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Lucileia Toledo (Brasília-DF)

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Meu nome é Lucileia Toledo, tenho 43 anos. Minha infância foi uma infância de muita responsabilidade. Eu não fui o tipo da criança que brincou muito. Não fiz, por exemplo, aquilo que meus filhos tiveram a oportunidade: brincar, correr no quintal… Somos 8 irmãos e nós tivemos tempos bem difíceis na infância. Meu pai nos abandonou logo cedo e minha mãe precisou trabalhar para sustentar e cuidar da família. E, glória a Deus, ela conheceu um homem que é esse que eu chamo de pai mesmo. Francisco, o qual digo que é meu pai verdadeiro, pegou uma mulher com 6 filhos, na época, e teve a ousadia de criar esses filhos. Nós aprendemos muito com ele, pois não foi apenas um pai, ele foi um treinador. Eu acredito que boa parte do que eu tenho hoje, até mesmo com relação a ministério, eu peguei dele. Ele era um “nordestino casca grossa”.

Eu nasci em Sobradinho-DF, mas saí de Brasília por volta dos 11 anos de idade e passamos muito tempo morando em Minas Gerais, depois voltamos para o Goias. Meu pai e minha mãe trabalhavam com essas festas ambulantes. Então, nós passamos por muitas cidades, não ficávamos muito em uma só. Voltamos para o Goias, que era onde meus avós moravam, ali meus pais firmaram residência e até hoje minha mãe mora lá. Meu pai/padrasto já faleceu.

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Minha mãe se chama Joelita. Ela é uma mulher poderosa, é um exemplo para mim. É uma guerreira, sem clichês. Antes de conhecer meu padastro, ela fez tudo o que pode por nós. Passamos muitas privações, mas, hoje, está todo mundo bem; ninguém se perdeu ou morreu. E nós somos gratos a ela, porque ela poderia ter seguido a vida dela; ela era uma mulher nova com muitos filhos, mas nunca deixou de fazer o que pudesse fazer para que tivéssemos o melhor dentro das condições dela. Depois que conheceu meu padastro, Chico, ele amparou e cuidou de toda a família. Hoje, todos os meus irmãos moram ainda lá perto da minha mãe, sou a única que mora um pouco mais longe.

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Por volta dos meus 11 anos de idade, eu tive um sonho. É engraçado, porque eu não tinha nenhum ideal, nada formado na minha mente a respeito de ministério, chamado. Na época, minha família não frequentava igreja. Eu me lembro que, não sei se acordada ou dormindo, tive uma visão. Vi os céus abertos e eu estava indo com Jesus. Eu estava entrando no céu com Ele. E, quando estávamos entrando, olhei pra trás e vi muitas pessoas ficando.

Então falei com Jesus: “Senhor, e aquelas pessoas ali, porque elas não vêm também?”

Ele me respondeu: “Elas não sabem que elas podem vir também”.

Então eu disse para ele: “Ah senhor, deixa eu ir lá, eu vou digo a elas que elas podem vir também, e volto com elas”.

E então ele disse: “Vá, e diga a elas que elas também podem vir, e então, eu volto para pegar vocês”.

Isso marcou minha vida. Eu nunca consegui esquecer. Na época eu só fiquei com aquela sensação de que não era um sonho a toa… Quando eu aceitei a Jesus, por volta dos meus 25 anos, eu ainda fiquei meio sem conseguir entender. Mas, a medida que fui conhecendo a Palavra, a consciência do significado desse sonho foi se tornando mais latente para mim.

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Me casei com 17 anos. E tenho 4 filhos. Tenho duas filhas biológicas, Jessica e Juliana, e tenho dois presentes de Deus, Teo e Sara. A Sara tem um colar no qual está escrito “Escolhida”. Eu sempre digo para ela que a Jessica e a Ju eu dou glória a Deus por elas terem sido geradas no meu ventre, mas ela não, a gente olhou para ela e nós a desejamos , ela foi escolhida. E o Teo não é diferente, é um presente de Deus é um menino maravilhoso.

Meu marido, Altamiro, é maravilhoso. Ele cuida de mim sempre, não sei o que faria sem ele. É uma figura única. Ele me ensinou e ensina muito. Por ser mais velho que eu uns bons anos, ele me impulsionou a crescer. Depois que tive as meninas terminei meus estudos. Hoje já fiz faculdade e pós-graduação e tudo por causa do incentivo que ele me dá. Foi ele quem me impulsionou a não desistir, sou muito grata a Deus pela vida dele.

Minha família é um presente de Deus para minha vida. É o meu lugar seguro, é o meu refúgio, é a melodia da minha canção. Penso que as coisas só fazem sentido por causa deles. Ministério e a vida só fazem sentido por causa deles. Tem muitas pessoas que dizem: “Ah, se eu pudesse voltar no tempo eu mudaria isso ou aquilo…” Eu não sei se eu mudaria muitas coisas, porque as coisas que eu fiz, me trouxeram às pessoas que fazem parte da minha vida hoje; e elas são muito preciosas.

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Agora eu sou avó. É um amor bem diferente. Um amor mais descontraído, apesar de não nos isentar da responsabilidade, da educação e do zelo. Mas nos tornamos menos exigente. João Lucas tem 1 ano e 10 meses e também é um presente de Deus para nossa vida. Não sei mais ver a vida sem ele.

João Lucas não é só um presente, mas é um milagre. Minha filha o teve com 6 meses e meio de gestação e, de acordo com os médicos, não era para ele estar vivo, mas graças a Deus pela Palavra. Sou muito grata por ter conhecido a Palavra revelada. Eu sempre digo que essa Palavra salvou a minha vida e a minha família de todas as formas que alguém pode ser salvo.

Temos testemunhos do que essa Palavra tem feito na nossa vida. Hoje, era para eu estar sem um filho, sem um neto e viúva, mas, graças à Palavra o João Lucas não morreu. Ele passou 50 dias na incubadora, teve parada respiratória e teve um momento que ele realmente foi.

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Eu estava em um evento da Alumni, em Sobradinho, uma das cidades no DF. Minha filha estava com ele no hospital. Já tínhamos passado por um turbilhão no parto dela que não foi algo fácil. Os médicos não conseguiam nos dar certeza do que aconteceria com o João por causa do parto prematuro. Mas nós permanecemos firmes na fé.

Estávamos nesse evento e quando acabou minha filha me ligou desesperada: “mãe, o João Lucas morreu, ele morreu, eles não conseguem trazer ele de volta”.

E aí eu disse pra ela: “filha, no reino do espírito não há distância. Eu não preciso estar aí. Em nome de Jesus eu chamo ele de volta. Ele não vai morrer, mas vai cumprir os planos do Senhor nessa Terra. Em nome de Jesus”.

Pelo telefone mesmo eu chamei ele de volta e descansei. Nós terminamos o que tínhamos para fazer no evento, porque quem confia no Senhor descansa. Fomos para o hospital e o João estava muito bem, eles conseguiram trazê-lo de volta, e eu creio que Deus tem coisas grandes para ele.

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Eu não abro mão de permanecer firme na Palavra, eu não abro mão de não me abalar. Acho que chega um tempo de crescimento e maturidade em Deus em que você não tem mais esse luxo de ceder às circunstâncias. Deus espera de nós uma resposta condizente àquilo que temos por dentro.

Quando Lucileia precisa de ajuda, ela corre para o Senhor. Não é clichê. Eu corro para o Senhor. Uma vez, o profeta Herênio falou algo pelo espírito que diz muito sobre mim. Ele disse que eu era como aquele animal que na tempestade se joga nas profundezas do mar. Eu me vejo assim. Nas tempestades eu falo: “Pai, e aí? Eu dependo de você, eu confio em você”. É um exercício que eu faço no meu dia a dia. Eu já amanheço o dia dizendo para o Senhor: “Você é a minha fortaleza, eu não me abalarei”.

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Congrego na Igreja em Taguatinga-DF. Igreja liderada pelo Pastor Joselito e Ana Helena que sem dúvida alguma são meus mentores. Eu sou muito grata pela vida deles. Muito, muito grata mesmo. Fico até emocionada de falar sobre eles. É um privilégio muito grande estar perto deles. Me considero uma pessoa privilegiada. Estar perto da Ana, como a vice dela é realmente um presente.

Esse ano completei 10 anos como vice-diretora do Rhema em Taguatinga-DF. E eu me lembro que, na minha imposição de mãos do segundo ano do Rhema, em 2005; tinha uma irmã perto de mim que nós sentávamos juntas praticamente os dois anos de aula. E, quando o pastor Joselito impôs as mãos sobre ela, ele disse uma coisa; ele disse: ‘Fidelidade’. Na hora que ele disse, eu peguei aquela palavra. Eu creio que ela pegou para ela, mas eu peguei para mim também.

Fidelidade é a palavra da minha vida. Sempre olho para Noé, aquela passagem que diz: “E Noé fez exatamente concernente a tudo aquilo que o Senhor havia ordenado”. Fidelidade se tornou meu e-mail, se tornou meu lema, se tornou tudo em minha vida.

Depois eles vieram impor as mãos sobre mim e não falaram nada. Eles não disseram uma profecia, eles não abriram a boca para nada. Mas eu ouvi o que estava dentro deles. Foi como se eu ouvisse o que estava no espírito deles. E eles diziam: “essa é a próxima diretora do Rhema”. Na época, eu pensei: “Meu Deus, vai demorar uns 10 anos ou mais”. E eu lembro que eu contei para uma pessoa, e eu disse: “Olha, quando isso acontecer eu não quero que fique só comigo”. E guardei aquilo.

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Em 2006, o Senhor começou a tratar comigo sobre deixar o meu emprego e ir servir no Rhema. Eu tinha feito magistério era professora do jardim até o quinto ano. Quando o Senhor começou a tratar comigo ele começou a me falar que queria que eu fosse suporte para a Ana Helena.

Eu nunca me vejo como uma vice-diretora, eu me vejo como suporte para a Ana. Eu deixei meu emprego e fui servir no Rhema. Comecei como monitora, logo, Aninha me chamou para dentro da secretaria. Passado algum tempo, ainda em 2006, ele me chamou para ser a vice-diretora dela.

Na época, o pastor Joselito era vice dela. Ela disse: “Olha, Deus falou comigo e eu tenho orado a respeito da minha vice-diretora. Meu marido é pastor e ele precisa correr a carreira dele. Eu estou orando já faz um tempo e, toda vez que estou orando, é o seu nome que vem”. Então eu respondi para ela que eu já sabia. Naquele ano eu já entrei na formatura como vice-diretora.

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É muito gratificante servir a líderes que não são uma coisa no púlpito e outra na vida pessoal. Eu passo mais parte do meu dia com eles do que propriamente com minha família, por causa da dinâmica do trabalho. Em 10 anos, eu nunca os vi diferentes. Eu nunca vi Ana diferente. Ana nunca nos tratou de maneira diferente. Ela sempre foi o que ela é em todo o tempo. Com aquele sorriso e aquele abraço, sempre acreditando nas pessoas. 

Pastor Joselito é firme o tempo inteiro. Ele e Ana. São exemplos de pessoas, exemplo de líderes, exemplo em tudo. Eu amo a vida deles com muita gratidão.

Penso que eles foram realmente guiados pelo Espírito., porque eu não tinha a menor condição de ser a vice dela. Eu não sabia ligar um computador, não sabia falar com as pessoas. Hoje, a estrutura que eu busquei ter, veio das experiências lá de trás. Eu via o que tinha para fazer no Rhema, e aquele tanto de aluno e eu chorava: “eu não consigo, você chamou a pessoa errada Deus. Você não está vendo que você chamou a pessoa errada?”

Certa vez, eu estava na minha sala, orando e chorando e dizendo para o Senhor o quanto eu era inútil para aquele momento e eu lembro que ouvi o Senhor falar: “Levanta daí agora, nunca mais chore dizendo que você não pode”. Eu nunca mais chorei por isso. Sempre que vem os desafios eu digo: “Pai, você está comigo”. E tenho a certeza de saber que foi Ele quem me chamou, não fui eu quem inventou estar no Rhema.

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Me imagino como aqueles cachorrinhos que não largam o osso. Se você me disser que precisa que eu faça algo, se você me der algo que precisa que eu faça, vai dar o que der, vai vir o que vier e eu não vou parar até ter sido feito. Sou determinada. E essa determinação vem com a maturidade. Conforme você vai crescendo no Senhor. Porque eu não era assim. Eu começava as coisas e não terminava.

Se eu achava que eu não conseguiria, não entrava. Mas, agora, eu encaro coisas que nunca imaginei. E eu falo: “Se o Senhor está comigo, eu vou e eu vou até o fim”. Se o Senhor não disser: “Filha, acabou, agora faça isso”; ele vai me achar como Noé, após 100 anos eu estarei lá, fazendo aquilo que ele me mandou fazer.

Vejo que as pessoas mudam, que elas perdem um pouco daquilo que Deus colocou no coração, ou da pegada junto com a liderança. Elas mudam, começam certo e terminam errado. Mas eu não me vejo e nem quero ser esse tipo de pessoa. Eu vou até o fim. Na mesma pegada. E, se for para mudar, vai ser para uma excelência maior. Eu vou até o fim, dê no que der, haja o que houver.

Eu não me deixo afetar. Se todos mudarem, eu não vou mudar. Ao menos que o Senhor diga: “Filha agora é para mudar”. Não que eu não tenha minhas falhas, ainda tenho muito para crescer. Mas, se todos mudarem a minha volta, eu vou lamentar porque mudaram; vou olhar e vou tentar trazer de volta alguns; aquele que escuta, aquele que está disposto. Mas eu vou continuar, a despeito deles continuarem. Eles não vão me afetar.

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O que eu sei que não posso deixar de fazer até Jesus voltar é aquilo que Ele me mostrou no sonho. É engraçado que, eu recebi a Jesus, fui entendendo aquele sonho; passaram-se alguns anos, eu já tinha feito o Rhema e estava ainda no antigo trabalho. O Senhor ainda estava tratando comigo sobre sair do meu emprego e eu tive o mesmo sonho. Na verdade, a continuação daquele sonho.

Eu estava no meu trabalho e o Senhor chegava, e eu ia atendê-lo no meu trabalho.

E eu falava: “Senhor, você voltou!” e ele falava: “sim, eu vim buscar as pessoas que você disse que ia chamar, eu vim buscar você e eles também”.

E eu dizia ao Senhor: “Senhor, me perdoa. Eu estive tão ocupada ultimamente e não consegui ir atrás das pessoas, mas espere mais um pouco, espere mais um pouco que vou agora atrás delas, sei onde elas estão”.

Aquilo foi um sacode para mim. Percebi que eu estava me perdendo do propósito para o qual eu fui chamada. Eu larguei emprego, larguei tudo. Acho que, hoje, é isso que eu estou fazendo. Eu estou cuidando das pessoas, dessas pessoas preciosas. Enquanto eu cuido de cada aluno, enquanto zelamos pelas vidas deles. Cuidamos de cada membro da igreja; vejo que é isso que estou fazendo.

Estou arrebanhando, ajuntando essas pessoas que o Senhor me confiou. O senhor nos confiou vidas e somos nós que vamos alcançá-las. É claro que ele pode chamar outras pessoas, Seus propósitos não vão se perder. Mas não por mim, eu vou fazer aquilo que ele me chamou. Eu não vou me perder. Vou até o fim. Nossa vida é para isso.

2 Comentários

  • O sinônimo de Lucileia é sem dúvida: fidelidade, honro sua vida e tenho aprendido tanto com ela, considero tudo o que ela fala e recebo sua dicas pata a minha carreira ministerial, sua vida me inspira, seus textos doutrinários leio todos, e tenho a honra de você me acompanhar me apoiando em um projeto, isso é muito importante para mim, seu jeito compreensível e doce nos aproxima, mas não por isso abri mão da firmeza.
    Realmente é impossível te ver e não lembrar de fidelidade.

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