Por: Dione Alexsandra
Acredito que muitos lembrem na década de 90, quando a internet chegava ao Brasil. Os mais novos não lembrarão desse tempo no qual vivíamos offline. Eles nem acreditam que isso era possível, mas era. E cá pra nós, éramos bem felizes.
Mas, chegou a tão falada internet. Começamos a mudar a rotina. Alguns se lembram daquele PC clarinho que poucos podiam adquirir, dado o alto valor na época. E nesse computador, famílias se dividiam em uma conexão discada, nos fins de semana (que era mais barato) era a arcaica net discada que nos fazia entrar na internet por 2 ou 3 horas, no máximo, para gastar poucos pulsos do telefone fixo.
Poucos sites eram acessados, bate-papo só na UOL e olhe lá, porque poucos conheciam esse recurso. Mas, de fato, tínhamos nosso dia normal, trabalhando, estudando… sem internet. Acredite, nós estudávamos e trabalhávamos sem internet. Nós conversávamos e nos divertíamos sem internet. Sim, íamos aos cultos, tínhamos nossos amigos e saíamos para conversar e comer e, de fato, conversávamos e nos alimentávamos tranquilamente.
Mas, as coisas foram evoluindo, e chegou a conexão banda larga.
Em junho de 2008 existiam 20 milhões de conexões de banda larga no Brasil. O número impressionava naquela época, porque essa era a previsão para 2010. O Barômetro Cisco de Banda Larga, entidade responsável pela pesquisa, havia publicado uma nova previsão para 2010, de 15 milhões de conexões. Mas ,frente a esse último resultado, declarou que precisava rever essa meta. No que diz respeito ao volume de dados, houve aumento de 5600% de 2002 a 2007. Até 2012, o tráfego aumentou mais 800%. Em dezembro de 2015, o número de conexões era de 24,9 milhões.
O avanço seguiu com o uso de notebooks e tablets seguido da explosão dos smartphones, ou melhor, o responsável por lhe fazer ter o “mundo” na palma da sua mão. Uma realidade hoje em dia. Estamos em 2016: hoje, você não “entra” na internet, você “vive online”. Ou seja, vive conectado.
O celular, aparelho que antes era luxo e tinha a utilidade de fazer ligações em qualquer lugar, hoje serve para muita coisa, e pouco é usado para fazer ligações para outras pessoas. Com o celular em seu bolso, e um 3G ligado, você está 24 horas conectado. Ou melhor, está online.
Seja na faculdade, na igreja, no trabalho, no hospital, na rua… vibrou o aparelho, você logo corre pra ver quem está lhe mandando mensagem. As redes sociais explodiram com infindáveis sites de relacionamentos que proporcionaram uma interação maior entre as pessoas. Sim, existem aquelas que com as redes sociais se aproximam dos que estão longe, mas talvez se afastam dos que estão perto. Também existem aqueles que promovem em suas páginas um verdadeiro espetáculo de felicidade sem fim.
O famoso Facebook tem histórias perfeitas que deprimem os mais inocentes, o Instagram tem as imagens de pratos deliciosos, de lugares paradisíacos e de famílias perfeitas em eventos no fim de semana.
O Twitter, ferramenta pouco usada, mas que gosto muito, ajuda os prolixos a serem mais objetivos e nos ensina a treinar o hábito de nos manter informados sobre o que acontece no Brasil e no mundo, pois lá é um ambiente onde as pessoas mostram sua indignação com tudo que as inquieta. Quer saber o que está acontecendo no Mundo? Não vá apenas ao Jornal Nacional, vá ao Twitter. Os assuntos mais comentados estão no “trendingtopicstwitter”, ou melhor, são os assuntos mais comentados.
Impossível não mencionar o “surto” do whatsapp, uma ferramenta especifica de troca de mensagens instantâneas que tomou o lugar do simples SMS de um celular pela rapidez das mensagens. E isso vicia, acredite! Durante o dia, quantas vezes você checa suas mensagens no whatsapp? É, eu imagino que nem você tem essa resposta.
A minha reflexão vai mais adiante. Onde está a nossa vida offline? Onde ela foi parar? Os almoços tranquilos, os papos com os amigos que no máximo eram interrompidos por um integrante do grupo mais afoito. Hoje, a atenção está dividida e disputada.
Claro que é impossível desconsiderar a explosão da comunicação, a revolução tecnológica proporcionada pela internet e os benefícios causados pela velocidade das informações.
O Evangelho que pregamos tem chegado mais longe e muito mais rapidamente. Isso é maravilhoso! Podemos nos conectar com amigos, familiares e irmãos do outro lado do Mundo e em tempo real. Fantástico!
O que me faz pensar é se realmente estávamos preparados para tudo isso. Será que tínhamos noção (e ainda temos) de onde isso vai parar? Se é que vai parar?
A multiplicação do conhecimento, da ciência, os avanços da medicina, tudo isso precisa nos ajudar e favorecer a humanidade.
A Palavra de Deus chegando a mais pessoas por mais distantes que elas estejam é algo Divino e recompensador, por isso, devemos utilizar bem essas ferramentas.
Muitos de nós precisamos estar um tempo maior nessa loucura do mundo virtual, conectado, mas precisamos desconectar para descansar. Sim, existe vida offline, longe das lentes de um celular. Existe vida, existem pessoas de carne e osso, gente como nós, cheias de histórias para contar, cheias de desafios, frustrações, vitórias e derrotas para compartilhar ao vivo, em tempo real conosco.
Aos mais maduros (da minha época) tentem resgatar alguns hábitos bons de ir à casa de um amigo tomar um café, bater um papo, tomar um sorvete, andar de bicicleta, dar uma volta no parque, etc.
Aos novos, os que nasceram na geração Y, que não sabem o que é uma vida offline, meu desejo é que haja oportunidades de vocês terem vislumbres do que é sentir o cheiro do mar, observar um por do sol e ter uma conversa inesquecível com alguém #GenteBoa na qual você esqueça do tempo e perceba que estar online é bom, mas estar perto de gente é bem melhor.
Como costumo dizer: Existe vida sem celular, existe vida sem máquinas, existem pessoas ao nosso lado que, por vezes, desconsideramos. Ainda há esperança para nós. Viva o mundo conectado, mas viva também o mundo humanizado.
4 Comentários
Parabéns pelo site. Bastante útil.
Sucesso!
Joana, muito obrigada! Vamos caminhando e enquanto aprendemos, escrevemos. Abraço!
Querida amiga Dione
Sou sua admiradora faz tempo…
A sensatez e equilíbrio com que você escreve é simplesmente bom demais.
Sua amiga off-line kkkkkkk
Zuleica
Minha Amiga Zu, sou tão grata a Deus pela sua amizade e por saber que podemos nos encontrar e retomar a conversa do exato ponto onde paramos, independente do tempo que nos vimos… Continue usufruindo dos benefícios do mundo online, vivendo com maestria sua vida offline (kkkk) Seu equilíbrio me ensina muito. Abração Di