Verbo FM

Estamos Fazendo a Pergunta Certa?

por Tony Cooke

Correndo o risco de soar excessivamente crítico, gostaria de abordar a respeito de algo que tenho observado. Com que frequência ouvimos pessoas argumentarem a respeito de seus propósitos e pedirem a Deus para realizar seus desejos? Elas perguntam: “Qual é o meu propósito?”. Sem dúvidas, tais questionamentos podem vir de corações sinceros e puros. É popular ouvirmos pessoas falando sobre:

  • Meu propósito
  • Meu chamado
  • Minha paixão
  • Meu destino

De certa forma, não está errado se houver o entendimento de que tais elementos – nosso propósito, nosso destino e nosso chamado — devem, fundamentalmente, estar sob o domínio e senhorio de Jesus Cristo. Todos esses elementos possuem origem nEle. O problema se dá quando decidimos olhar para as coisas de Deus, por meio de um filtro narcisista, havendo o pensamento errôneo de que os planos e propósitos dEle giram em torno de nós, ao invés de percebermos que são nossas vidas que giram em torno dEle. Destarte, a ideia de que Deus realiza nossos destinos deve estar submetida à ideia de que existimos para Sua glória e honra.

A forma como lemos a Bíblia, processamos as informações e oramos deve ser centrada nEle, não em torno de nós mesmos. É bem verdade (e graças a Deus por isso) que somos maravilhosamente privilegiados por sermos objetos do Seu amor e destinatários de Suas bênçãos; no entanto, Deus deseja ser o ponto focal, o centro, da nossa devoção, afeição e adoração. Considere as seguintes Escrituras que revelam a perspectiva centrada em Deus, que devemos abraçar:

“Pois todas as coisas foram criadas por Ele, e tudo existe por meio dEle e para Ele. Glória a Deus para sempre! Amém!”.  (Romanos 11.36 (NTLH))

“Pois todas as coisas se originam nEle e por Ele; todas as coisas vivem por meio dEle, e todas as coisas se centram e tendem a ser consumadas e a ter fim nEle”. (Romanos 11:36 (Amplificada)


“Pois, por meio dEle, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos e as autoridades. Por meio dEle e para Ele, Deus criou todo o universo. Antes de tudo, Ele já existia, e, por estarem unidas com Ele, todas as coisas são conservadas em ordem e harmonia. Ele é a cabeça do corpo, que é a Igreja, e é Ele quem dá vida ao corpo. Ele é o primeiro filho, que foi ressuscitado para que somente Ele tivesse o primeiro lugar em tudo”.
(Colossenses 1.16-18 (NTLH))

Estamos acostumados a pensar que pastores, evangelistas, missionários e demais ministros possuem seus próprios ministérios. Afinal, a abundância de instituições legais acaba reforçando essa ideia. No entanto, devemos ser cuidadosos para não confundir a existência de uma identificação legal perante o governo com nossa orientação espiritual em Cristo. Jesus não olha para mim como se eu tivesse meu próprio ministério — Ele me vê como um participante do Seu ministério. Eu não sou um agente independente. Sou Seu representante na Terra e, de forma direta, presto contas a Ele.

Sou um mordomo, não o dono. Se eu possuísse um ministério próprio, eu poderia fazer o que desejasse; porém, se me foi confiada a sagrada missão de executar Seu trabalho em Seu lugar, eu respondo a Ele em todos os sentidos.

Considere a terminologia usada quando o grupo de apóstolo estava selecionando um substituto para o lugar ocupado por Judas. Pedro disse sobre ele: “Ele foi contado como um dos nossos e teve parte neste ministério” (Atos 1.17, King James Atualizada). Outra tradução apresenta o seguinte: Ele foi contado entre nós e recebeu [por concessão divina] sua parte no ministério” (Amplificada). Judas nunca possuiu o seu próprio ministério; foi dado a ele uma parte do ministério de Jesus Cristo. O mesmo pode ser dito a respeito de Pedro, Tiago e João e, o mesmo pode ser dito sobre nós — recebemos uma parte e uma porção do ministério de Jesus.

“Se uma pessoa se
orgulha de ter ‘seu
próprio ministério’,
como se isso a pertencesse, ela não entendeu sua missão”.

Na verdade, é uma honra muito maior fazer parte do ministério de Jesus. Entretanto, isso nunca deve criar um sentimento de orgulho dentro de nós, mas sim um temor santo e reverência. Isso deve nos submeter a um senso sagrado de responsabilidade.

Considere algumas outras declarações neotestamentárias, como forma de nos ajudar a entender tal perspectiva de ministério:

“Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, lhes confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam”.
(Marcos 16.20 (King James Atualizada)

“Pois somos cooperadores de Deus”.
(I Coríntios 3.9 (Holman Christian Standard))

“Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus”.
(II Coríntios 5.20 (NVI))

“E nós, como cooperadores de Deus, vos exortamos a não acolher a graça de Deus de forma inútil”.
(II Coríntios 6.1 (King James Atualizada))

O que se torna claro com base nesses versículos é que Deus não ungiu Paulo e os demais apóstolos para seguir as suas próprias vontades. Deus ungiu Paulo, para que ele realizasse os propósitos dEle.

Os apóstolos do cordeiro e Paulo reconheciam que o Senhor estava trabalhando com eles e por meio deles. Eles não possuíam seus próprios ministérios (no sentido de serem donos de ministérios próprios). Em vez disso, eles estavam autorizados a ser parceiros e participantes do ministério de Deus, de Seus propósitos e de Seus desejos. O mesmo se faz verdadeiro para nós hoje, quer tenhamos sido chamados para pregar ou não. Em I Coríntios 1.9 (NTLH) está escrito que Deus “chamou vocês para que vivam em união com o Seu Filho Jesus Cristo, o nosso Senhor”.

A expressão em Latim Missio Dei pode ser traduzida para “a missão de Deus”. Nela, o conceito é que Deus está em uma missão para alcançar e expressar o Seu amor à humanidade, cumprindo Sua vontade em redimir a humanidade perdida. Quando eu percebo o chamado, sobre a minha vida, de servir a Deus, ele não está centrado ou focado em mim. Em vez disso, é um convite para que eu me junte a Ele em Sua missão, em algo que Ele já vinha realizando antes que eu entrasse em cena e, que Ele continuará realizando depois que eu me for. Tal entendimento me possibilita focar mais nEle e não ter um senso inflamado da minha própria importância. Sim, eu tenho um papel a cumprir, mas Seu plano eterno não gira ao meu redor. Tim Dearborn disse: “É insuficiente proclamar que a Igreja de Deus possui uma missão na Terra. Em vez disso, a missão de Deus tem uma Igreja na Terra”.

Missio Dei também requer que eu reconheça que muitos, muitos outros foram convidados para essa parceria com Deus, uma vez que Ele expressa e cumpre Seus planos e propósitos na Terra por meio deles também. Não é somente eu e algumas outras pessoas que estão associadas a esse propósito. Donald Gee escreveu a respeito dos cinco dons ministeriais (Ef 4.11), falando:

“Tais dons surgem da mão do glorificado e exaltado Cristo, na mão direita do Pai no céu. Eles são Sua própria provisão, para o suprimento contínuo de Seu ministério por Sua Igreja, até que tenha chegado a designada consumação”.

Geração após geração, nação após nação, a missão de Deus vem sendo cumprida por meio de pessoas privilegiadas por participar dos planos de Deus.

É importante notar algo aqui – todo crente tem o privilégio de participar da Missio Dei, não apenas aqueles que pregam. Todos nós podemos ser parceiros de Deus, sendo exemplos santos, boas testemunhas, servos fiéis e contribuintes generosos. Por meio de uma variedade de papéis, como pais, cônjuges, vizinhos, amigos, empregados, empregadores, etc., todos nós podemos representar a natureza de Deus e Seu caráter na Terra. Em meio a tudo isso, é importante que não pensemos que é sobre nós, pois não é. É sobre Ele! Considere a perspectiva de Paulo revelada nessas duas passagens:

“Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus”.
(II Coríntios 3.5 (King James Atualizada))

“Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós mesmos como vossos servos por causa de Jesus”.
(II Coríntios 4.5 (King James Atualizada))

Jesus é realmente o Alpha e o Ômega e, na realidade, Ele está em tudo. É muito bom as pessoas possuírem alvos, sonhos e aspirações. Em muitas situações, eu tenho certeza que o que está dentro do coração de um crente foi plantado por Deus, mas é sempre bom relembrarmos que pertencemos a Ele, que fomos criados para a Sua honra e Sua glória, e que existimos para o Seu prazer.

Não é necessariamente errado perguntar “Qual é o meu propósito?”. No entanto, proponho que é ainda melhor perguntar: “Deus, qual é o Seu propósito e qual é o meu papel a ser desempenhado para que Seus sonhos sejam cumpridos?”.

Fonte: Site oficial do Rev. Tony Cooke.

Traduzido por Gabriella Kashiwakura

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