Verbo FM

Zuleica Messias (Aracaju-SE)

1

Acredito que para vivermos bem e de forma equilibrada, algo imprescindível é ter uma família. Ela é um eixo para nós. Trabalho muito com famílias, mas também com indivíduos. Por vezes, eu me deparo com pessoas com tantos problemas dentro delas, com coisas mal resolvidas. Pessoas que não sabem encarar a vida de maneira correta. Conhecemos as pessoas e vamos cavando e cavando até que percebemos que o problema está na família. A origem do desequilíbrio está lá. Alguma coisa não ficou bem “no eixo”. Claro que também vejo pessoas equilibradas, que vivem bem e, quando você olha para a família delas, nesse eixo, as coisas estão bem.

Família é mais importante que profissão e ministério. Quando falo em família, não falo apenas de marido e mulher, mas de pai e mãe, como núcleo mesmo. Uma criança quando nasce é semelhante a uma folha em branco. Ninguém nasce traumatizado, revoltado ou complexado. Dependendo do eixo que você tem, será um adulto com a cabeça boa ou será uma pessoa não tão legal. Há pessoas que não tiveram um eixo de família bom, mas possuem uma capacidade para se reestruturar tão grande que conseguem transformar a sua realidade. Mas, outras pessoas não conseguem, infelizmente. 

2

Sou casada com o Heli há 30 anos. Deus me deu o privilegio de ter casado com um homem que considero raro. Existem homens bons, a minha realidade de reino de Deus e de igreja, me permitem conviver com pessoas boas e crentes. Conheço maridos bons, mas, especialmente no meu marido, vejo coisas que me encantam. Depois de 30 anos, ele consegue me surpreender como marido. Deu um show como pai. O Lucas cresceu (está morando fora), mas o Heli continua sendo um bom pai, existe um vínculo e isso não vai mudar. Hoje, nosso cuidado com o Lucas é mantê-lo debaixo de oração. Tem coisas que existem no caráter do meu filho que foi o pai quem transmitiu. O relacionamento que Heli tem com Deus transborda para o nosso relacionamento.

Ele é um homem sensível e romântico. Já se passaram 30 anos, mas continuo apaixonada por ele. Quando namorávamos, eu já era apaixonada por ele e dizia sempre: “Eu te amo” e ele não dizia nada. Um dia perguntei: “Você me ama?”. Ele respondeu – “Não. Eu gosto muito de estar com você”. Fiquei arrasada. Mas, ele continuou: “Eu sei que foi Deus que me deu você, iremos nos casar e sei que meu sentimento vai crescer, e pode ter certeza de que quando for amor, você vai ouvir isso todos os dias”. Ele fez essa promessa quando namorávamos, é claro que quando noivamos já era amor que ele sentia (risos). E, desde então, não tem um dia que eu não ouça ele me dizer: “Eu te amo”. Heli é protetor e cuidadoso, mas que me deixa voar. Eu preciso viajar bastante por causa do ministério e ele me apóia muito no meu chamado. Como não amar um homem como esse?

3

Sou mãe de um único filho, o Lucas. Há dois anos ele mora nos Estados Unidos. Acredito que existe uma graça para estar longe dele. Por ser uma filha de Deus, tenho ingredientes que uma mãe natural não tem, mas muito mais do que isso, tenho o Espírito Santo morando dentro de mim. Desde criança, Deus falava com ele sobre os Estados Unidos, sabíamos que um dia isso aconteceria. Apesar dele ser filho único, nunca o criamos em uma redoma. Nunca o protegemos demais, mas o criamos para o que Deus queria. Quando chegou a hora dele ir, não foi fácil, mas existe um consolo de Deus dentro de nós. Ele mesmo nos ensina a lidar com a saudade.

Dou graças a Deus pelo tempo que vivemos hoje, por tanta tecnologia. Graças a Deus que essa situação não foi há 15 anos, quando tínhamos que esperar uma carta chegar por dias. Temos ferramentas que viabilizam a comunicação numa velocidade incrível. Uso o Facetime e o Whatsapp, não é caro se falar por esses dispositivos e utilizamos bem esses meios. Nos falamos frequentemente, nos “vemos”, rimos juntos, às vezes, coloco o celular na cozinha e conversamos enquanto trabalho. Alguns momentos em casa… situações acontecem e lembramos dele, aí vêm aqueles picos de saudades e dói um pouquinho mais. Porém, depois passa e a gente segue. O meu ritmo de vida me ajuda.

4

Acredito que, a despeito de qualquer época, uma mulher precisa descobrir que ela pode ser plena, mesmo sem um homem. Para ser feliz, ela tem que ser bem resolvida. Não pode apostar a sua felicidade em um relacionamento. Se você me perguntar: “Zuleica você é uma mulher feliz?”. Eu sou! E posso lhe dizer que, apesar de viver muito bem com o meu marido, amá-lo e ser amada por ele, eu sei que a minha plenitude não está nisso. Eu sou plena porque eu tenho um relacionamento com Deus. Porque Jesus habita em mim. Descobri que, porque tenho o Senhor em minha vida, Ele me completa, então, eu não cobro do Heli coisas que eu sei que ele não pode me dar. Eu estou bem se estiver cercada de pessoas ou se estiver sozinha. Não existe aquele sentimento de solidão. Não tenho medo, insegurança, não sou uma mulher que só sabe fazer alguma coisa se estiver com alguém. Não. Eu tenho uma identidade, sou plena em Deus.

5

Durante muito tempo, eu achava que o Heli era a minha metade. Porque recebi ensinamentos de que precisava encontrar a minha “outra metade” da laranja. Mas, quando a maturidade chega, descobrimos na realidade que não podemos ser metade procurando a outra metade, devemos ser inteiros, procurando outro inteiro. Porque quando nos encontramos com alguém que não é inteiro, vamos ter problemas.  A mulher plena encara melhor as coisas, não cobra coisas de pessoas que não podem dar a ela, a felicidade e o bem estar dela não vai estar dependendo de pessoas.

Estamos em 2016, com tanta tecnologia, tantas coisas mudaram, mas a maioria das mulheres continuam depositando a expectativa da sua felicidade em um casamento e muitas jovens estão frustradas, adiantam as coisas ou se perdem se precipitando, porque pensam: “Só vou ser feliz quando casar”. Mas, isso passa pelo encontro com Jesus. Isso é imprescindível. Ela precisa ter caráter e integridade essenciais para qualquer ser humano.

6

Tenho uma vida bem corrida, mas quando tenho um tempo livre, gosto de ir ao cinema com o Heli e, em casa, gosto de fazer artesanato. Quem lida com isso vai entender o que estou falando. A gente é muito sazonal. Eu já tive o tempo do biscuit, do bordado com fita e saía bordando tudo que via, mas a gente enjoa. Sempre mudamos até sentir saudades de novo. Já tive o tempo do Macramê, Patchwork, agora estou na fase do Patch Aplique. Nada para vender, tudo para dar e usar em casa, é um prazer construir algo com as mãos.

Tenho muitos sonhos. Um deles é conhecer a Europa, mas é o Norte da Europa que me chama atenção. Não sei por quê. Quando vejo um filme e observo esses países, alguma coisa salta dentro de mim.

Outro sonho é ser uma mulher rica para poder ser como uma grande árvore que faz sombra para muita gente. Meu alvo é abençoar, ser uma grande investidora no reino.

7

Todos nós temos as nossas dificuldades e dias difíceis. Particularmente, quando preciso de ajuda, eu corro para os braços do Pai e isso já traz alivio. Mas não somos uma ilha, nós nos relacionamos e, graças a Deus, existem pessoas que me ajudam quando preciso. A primeira pessoa que desabafo é o meu marido, porque ele é o meu melhor amigo, depois de Jesus. Edma, esposa do Pastor Darren, é outra pessoa que procuro, ela não é só minha líder, é minha amiga. Eu me sinto a vontade para conversar com ela e perguntá-la o que devo fazer em algumas situações que vivo.

8

Uma coisa que chega para gente com o passar do tempo é a maturidade. Nesse ano completarei 50 anos. Já vivi um tempo no qual eu me frustrava quando tentava ajudar alguém e via essa pessoa agindo totalmente o oposto do que eu tinha aconselhado-a a fazer. Daí, eu a via se arrebentado, quebrando a cara e eu sofria, porque absorvia aquela situação, abraçava o problema daquela pessoa como se fosse meu. Comecei a adoecer por causa disso. Mas, o Heli me ajudou. Ele disse que eu não podia mudar as pessoas. Hoje, sei que vou ajudar pessoas, aconselhar, mas não posso absorver o problema delas e nem posso decidir por elas. Não posso trazer para mim a pressão que está naquela pessoa. Nesse tempo, lembro-me de que a minha pele estourava, o cabelo caía, tinha alterações do próprio ciclo, isso estava mexendo com o meu emocional e com o meu físico. Eu me identificava tanto com o sofrimento da pessoa que eu passava a sofrer também. O pior era ver a pessoa fazendo tudo errado. Vinha ao meu coração aquela sensação de tempo perdido, por ter dedicado conselhos e tempo mesmo… Mas, com a maturidade aprendi a lidar com isso. Porque “gente é gente” e temos que compreender isso.

9

Eu tive um sonho que não pude realizar, não sei se tenho isso como uma frustração. Desde pequena eu queria ter sido médica. Era o meu sonho. Quem me perguntasse, eu diria isso. Eu me saia bem nos estudos, mesmo já trabalhando nesse tempo. Eu vim de um lar pobre e o meu pai não tinha condições de pagar a escola particular, mas estudei no tempo que escola pública era o melhor que tinha. Terminei o segundo grau muito jovem, com 16 anos, mas não consegui entrar na faculdade, porque esbarrei na realidade que de que para estudar tinha que pagar. Não morava em um lugar que tinha universidade pública. Abortei esse sonho. Mas, isso não chega doer em mim. Hoje, lembro desse sonho quando vejo os jovens concluindo esse curso. Mas, pelo rumo que a minha vida tomou, vejo que não daria para fazer as duas coisas, porque medicina é sacerdócio. Estou seguindo o plano de Deus, cuidando de pessoas de outra forma. Não posso cuidar da carne, mas cuido da alma e do espírito. 

Eu sou uma mulher de um metro e meio, com salto e tudo (risos). Vivo de bem com a vida. Desfruto de paz, sou equilibrada, dou graças a Deus por isso, por nunca ter caído em nenhum extremo. Aprendi muito cedo a ter misericórdia das pessoas, porque com a mesma medida que eu medir, eu serei medida. Aprendi bem cedo que a nossa vida diária é uma semeadura, tenho uma vida pautada pelos princípios da Palavra de Deus. Vivo bem, mas não vou dizer que todos os meus dias são cor de rosa, pois tenho as minhas dificuldades e os meus sonhos, mas vivo alegre, deito a cabeça no travesseiro e durmo, sou satisfeita com as coisas que tenho, não vivo de olho no que o outro tem e eu ainda não tenho. Não sou medíocre, sou uma mulher satisfeita e isso me faz viver em paz. Acordo cada dia com esse sentimento: “Oba, mais um dia!”. Vivo na expectativa de milagres. Vivo bem emocionalmente, tudo isso contribui para eu viver de bem com a vida. Se eu pudesse resumir Zuleica em uma frase, seria: “Uma mulher de bem com a vida”.

 

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Destaques da semana​