Verbo FM

Pai e Filho

por Paulo Henrique Zanardo
(Graduado da Escola de Ministros Rhema)

Às vezes, ouvimos nos noticiários histórias de crianças e recém-nascidos que foram roubados ou separados dos pais por algum motivo. Nos depoimentos podemos sentir quanta dor essa separação causa aos pais. Mas, no caso das crianças, especialmente quando são recém-nascidas, se ninguém disser a elas que foram separadas dos pais biológicos, essa dor da separação nunca vai existir. Em alguns casos, mesmo descobrindo o fato, a ausência prolongada e a vida construída junto de outra família, em outro ambiente, também minimiza ou até extingue tal sentimento.

A tristeza dos pais, porém, jamais poderá ser compensada, mesmo quando esses filhos são encontrados. A intimidade, a cumplicidade, a proximidade, tudo que não viveram juntos e as coisas das quais foram impedidos de compartilhar, nunca serão recuperadas. Seria necessária uma nova vida inteira juntos para que isso acontecesse. Começar de novo, do zero. Tenho certeza que, se dependesse dos pais, eles fariam qualquer esforço possível e até o impossível para ter a chance de recomeçar, de criar, cuidar, ensinar e proteger seu filho. Ter a chance de contribuir na formação do seu caráter, estabelecendo princípios para que ele possa, quando adulto, reproduzir tudo isso.

Diante disso, é perfeitamente possível traçar um paralelo entre as circunstâncias acima descritas e a relação entre Deus e o homem.

Nós sabemos que Deus criou o homem à Sua imagem e conforme a Sua semelhança (Gn 1.26). Ou seja, criou o espírito do homem ou o homem espiritual e com as Suas próprias mãos fez um corpo, uma morada, uma habitação para o homem espiritual que acabara de criar. Quando Deus soprou o espírito criado à Sua imagem e semelhança naquele corpo feito do barro, o homem tornou-se alma vivente (Gn 2.7).

Deus mantinha um contato estreito e uma relação próxima com Sua criação. Imagino eu, que todo dia ao entardecer, Ele encontrava-se com o homem e Se assentava com Seu filho. Talvez, também caminhassem pelo Éden enquanto conversavam. Deus se alegrava ao ver a evolução dele, Deus o instruía, corrigia, repreendia e ensinava a respeito da Justiça e do Reino (II Tm 3.16).

Mas, Deus não podia ir contra à Sua essência santa e, em um determinado momento, contra Sua vontade, teve que se separar de Sua criação que havia desobedecido e se tornado pecadora (Gn 3). Penso que Deus também sentiu, de uma forma diferente da nossa, a dor e a tristeza da separação. Não fosse assim, talvez, Ele dissesse ao diabo: “Fica com esse que você estragou que Eu faço outro pra mim”. Mas, não foi isso que Deus fez. Ele continuou amando a Sua criação e fazendo de tudo para poder tê-la de volta.

Do outro lado, Adão, talvez também tenha sentido a separação mas, geração após geração, esse sentimento foi desaparecendo até que se extinguiu. O homem já estava adaptado e conformado a um mundo degenerado controlado pelo maligno (I Jo 5.19). Tal qual a criança recém-nascida que foi separada dos pais, o homem já não se lembrava de Deus e não nutria mais nenhum sentimento por Ele.

Deus, porém, sempre buscou restabelecer esse contato. Ouvi uma ministração que dizia que o encontro que Deus teve com Moisés, onde Ele deixou que Moisés, por uma fresta na rocha, o visse de costas, era porque Deus estava com saudades do contato que tinha com o homem (Ex 33.20-23).

Mas esse contato, essa intimidade, só poderia voltar a existir se, de alguma forma, houvesse a possibilidade de começar de novo. Se o homem pudesse nascer de novo e, sem pecado, estar na presença do Pai novamente. Deus proporcionou isso através de Jesus! O que parecia impossível aconteceu! O homem tinha agora, em Jesus Cristo, a possibilidade de nascer de novo e, como recém-nascido, voltar aos braços do Pai. Através de Jesus, o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo, Deus se reencontrou com a Sua criação e, não só ter contato com ela na viração do dia, como era no Éden, mas todo o dia, a todo o momento, já que agora Ele habita dentro do homem na pessoa do Espírito Santo.

Deus sempre quis estar conosco novamente e fez o maior sacrifício que poderia ter feito entregando o Seu unigênito para morrer em nosso lugar. Agora, só depende de nós querermos nos relacionar com o Pai. Hoje, moramos na mesma casa e podemos conversar com Ele a qualquer momento. Não somos órfãos, nosso Pai está bem próximo, pronto pra nos abraçar e cuidar de nós que somos Seus filhos!

“E, para mostrar que vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso coração, o Espírito que exclama: ‘Pai, meu Pai'”. (Gálatas 4.6)

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