Verbo FM

Filho do amor ou evangélico?

por Janielle Medeiros
(Graduada da Escola de Ministros Rhema Itinerante em Recife-PE)

“Esse profundo amor que tiverem uns pelos outros provará ao mundo que vocês são meus discípulos” (João 13.35 – Bíblia Viva)

 

“Esse profundo amor que tiverem uns pelos outros provará ao mundo que vocês são meus discípulos”. João 13.35 Bíblia Viva

No meio cristão, está cada vez mais em desuso a prática do amor e dos seus derivados, os frutos do Espírito. É fato! Isso não é notório apenas na vivência do dia a dia ou entre os horários dos cultos, mas também no mundo virtual das redes sociais, afinal, “o dedo tecla, o que está cheio o coração.”

É comum vermos cristãos desumanizados, hipócritas, julgadores e que imputam a Deus a responsabilidade por sofrimentos de pessoas que abraçam ideologias opostas as suas, no âmbito político, sexual ou moral e que ferem seus “princípios”. Essas pessoas consideram-se superiores aos diferentes, detentores da verdade, arrogantes e sem qualquer expressão de compaixão ao próximo.

São cheios de justiça própria e assim, anulam a graça de Deus por não saber recebê-la humildemente. Caminham escondendo de si a imaturidade de suas almas, com suas mazelas e fragilidades, pousando de religiosos veteranos, quando na verdade, estão doentes e mirrando pela falta de conexão à Fonte de Vida que os priva de serem amados e fortalecidos em suas deficiências.

Pessoas entram e saem dos cultos, escutam a Palavra de Deus, experimentam da unção, e partem para uma vida sem mudança, espalhando religiosidade e apontando o dedo legalista aleatoriamente. Tenho pensado nisso ultimamente com mais frequência, e buscado respostas a perguntas básicas como: por que Jesus não está sendo reproduzido e visto através de muitas pessoas na igreja? Por que famintos por Deus, não têm sido atraídos para Ele, e não poucos, nutrem repulsa real aos evangélicos?

“Se a nossa compaixão cristã estiver contaminada com ódio político ideológico, nossa doença moral e psicológica é mais grave e incurável do que a de qualquer pessoa que ousarmos julgar ao nosso lado.” Dione Alexsandra

Jesus se movia por compaixão. Ele mostrou de forma bem clara, que Ele é totalmente contra a religiosidade produzida pelos fariseus, que buscaram em todo tempo detê-Lo, até que O assassinaram, mas não conseguiram pará-Lo.

 Enquanto a religião queria matar a mulher que foi flagrada em adultério, Jesus a amou e a livrou da morte; enquanto a religião reprovava Seus atos de amor realizados aos sábados, Jesus curava pessoas. A religião matou Jesus, enquanto o poder do amor, o ressuscitou. Jesus é maior que a religião.

Ele sempre reprovou o pecado, mas amava os pecadores. Teve comunhão com prostitutas, ladrões, crianças, marginalizados da sociedade e com pessoas que não cheiravam bem e nem se vestiam de forma adequada, enquanto os pomposos religiosos da época, que detiam o conhecimento das leis de Deus, foram adjetivados por Ele, como hipócritas, raça de víboras e sepulcros caiados, com sua aparente beleza externa, mas que fediam em seu caráter e apodreciam em suas motivações egoístas. Definitivamente, religião e Amor estão em lados opostos, por possuírem propostas antagônicas, como mostra o vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=UXEtWeP95OI).  Precisamos nos posicionar em que lado estamos, pois é sutil a linha que delimitam as duas realidades.

“A fé sem amor é religião.” Carlos Junior

Certa vez, fui a um culto de mulheres numa tarde, e sentou ao meu lado uma prostituta, vestida a caráter. Lembro que ela parecia estar sedenta por Deus, cheirava mal e tinha um odor característico de uma DST. De pronto, eu me virei um pouco de lado, como que querendo dar as costas e mostrar que eu não compactuava com tal. Imediatamente, percebi um alerta em meu espírito e escutei uma voz me questionando: Onde você aprendeu a agir assim? Lembro que fui bem sincera na resposta e falei: aqui na igreja. Na hora, eu me entristeci pela pessoa que eu estava me transformando. Eu não queria ter aprendido a ser assim, pois eu enxergava o erro.

O culto continuou e ganhei um brinde de higiene odontológica num sorteio, que por acaso, estava precisando, e quando fui buscar o brinde, a mesma voz me disse: Dê a ela esse presente, pois ela entrou aqui, sabendo que estava sujeita a julgamentos, para Me ver, e até agora, ela não me viu em ninguém aqui. Fui até aquela mulher constrangida e entreguei a ela o presente e dei-a um abraço. Paz e alegria me envolveram e uma consciência forte que aquele tipo de atitude não podia permanecer em minha vida, pois não queria me assemelhar a mais um fariseu.

“O mover do Espírito não é para alimentar ego de homens e sim para criar a cultura do Reino aqui na terra.” Humberto Albuquerque

Existe uma diferença entre alimentar-se e nutrir-se. Muitas vezes, comemos, mas alguns obstáculos internos, como sujeiras que se acumulam nas vilosidades intestinais, não permitindo que os alimentos cheguem ao seu destino, as células. Naturalmente, a falta de nutrientes celulares é responsável por desnutrição que acarreta em doenças crônicas, espiritualmente, é o mesmo raciocínio. A Palavra que recebemos, precisa chegar ao destino, ao nosso espírito, pois caso contrário, ficamos cheios de conhecimento, orgulhosos, e padecendo da transformação e força que a Palavra e o Espírito produzem em nosso caráter, para que nos assemelhemos a Jesus. Esse é o objetivo final.

Acredito que quando perdemos o foco, e deixamos de olhar para o Autor e Consumador de nossa fé, Jesus, começamos a perecer, pois passamos a resistir ao que Ele fala e não somos mais confrontados a correções necessárias para seguirmos em santidade, sem a qual, não conseguimos enxergá-Lo. Dessa forma, vamos ficando para trás, a ponto de deixarmos a nossa identificação e amor por Jesus em segundo plano. Deixamos de receber dEle, para produzi-Lo em nossas atitudes, nos restando apenas a religião com seu padrão de regras pré-determinadas pelos homens, ditar nossos passos. Quão perigoso isso é!

Certa vez o Espírito de Deus me falou: “Assim como as pessoas não deveriam ter receio de comer uma sobremesa pensando em engordar, caso tivessem, um estilo de vida saudável e ativo, disciplinados em exercícios físicos, também não deveriam ter receio de se expor de forma correta a Palavra e deixar que ela os molde, caso estivessem olhando diretamente para Jesus como exemplo a ser seguido. Cristãos têm resistência em receber a Palavra e deixar que Ela os defina, pois, por terem perdido o foco, estão buscando os seus próprios interesses e não os do Reino. Deixaram de lado o primeiro amor, mas para um filho de Deus, não andar em amor, não é uma opção válida e aceitável.”

Assim como para uma vida saudável, é necessária uma boa alimentação, pode-se adoecer através de um relacionamento desequilibrado com a comida. A Palavra de Deus é a fonte de vida de todo homem, pois “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”- Mateus 4.4, mas através de uma relação inapropriada com a Palavra, é possível adoecer espiritualmente, expelindo o odor da religiosidade, quando as pessoas esperam o aroma agradável do amor. Essa realidade não está longe, basta olhar ao redor, a propósito, que cheiro você está exalando?

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