela foi criada em um internato que era de canadenses lá no Maranhão. Havia uma canadense que nunca tinha casado nem teve filhos e cuidou da minha mãe como uma filha. Ela pregou a Palavra para minha mãe. Incentivou ela a estudar e, quando nascemos, essa canadense nos adotou como netos. Depois, ela se aposentou e voltou a morar no Canadá. De lá nos mandava presentinhos.

Havia em nós uma ligação com aquele país. Essa canadense escolheu meu nome. Minha mãe não tinha muito conhecimento e aceitou por ser um nome bíblico. Então sempre houve em meu coração um amor pelo Canadá.

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Quando eu estava namorando com a Bianca, meu pai me enviou uma matéria sobre a imigração naquele país, especificamente em Quebec. Então explodiu o desejo em meu coração. Quando estávamos bem próximos de viajar para o Canadá, aquela canadense que cuidou da minha mãe faleceu. Infelizmente não tive tempo de chegar lá para encontrá-la e dar um abraço, não deu tempo.

Hoje, posso dizer que aprendi a amar o Canadá. Muitos vão para lá e logo migram para a parte mais quente do país. Quando chegamos lá, muitos falavam mal da cidade, mas sempre fui bem atendido lá. O idioma foi algo difícil e temos rompido, mesmo falando errado. Vivi na pele o que o pastor Bud sentiu aqui no Brasil.

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Bianca, minha esposa, mudou a minha vida. Ela é um exemplo de serviço a Deus. Teve todos os motivos para morar sozinha, pais separados, mas ela guardou a fé. Amou Jesus e a Palavra com tanta fidelidade e lealdade que me impressionou. Ela é uma pessoa que admiro demais. Sua estabilidade é um exemplo. Mesmo em meio as dificuldades que passamos no Canadá, ela sempre se manteve certa e convicta do que estava fazendo. Ela tem influenciado outras mulheres. A amo e sei que posso confiar nela como esposa e mãe. Não temos família lá, é sempre nós quatro. Às vezes os meninos exageram na agitação e ela se mantém ali, cuidando, apoiando e amando.

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Ser pai foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Eu não sabia que eu era um bom pai. Comecei a trabalhar no Departamento de crianças e tinha acabado de chegar no Verbo em Brasília, ali veio o desejo de ter um filho. Quando o Pierre nasceu, fiquei mais apaixonado. Ele parece comigo, principalmente no jeito, quieto calado, observador. Quando ele foi crescendo, comecei a observar o quanto ele parecia comigo ele é a minha cópia, sério (risos). Sou apaixonado por ele, tento a cada dia ser um pai melhor, saímos juntos, andamos de metrô, ele ama andar de metrô. No inverno, Bianca não gosta de sair, então vou com ele. Vamos esquiar na neve, amo estar com ele. Amo meus filhos.

Nós tiramos férias e vamos para o Brasil por eles para que tenham tempo com a família. Para serem abastecidos para enfrentar as coisas naquela nação. Eles são nascidos lá, mas tem pessoas que não os consideram canadenses.

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Lembro quando Pierre estava com 2 anos, na primeira creche que frequentou. Disseram que ele era autista, porque ele não falava, ficava quieto no cantinho dele, mas era o jeito dele. Até explicarmos isso, fomos obrigados a sair daquela creche e aquilo mexeu comigo. Meu filho parece comigo, e aquilo que aconteceu, era como se tivesse sido comigo. Oramos, vimos a graça e a paz de Deus, mudamos de creche e ele se envolveu tanto no inglês quanto com o francês, aprendeu de forma espetacular.

Engraçado é o dia a dia dele. Por exemplo, ele está brincando no parque tem um amigo que fala inglês, outro só fala francês e ele fala com um em inglês e fala em Francês com o outro amigo. Vira e fala comigo em português. Essa facilidade só quem nasce lá possui. Ele faz isso brincando. Esse ano, ele se formou na creche e nós gritávamos: “Pierre! Pierre!” e ele todo orgulhoso é o único que fala os três idiomas. As professoras elogiando, isso foi maravilhoso. Quando tocam no nosso filho é o mesmo que tocar na gente. Por isso, me alegro por ele.

Temos também a Laura que completou 3 anos. Ela é uma espoleta e tem crescido cada dia mais linda e princesa. E agora, está chegando Helena que vem para nos trazer ainda mais alegria. 

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Vivi muito perto da minha mãe, quando fui embora, senti muitas saudades dela. Sinto falta de alguns amigos também, mas procuro vir ao Brasil sempre.

Sou tímido, uma pessoa que gosta de começar e terminar as coisas, fácil de se adaptar às mudanças, isso me ajudou no casamento. Gosto de descobrir coisas novas, desafios, tenho falhas como todo ser humano.

Gosto de elogiar a minha esposa e gosto de ser grato às pessoas que me ajudaram. Até hoje tenho contato com os antigos pastores, mantenho contato. Gosto de fazer amigos, conhecer pessoas, apesar de ser tímido, e gosto de trabalhar isso em mim.

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