Verbo FM

Julgamento Precipitado

Por: Marcos Honório Jr. 

I Coríntios 4.5 – “Assim, nada julgueis antes da hora devida; aguardai até que venha o Senhor, o qual não somente trará à luz o que está em oculto nas trevas, mas igualmente manifestará as intenções dos corações. Então, nesse momento, cada pessoa receberá de Deus a sua recompensa”.

Lucas 6.36-37“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós”.

Servindo a Deus na Coordenação Doutrinária do Ministério Verbo da Vida, sou constantemente alvejado com perguntas doutrinárias. O que eu adoro, gosto muito de colocar o dom que a graça de Deus me concedeu a serviço do corpo de Cristo. Um tipo de pergunta recorrente, é a do tipo: “se alguém está fazendo isso e aquilo, vai ser salvo?”.

Repare que nosso foco aqui, é se podemos julgar se uma pessoa é, ou não, salva, baseada em comportamentos que podemos ver. É óbvio que podemos, e devemos, ter senso crítico, e, em certo sentido, julgar de acordo com as escrituras o que é certo e errado (I Coríntios 6.1-5).

Mas voltando ao ponto, esse questionamento surge, penso eu, por dois principais motivos, o primeiro é não termos ainda entendido plenamente que a salvação não está associada a obras, mas a fé, e que ela não é conquistada e merecida, mas concedida gratuitamente.

O segundo é um senso de justiça mais humano do que divino, que, baseado em critérios humanos, entende que determinada pessoa não deveria ser salva, mas condenada.

Em hipótese alguma, acredito que o crente, nascido de novo em Cristo pode viver de qualquer forma. Não, isso não está correto e a Bíblia é muito vasta ao afirmar que existem ações e obras que, apesar de não salvarem, devem ser vividas pelos salvos. O apóstolo Paulo afirma que fomos criados em Cristo (o que acontece de graça) para as boas obras (Efésios 2.10).

Contudo, ainda assim, existem alguns aspectos que devemos levar em conta. A vida cristã é chamada de vida porque ela é um processo, não nos tornamos espirituais e, totalmente, conhecedores da Palavra de Deus, a ponto de praticá-la largamente, no dia seguinte à nossa salvação. A Bíblia chama a conversão de Novo Nascimento, justamente porque, como crianças, devemos desenvolver essa salvação e, gradualmente, nos despojarmos do velho homem e nos vestirmos do novo.

Recentemente, meditando em I Coríntios me deparei com este versículo acima e algo veio ao meu coração: ainda não temos todas as informações. Não sabemos o que está acontecendo do lado de dentro.

I Coríntios 4.5“Assim, nada julgueis antes da hora devida; aguardai até que venha o Senhor, o qual não somente trará à luz o que está em oculto nas trevas, mas igualmente manifestará as intenções dos corações. Então, nesse momento, cada pessoa receberá de Deus a sua recompensa”.

É um versículo que fala sobre julgamento, mas ele fala sobre quando se dará esse julgamento, diz que não é agora e nos diz alguns pontos que serão levados em conta neste julgamento que, simplesmente, não temos a menor forma de conhecê-los hoje, vamos analisar frase por frase o que ele diz:

  • Nada julgueis antes da hora devida – A Bíblia dá a entender que a igreja terá papel de julgadora em alguns momentos, juntamente com Cristo. É dito em Apocalipse 20.4 que, na vinda do Senhor, aparecerão tronos e neles se assentarão aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. Jesus chegou até mesmo a dizer que, pelo menos os doze apóstolos do cordeiro, julgarão as doze tribos de Israel (Mt 19.28). Existe sim uma expectativa de julgarmos, mas isso não pode ser feito antes da hora, haverá o dia pra isso, mas não deve ser antecipado.
  • Aguardai até que venha o Senhor Essa posição de juízes só acontecerá após a vinda do Senhor Jesus, pois, nesse momento, haverá uma realidade que ainda, nos dias de hoje, não acontece.
  • P qual não somente trará à luz – Este é o ponto, Jesus trará à luz coisas que hoje nos são encobertas.
  • Que está em oculto nas trevas – Não tenho dúvidas que determinadas práticas revelam muito das trevas que podem existir em algumas pessoas. Ainda assim, existe muito comportamento que pode ser disfarçado atrás de uma boa “capa evangélica”. Paulo diz que existem coisas que facilmente se revelam, mas existem outras que só serão reveladas lá na frente (I Tm 5.24-25). Esse fato só nos mostra que o juízo baseado na informação que temos, que só se baseia no que podemos ver, é temerário. Ninguém acredita que um juiz deveria julgar e, pior, condenar alguém, sem ter conhecimento e clareza de todos os fatos.
  • Mas igualmente manifestará as intenções dos corações – Considero essa frase muito importante dentro deste contexto. É preciso saber que obras iguais, com intenções diferentes, têm valor diferente para Deus. Uma atitude deliberada é diferente de alguém que age na ignorância, a reincidência é diferente da primeira vez. Até a justiça humana reconhece a diferença entre culpa e dolo. Deus, que é mais justo e mais perfeito do que os juízes humanos, também considera essas diferenças no momento de impetrar os seus juízos.

Acredito, de todo o coração, que não devemos ficar indiferentes ao vermos algum irmão agir de alguma forma contrária ao comportamento sadio, expresso na Palavra de Deus, para o cristão. Penso que o crente deve exortar, admoestar, chamar a atenção mesmo, e, caso seja pastor da pessoa, deve levá-la para a disciplina, corrigi-la com espírito de brandura, mas ainda assim com firmeza, foi sobre isso que referimos no segundo parágrafo.

Mas não devemos ser tão rápidos em dizer se a pessoa é salva, ou se perdeu a sua salvação baseados apenas no que podemos ver.

Aquele ato pode ser sim um ato deliberado de quem abandonou sua fé, mas pode ser apenas meninice e ignorância de alguém que ainda não se robusteceu espiritualmente a ponto de se libertar de certos hábitos.

Não temos como saber o que vai por dentro, nem o nível de auto-condenação que se abate, ou não, sobre ela, ao cometer tal ato. Não sabemos o quanto de Palavra a pessoa já possui para ter forças para resistir e, por essa razão, não podemos julgar precipitadamente.

Esse não é nosso papel nesse momento, especialmente se não estivermos na posição de autoridade sobre a pessoa e, dessa forma, com a capacidade de discipliná-la para a restauração.

Nesse contexto, o outro trecho destacado deve nos alertar para o perigo de nos permitirmos julgar e expressar opiniões condenatórias sobre as pessoas que nos cercam.

Lucas 6.36-37“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós”.

É interessante ver que o texto que normalmente usamos para nos referir às bençãos de ofertar, em seu contexto original está falando sobre não julgar os outros, pois isso seria uma semente que atrairia o mesmo julgamento e condenação sobre nossas vidas.

Devemos sempre nos lembrar que estamos aqui para levar a salvação, amar, ajudar e, às vezes, corrigir e disciplinar os irmãos a servir ao Senhor.

Seja abençoado

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