Estamos pedindo certo?

Thayanna Cunha

Professora do Rhema

“E Salomão ofereceu ali sacrifícios perante o SENHOR, sobre o altar de cobre que estava na tenda da congregação; e ofereceu sobre ele mil holocaustos. Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão, e disse-lhe: Pede o que queres que eu te dê.  E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande benignidade com meu pai Davi, e a mim me fizeste rei em seu lugar. Agora, pois, ó SENHOR Deus, confirme-se a tua palavra, dada a meu pai Davi; porque tu me fizeste reinar sobre um povo numeroso como o pó da terra. Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia julgar a este tão grande povo? Então Deus disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, bens, ou honra, nem a morte dos que te odeiam, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te constituí rei, Sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, bens e honra, quais não teve nenhum rei antes de ti, e nem depois de ti haverá“.  (II Crônicas 1:6-12) 

Esse texto é um clássico, quase sempre citado em pregações e sermões quando se trata da vida de Salomão. E esse mesmo texto tem me inquietado a respeito do nível de nossas orações de petições à Deus.

Umas das coisas que me chama mais atenção nessa passagem é a oferta de Salomão de mais de mil holocaustos como adoração a Deus pelo seu reinado que se iniciara, e como Deus aparece a Salomão e lhe pergunta: “O que queres que eu te dê?” O que parece uma pergunta fácil, não é.

Salomão poderia inclusive ter pedido bens, riquezas e honra e assim lhe seria concedido, mas Deus não estava apenas atento ao pedido do Rei, estava atento também ao seu coração. Salomão não surpreendeu Deus quando escolheu sabedoria e conhecimento, vemos neste texto um reconhecimento do alinhamento do coração dele. E assim, Deus faz questão de dizer: “porque você não pediu bens nem riqueza, mas pediu sabedoria, eu te darei o que pedistes e mais!”.

Comecei a pensar sobre os tipos de orações que temos feito a Deus. Geralmente nossas orações de petição envolvem um bom emprego, um carro pra poder nos locomover, uma casa própria para sairmos do aluguel, um aumento de salário pra colocar as dívidas em dia, ou ter um padrão de vida melhor. No geral, oramos para que Deus nos dê mais comodidade, mais qualidade de vida e não há nada errado nessas orações.

Porém o que Deus espera de nós não são esses tipos de orações, Jesus mesmo falou:

“Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;  mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas“.  (Mateus 6:31-33)

O que Deus espera de nós é o que Ele achou em Salomão. Alguém que queria sabedoria e conhecimento pra cuidar bem do seu povo. O que Deus espera de nós é que estejamos tão ocupados buscando o reino que Ele mesmo que sabe todas as coisas vai nos acrescentar o que nós necessitamos.

O que Deus fez com Salomão é a mesma coisa que fará com aqueles que buscam fazer a vontade dele. Acrescentará as demais coisas. Não estou aqui tentando provar que você está errado quando está orando por sua casa ou seu carro. Estou aqui para convencer que tem outras coisas que Deus está interessado em nos dar, que ultrapassa os bens materiais, e uma boa vida na Terra.

Nosso interesse deve estar mais em sermos maduros espiritualmente do que obter bênçãos materiais. Porque geralmente quando pessoas recebem bens e riquezas materiais e não tem maturidade espiritual elas vão se desviar do reino, se tornarão carnais e se distanciando da fonte criadora.

Em quantas das nossas orações temos pedido a Deus pra nos ajudar a ter paciência para com os nossos irmãos? Sabedoria para compreender a Sua Palavra? Sabedoria para responder aqueles que procuram ajuda? Paz para viver os nossos dias em família? Entendimento do pleno propósito dele? Quanto dedicamos pra pedir graça para dar continuidade aos nossos trabalhos na igreja? Ajuda para nos manter firmes no dia mal? Compaixão aos necessitados? Temos orado pra que possamos ver com os olhos de Deus? Ouvir com os ouvidos dele? Temos pedido oportunidades ao Senhor de manifestar o seu poder?

Às vezes olho para nós como igreja e o que me parece é que estamos nos distanciando da realidade dos céus, do Reino, do evangelho… Com nossos pedidos que nos agregam materialmente, mas que não mudam nosso caráter, como se ter um carro, uma casa, um bom emprego, uma vida financeira estabilizada, fosse nos fazer melhores cristãos. E isso não é verdade! Nunca bens materiais vão agregar na construção do nosso ser.

Salomão pediu aquilo que nenhum bem e nenhuma riqueza poderia pagar, o pedido dele foi embasado em valores eternos, assim como o Deus eterno é, e ele foi galardoado por isso.

Eu te desafio a rever as suas petições, assim como eu também tenho feito. Não podemos ser tão afetados por esse mundo temporal que vivemos, ao ponto de nos esquecer que somos de um reino atemporal, que somos muito maiores que as pressões que possamos passar aqui, e que vale muito mais termos sabedoria e conhecimento do que termos castelos e fortalezas que ficarão aqui naquele grande dia.