A Bíblia está dividida em duas grandes porções: o Velho e o Novo Testamento. O Velho Testamento foi escrito em duas línguas:
- Hebraico, a língua dos israelitas e praticamente de todo o Antigo Testamento. Em II Reis 18.26-28 e Neemias 13.24, o hebraico é chamado de “a língua de Judá” e em Isaías 19.18, “a língua de Canaã”;
- Aramaico, a “língua comum” do Oriente Médio até os dias de Alexandre, o Grande – século VI ao século IV a.C. (Albright, AP, p.218). Do capítulo 2 ao capítulo 7 de Daniel, e a maior parte de Esdras 4 até o capítulo 7 estão em aramaico, assim como declarações ocasionais do Novo Testamento, com mais notabilidade o brado de Jesus na cruz: “Eli, Eli, lamá sabactâni”, que significa: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mateus 27.46). Do ponto de vista linguístico, o aramaico era bem próximo do hebraico; a estrutura das duas línguas é semelhante.
É importante destacar que na Bíblia hebraica os livros são arranjados em três divisões: a lei, os profetas, e os escritos:
1. A lei (torah) – Pentateuco: os cinco “livros de Moisés”;
2. Os profetas – Caem em duas subdivisões: os “Profetas Anteriores”, compostos dos livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis; e os “Profetas Posteriores”, compostos dos livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel e “o Rolo dos Doze Profetas”.
3. Os escritos – Contêm o restante dos livros: primeiramente, Salmos, Provérbios e Jó; e então os cinco “Rolos”, a saber, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester; e, finalmente, os livros de Daniel, Esdras-Neemias, e Crônicas.
Os cristãos dividem o Velho Testamento da seguinte forma:
Torá – Lei de Moisés (Pentateuco ou Lei): Contando com 5 livros (Gênesis a Deuteronômio). Todos escritos por Moisés, narram o início da Criação, o chamado de Deus feito a Abraão e o surgimento do povo judeu, além da sua legislação e culto;
Históricos – Contando com 12 livros (Josué a Ester) narram a evolução, decadência e restauração da nação de Israel, desde a entrada na terra prometida por Josué, a ascensão da monarquia, o declínio moral dos reis e o cativeiro babilônico, a reedificação da nação e a reconstrução do templo;
Poéticos – Contando com 5 livros (Jó a Cantares de Salomão) narram a poesia judaica. Serviam como cânticos e orações, além de revelarem profunda espiritualidade;
Profecias – Maior porção do Antigo Testamento contando com 17 livros, revelam a sabedoria e a grandeza de Deus em revelar o futuro da nação de Israel, o surgimento do Messias e do anticristo, o juízo dos homens e o reino eterno do Messias;
Profetas maiores – Assim chamados pela maior extensão de tempo de seus ministérios e tamanho de seus livros (Isaías a Daniel);
Profetas menores – Assim chamados pela menor extensão de tempo de seus ministérios e tamanho de seus livros (Oséias a Malaquias)
Novo Testamento
Escrito em uma língua: grego — a língua que abrange todo o Novo Testamento.
Evangelhos: contando com 4 livros (Mateus a João), narram a vida, ministério, ensinamentos e sermões de Jesus Cristo;
Histórico: contando com 1 livro (Atos dos Apóstolos), narra o surgimento e crescimento da Igreja;
Cartas (ou epístolas): contando com 21 livros, subdivididos em: cartas paulinas (Romanos a Filemom), enviadas pelo apóstolo Paulo às igrejas iniciadas em seu ministério, e também aos seus principais colaboradores. São a regra de doutrina da Igreja cristã, bem como seu manual de procedimentos;
Epístolas gerais (Hebreus a Judas): semelhantes às cartas do apóstolo Paulo, foram enviadas por líderes da Igreja primitiva a congregações e colaboradores de seus ministérios, com o mesmo propósito e função das cartas paulinas;
Apocalipse: uma mistura de cartas com aspectos proféticos. É a revelação de Jesus Cristo, dada ao apóstolo João a respeito das últimas coisas.
Se investigarmos as circunstâncias em que os vários documentos bíblicos foram escritos, descobriremos que foram escritos em intervalos que cobrem um período de aproximadamente 1.400 anos. Seus autores escreveram em vários lugares: da Itália, no Ocidente, à Mesopotâmia, e possivelmente Pérsia, no Oriente. Os próprios escritores constituíram um grupo heterogêneo, separados não somente por centenas de anos e centenas de quilômetros, mas também pertencentes a classes sociais bem diferentes. Entre eles houve reis, boiadeiros, soldados, legisladores, pescadores, estadistas, cortesãos, sacerdotes e profetas, um rabino que também fabricava tendas e um médico gentio, para não falar de outros a respeito dos quais não se sabe nada além dos escritos que deixaram.
De capa a capa, a Bíblia é cristocêntrica. Portanto, embora contenha muitos livros de muitos autores, ela demonstra em sua continuidade que é também um único livro. Como observa F. F. Bruce: “Qualquer parte do corpo humano só pode ser explicada em relação ao corpo todo. Qualquer parte da Bíblia só pode ser devidamente explicada em relação à Bíblia toda”.
Pense primeiro no Antigo Testamento: a Lei fornece o “alicerce para Cristo”, os livros históricos mostram “a preparação” para Cristo, as obras poéticas aspiram por Cristo, e as profecias revelam a “expectativa” por Cristo. No Novo Testamento, os “Evangelhos […] registram a manifestação histórica de Cristo; Atos relata a divulgação de Cristo; as epístolas dão a interpretação da pessoa de Cristo e em Apocalipse encontra-se a consumação de todas as coisas em Cristo”.