Ao longo dos últimos dias, sempre que possível, esforcei-me para extrair algumas lições dos jogos na Copa do Mundo. Concluo essa tarefa com algumas considerações e, se quiser meditar um pouco sobre elas comigo, seja bem vindo. A copa acabou, e agora? Podemos extrair lições do que vimos?
#GenteBoa Desistir é a parte mais fácil. Continuar e perseverar, muitas vezes, custa caro para nós. O grande perigo na vida é quando a gente não percebe que está desistindo. Quando alguém, lá no meio do jogo, diz: “Parei. Não quero mais jogar”. Você sabe que ele desistiu e ele mesmo sabe que desistiu. Pediu pra sair. Claramente, todos estão vendo que ele desistiu.
O problema é quando você percebe que tem um jogador que não está mais “dando o sangue”, não está mais se esforçando. Ele está prejudicando o time, porque, às vezes, nem ele mesmo percebe que já desistiu antes mesmo da partida terminar. Apesar de estar presente no campo, ele já deixou de jogar, há muito tempo.
Essa é a desistência perigosa, a desistência velada, aquela que corremos o risco de fazer sem percebermos que estamos fazendo. Em um jogo de futebol qual seria o problema disso? Bem, jogaríamos com um jogador a menos, porque ele estaria lá, no meio do campo, fingindo estar jogando quando, de fato, já estaria totalmente alheio ao que está acontecendo ao seu redor oferecendo o risco de perder o campeonato ou a Copa do mundo, como aconteceu.
Acredito que muitos se recordam da Final da Copa de 1998, na França, quando o nosso maior craque, o Ronaldo, não estava em campo, embora estivesse jogando. E, isso aconteceu porque ele não estava inteiro. Foi um jogo polêmico… Até hoje, não se sabe, realmente, o que aconteceu. O que se sabe é que o Ronaldo estava em campo, mas não jogou o futebol que sabia jogar.
Esse ano, nas quartas de final, quando o Brasil foi eliminado pela Alemanha, parecíamos estar diante de um “Déjà vu” de 1998, mas com uma dose de decepção ainda maior, pelo massacre em campo.
Enfim, a Copa acabou com a Alemanha campeã mundial. Li em algum lugar que a Alemanha venceu a presunção argentina e a indisciplina brasileira, mas o que de fato aconteceu foi: venceu o melhor.
Mas, sabemos que ser eliminado de uma Copa do Mundo é muito triste. Muitos de nós podemos até chorar por alguns dias, mas passa. Isso me parece um tanto irracional. Por que choramos? O que de fato perdemos? Claro que ganhar é bom. Isso é apenas um jogo de futebol e passa.
Agora, não podemos permitir esse tipo de negligência quando é a nossa vida que está em jogo. E, mesmo que outros jogadores façam parte do jogo da nossa vida, o principal jogador, somos nós.
Nós somos a defesa, o goleiro, somos o meio de campo e somos o artilheiro. E, precisamos ser bons artilheiros. Aquele que faz o gol. Sabe o porquê? Porque nessa partida, ainda que existam outras pessoas jogando conosco, o protagonista somos nós.
Se começarmos a entregar os pontos e a desistir, em pouco tempo não teremos mais condições de vencer. Porque nos acostumamos à desistência. Acostumamo-nos a perder. Abrimos mão de coisas preciosas, de realidades e pessoas preciosas, porque não estávamos atentos ao jogo que estava acontecendo.
Peço a Deus que me dê sensibilidade suficiente para perceber o que está acontecendo comigo, com a vida que estou levando. Não quero viver sem perceber a Vida, não quero correr o risco de que a pressa dos meus dias retire de mim a capacidade de saborear o prazer de cada momento vivido. Esforço-me para ter o cuidado de jamais dar à minha alma um tratamento que ela não precisa.
Quais áreas da minha vida preciso mudar?
Como tenho administrado meu tempo, meu ritmo de trabalho?
Qual o nosso desafio? Não perder a partida da vida. Não podemos perder o referencial do que é mais importante. Aprendamos a valorizar a simplicidade do jogo, sem a utilização de artimanhas, cumprindo bem o papel de sermos quem fomos feitos para ser.
Não podemos viver de maneira displicente ao ponto de dizermos: Meu Deus, o que foi que eu fiz com a minha vida?
Por que eu tratei aquela pessoa daquele jeito?
Por que eu não trabalhei menos? Ou, por que não trabalhei mais?
Por que eu não me dediquei mais a mim, aos meus projetos?
Por que eu não fui capaz de me amar um pouco mais?
Por que eu não tive disposição para lidar com aquele defeito tão desprezível, na juventude, permitindo que ele tomasse proporções tão alarmantes na vida adulta?
Por que deixei de ser verdadeiro muitas vezes, comigo mesmo e com aqueles que estão ao meu redor?
Mais cedo ou mais tarde iremos nos fazer essa cobrança.
A Copa do mundo acabou, mas o jogo da vida segue…
E, nos deparamos com nós mesmos, confrontamos a nós mesmos, buscamos respostas que, sinceramente, somente em Deus, poderemos encontrar.
O que Jesus fazia, ao encontrar as pessoas, era exatamente despertar nelas essas perguntas. Jesus era um homem que inquietava, provocava perguntas, mas ele as respondia. Quando as pessoas estavam diante dele, olhavam para ele, para as suas propostas, para seu caráter, o que mais admiravam era o jeito dele ser gente…
Era inevitável que as pessoas não se perguntassem: por que eu não posso viver assim também?
A nossa vida também precisa provocar isso nas pessoas…
*Texto baseado no mundial e em textos e frases lidas de tantas pessoas ao longo do mês.