Como está seu coração?

Vimos no capítulo anterior que uma raiz de amargura brotando pode nos privar da graça de Deus. Muitos, por deixarem seu coração contaminado, afastam-se da graça do Senhor e, por consequência, ficam perdidos no meio do caminho, porque não conseguem mais discernir a voz do Senhor, passando a perder a direção celeste.

Você já viveu alguma situação de não identificação de diagnóstico diante de alguns sintomas? No ano de 2011, passei por situação semelhante ao retornar de uma missão no continente africano. Convivi com alguns sintomas durante meses, fui atendido por vários médicos que não conseguiam fechar o diagnóstico do que estaria causando aqueles sintomas, tornando aquela situação mais preocupante para mim.

É muito ruim sentir algo e não saber de fato o que está ocasionando. Muitos têm passado por isso ao preservar um coração amargurado, frustrado, magoado, ferido e não identificar ou aceitar, de fato, que assim está, pensando que está tudo bem.

Imagine você andando em uma rua escura, deserta e de repente você escuta tiros. Qual a melhor opção, diante dessa situação complicada e aterrorizante: Ouvir os tiros e não saber de onde está vindo ou ouvir os tiros e saber de onde está vindo? Imagino que você escolherá a segunda alternativa.

Com certeza, quando você consegue identificar de onde está vindo o ataque, fica mais fácil buscar proteção e até mesmo contra-atacar. Da mesma forma é em nossa vida. Enquanto você não identificar o que está lhe afetando, terá dificuldade até mesmo para se defender. Meu propósito neste capítulo é lhe dar algumas dicas para que você possa identificar se em sua vida existe alguma mágoa, chateação, ofensa ou amargura por alguém. A identificação é uma condição básica para um tratamento eficaz e para liberação do coração. Observe as perguntas abaixo que certamente lhe ajudarão na identificação de algum sintoma de amargura com relação a outra pessoa:

1. Fica ressentido por qualquer notícia ou relatório bem-sucedido a respeito dessa pessoa?
2. Deseja secretamente ou publicamente que ele(a) não obtenha sucesso em seus empreendimentos?
3. Vibra, ainda que em secreto, quando ela se prejudica?
4. Quando a encontra, propositalmente, faz como se não a tivesse visto?
5. A simples menção do nome da pessoa lhe deixa chateado e você passa a recordar na mesma hora dos acontecimentos, e a tristeza ou raiva volta completamente, como nos dias iniciais do conflito?
6. Tem a tendência de conversar com outras pessoas a respeito das falhas ou erros dessa pessoa?

Se em alguma das alternativas acima você disse sim, possivelmente há algum ressentimento ainda presente. A palavra “RESSENTIR”, segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, p. 1226, significa: sentir novamente; magoar-se muito com; sentir profundamente; melindrar-se.

Diga não ao ressentimento, pois ele destrói muita coisa, mas principalmente o ressentido. Ficar remoendo as coisas que passaram certamente lhe fará sentir novamente muita coisa que não faz bem. Se você não der um basta, sua vida vai girar em torno disso, como um ciclo contínuo e prejudicial.

Existem pessoas que sentem as dores relacionadas a situações que aconteceram há muitos anos e, às vezes, ainda chegam a dizer: “eu vou ficar cada dia com mais raiva, mais mágoa daquele (a) que me ofendeu”, pensando que, agindo assim, estará prejudicando o outro, quando, na verdade, estará se autodestruindo. Agir assim é tomar veneno e querer que o outro morra. Muitas vezes pessoas ficam ressentidas por algo que fizeram contra ela, ou até mesmo por algo que esperava, mas não foi correspondido. As consequências dessas situações afetam a vida como um todo.

Quem nunca ouviu falar de alguém que nunca casou, porque sofreu uma enorme decepção amorosa, chegando até a afirmar: “nunca mais quero outro relacionamento em minha vida”? Ou de alguém que nunca mais quis ir para uma igreja porque se sentiu de algum modo frustrada em suas expectativas chegando até a dizer: “nunca mais quero me envolver em igreja alguma, nem em departamentos”; ou alguém que nunca mais quis empreender por conta de algum infortúnio empresarial; ou dizendo também: “nunca mais quero me dedicar a uma amizade assim como me dediquei”, “nunca mais serei o mesmo em meu casamento”.

Já parou para pensar que em todos os casos acima citados a história poderia ter tomado outro rumo, se aquela ferida fosse completamente tratada ou aquela mágoa fosse lançada para bem longe? Esse tipo de sentimento, muitas vezes, abre brechas para diversas influências, inclusive a do medo. Devemos lembrar que o Senhor não nos deu espírito de covardia e sim de poder, amor e de equilíbrio, conforme II Timóteo 1.7 – NVI. Abra seu coração, libere-se desse “sentir novamente” e perceberá que Deus tem um caminho novo para sua vida. Deus tem um caminho maravilhoso para você e lhe garanto que Ele não precisa do “seu” ressentimento para te conduzir, pelo contrário – Ele quer que você supere isso e entre no plano maravilhoso que Ele tem para sua família, congregação, empreendimentos etc.

Supere esse sentimento destrutivo e depois perceberá que essa situação que, a princípio, era um grande gigante, se tornou tão pequena para você e que no final de tudo você se colocou no lugar certo. A cura chegou, a dor já não dói tanto porque a liberação e o perdão entraram em operação de um modo tão glorioso que aquela área está mais forte que nunca.