Maná Diário

Integridade moral

Você conhece o seu chamado? Normalmente associamos a expressão “chamado” a um mero convite ao serviço e eu vou te mostrar, nesta manhã, que é algo muito maior do que isso. 

“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (I Coríntios 1.2).

Se você observar, o apóstolo Paulo menciona duas coisas: “santificados em Cristo Jesus” e “estes que foram santificados foram chamados e são chamados para ser santos”.

Ao usar a palavra “santificados”, é utilizado o termo grego hagios, que significa “separar das coisas profanas e consagrar pessoas a Deus; purificar e limpar extremamente; purificar por meio da expiação; livrar da culpa do pecado”. Então, quando Paulo diz: “santificados em Cristo Jesus”, obviamente, a ênfase aqui é o resultado do que Cristo fez por nós em sua morte, sepultamento e ressurreição. Fomos santificados, fomos purificados, separados das coisas profanas e dedicados a Deus. Fomos livres da culpa do pecado!

“Nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (I Coríntios 6.10-11).

“Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hebreus 10.10).

Não sei se você observou, mas a Bíblia também menciona que esses que foram santificados, são chamados para ser santos. Você vai vasculhar outros textos da Palavra de Deus e vai ver que esse “chamado para ser santo”, em sua essência, é mudança de comportamento. 

“Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (I Pedro 1.13).

Pedro deixa claro a importância da santidade em todo procedimento. Há uma vasta mensagem em todo Novo Testamento, a respeito desse chamado para ser santo. Paulo diz aos tessalonicenses que a vontade de Deus é a nossa santificação. Ele explica um pouco mais, e diz que “cada um de nós saibamos possuir o corpo em santificação e honra”. O que eu quero mostrar para você, é que fomos chamados para ser santos. Como eu havia dito, geralmente associamos o chamado divino apenas a uma tarefa, executar uma missão, um trabalho a ser realizado. Quando definimos essa convocação do Senhor como uma simples realização, somos levados, conscientes ou não, a supervalorizar o quesito habilidade ou capacitação para produtividade, em detrimento da importância de caráter.

O ministério não se resume somente em realizar o trabalho, a tarefa que o nosso Pai Celestial nos confiou. Muitos dos nossos ministros têm sido despertados e buscado aprimorar oratória, capacidade no relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, gestão etc. Não há nada de errado quanto a isso, o que nós não podemos aceitar, é que o aperfeiçoamento das habilidades, performance, para fazer, substitua o quesito ‘ser’. Fomos chamados para ser santos. O ministério não é um negócio a ser tocado somente com habilidades humanas e naturais. De acordo com as escrituras, é fundamentado no exemplo e no caráter. Você vai olhar para a Bíblia e vai ver uma íntima relação entre santidade e ministério. No Velho Testamento, já havia um padrão estabelecido por Deus. Se nós, como crentes, já temos um chamado para sermos santos, que dirá os ministros? Deveríamos ser os primeiros a ter um comprometimento com o Senhor no quesito ‘integridade’!

“Também farás uma lâmina de ouro puro, e nela gravarás como as gravuras de selos: SANTIDADE AO SENHOR. E atá-la-ás com um cordão de azul, de modo que esteja na mitra, na frente da mitra estará; E estará sobre a testa de Arão, para que Arão leve a iniqüidade das coisas santas, que os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas santas; e estará continuamente na sua testa, para que tenham aceitação perante o Senhor” (Êxodo 28.36-38).

De acordo com o texto, é um pequeno cartaz, um mini outdoor, em que todos veriam santidade e comprometimento com o Senhor. 

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (II Timóteo 2.15).

“Santificado” aqui é associado a útil ao seu possuidor, preparado para toda boa obra. A grande verdade, é que para estar no ministério, é requerido mais do que habilidade, envolve integridade, caráter e honra. Infelizmente, encontramos muita imoralidade, muitos danos têm sido causados no corpo de Cristo, devido a imoralidade entre os líderes. Tais incidentes endurecem o coração dos incrédulos, desiludem jovens crentes e são altamente perturbadores. Devido ao rastro da imoralidade existe uma coleção de vidas devastadas, pais distraídos e crianças confusas. A tecnologia moderna tem contribuido para uma nova categoria de problemas morais, tais como pornografia na internet, paqueras por mensagens de textos e por redes sociais. 

“Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (I Timóteo 4.12)

“Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza” (I Timóteo 5.1).

A orientação bíblica é tratar as moças da nossa igreja com toda pureza, como se fossem irmãs. Infelizmente, há líderes que usam e abusam de sua posição de influência, objetivando encontrar indivíduos vulneráveis, com o propósito de satisfazer os seus desejos carnais. 

“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar” (I Timóteo 3.2).

Como ministros não apenas não devemos ter casos de adultério, mas, também, o ministro não pode ser um paquerador mulherengo. Isso inclui apegos emocionais inadequados, tipos de comunicações inadequadas, relações sexuais inadequadas etc. A essência do que eu quero compartilhar com você, são passos para manter a integridade moral.

Não espere se achar em lugar de tentação para decidir o curso de ação. Nós não somos profissionais do púlpito. O que sai do púlpito é um transbordar da nossa vida em Deus. Não se trata de performance ou produtividade, é um transbordar daquilo que experimentamos em nossa relação, caminhada com Deus, comunhão com Ele. Um provável candidato à falha moral, é aquela pessoa que se considera invencível sobre a tentação. De forma ingênua e orgulhosa essa pessoa pensa “isso nunca vai acontecer comigo”. Há duas escrituras que vem em mente quando falamos sobre isso: I Coríntios 10.12 e I Coríntios 10.12.

“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (I Coríntios 10.12).

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (I Coríntios 10.12).

“O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa. Achará açoites e infâmia, e o seu opróbrio nunca se apagará” (Provérbios 6.32,33).

Quando nos rendemos à imoralidade, geramos angústia ao Senhor que nos redimiu; arrastamos o nome sagrado do Senhor para a lama. Teremos que olhar para Jesus, o Justo Juiz, face a face, e prestar conta de nossas ações pecaminosas; teríamos o ministério, entregue por Deus, aleijado e confiscado; infringiria mágoa indescritível em seu cônjuge, perdendo o respeito e a confiança deste; machucaria os filhos amados; destruiria o exemplo e a credibilidade com os filhos, anulando todos os esforços presentes e futuros de ensiná-los a obedecer a Deus; geraria possibilidade de perder esposa e filhos para sempre; traria vergonha à família; perderia o respeito próprio; criaria uma forma de culpa muito difícil de abalar; formaria memórias e flashbacks, que poderiam assolar a intimidade com o cônjuge; perderia anos de treinamento ministerial e experiência de um longo tempo, talvez de forma permanente; possivelmente, causaria uma gravidez, com todas as implicações pessoais e financeiras, incluindo um lembrete para toda vida, do pecado cometido. 

O pecado levará você além de onde pretende ir, o manterá mais tempo do que você pretende ficar e lhe custará mais caro do que você poderia pagar. Não é difícil tomar decisões quando você sabe quais são os seus valores. Uma falha moral não começa com o ato físico. Seja consciente e evite ações precipitadas. O pecado ama tomar vantagem do sigilo. 

Aqueles que são guerreiros solitários, são mais suscetíveis a cair do que aqueles que têm nobres princípios de prestação de contas em suas vidas. O pecado ama tomar vantagens do sigilo.

“Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação” (I Pedro 1.17).

“Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade” (Hebreus 12.18).

Temor é um profundo e permanente respeito por Deus e por todas as coisas que Ele declara ser santas; é atribuir ao Deus infinito o mais elevado lugar de honra na sua vida; é tremer com reverência diante do privilégio da Sua presença e da maravilha da sua Palavra; é honrar o que Ele honra, amar o que Ele ama, detestar o que Ele detesta e fazer do interesse d’Ele o nosso interesse. O temor do Senhor é uma disposição interna que produz medo, pavor e até temor diante do simples pensamento de ofender a Deus.

Existem alguns pilares que precisamos recordar para viver uma vida de integridade, de modo que nos distanciemos da imoralidade:

– Tome uma decisão de qualidade;
– Mantenha um relacionamento sólido com Deus e sua esposa;
– Reconheça a sua vulnerabilidade;
– Lembre-se das consequências dolorosas da imoralidade;
– Reconheça que uma falha moral não começa com o ato físico do adultério, seja consciente disso e evite fatores precipitantes;
– Preste contas;
– Tenha temor;
– Lembre-se do perigo de não seguir a santificação.


“Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10.23-25).

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6.23).

“Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (II Pedro 2.20-22).

“Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Romanos 8.6).

“Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça?” (Romanos 6.16).

“Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Romanos 8.13).

A palavra salário, nesses textos, vem do vocábulo grego, que originalmente falava acerca de carne cozida. Passou a designar provisões de forma geral. Daí veio o sentido de dinheiro para as provisões, aparecendo também para indicar os suprimentos necessários para o exército. No grego, posteriormente, podemos encontrá-la, para indicar o soldo dos soldados. Então, veio a nomear qualquer palavra ou qualquer salário adquirido. Nesses textos, “a morte” é pintada como algo adquirido pelo indivíduo, como salário necessário ou merecido pelo pecado. 

Os que vivem de acordo com a carne caminham para a morte. Não estou dizendo que um único pecado irá comprometer toda sua integridade moral, mas o que não podemos ignorar, é que a prática deliberada da entrega ao pecado, ocasionou em uma prisão espiritual, que leva a entrega total ao pecado.

“E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (I Coríntios 10.9-13).

Podemos nos achegar ao trono da graça, que nele se assenta alguém misericordioso que passou pela mesma experiência que nós passamos; que em todas as coisas foi tentado a nossa semelhança, mas sem pecado. É por isso que há graça por socorro, há graça para não pecar, há graça para não ceder à tentação, graça para socorro em ocasião oportuna. O propósito de Deus não é só levantar aquele que repentinamente cai no mesmo erro, o propósito de Deus é evitar a queda. A ajuda vem antes da queda. Se nós entendermos isso, passamos períodos e mais períodos consagrados ao Senhor, dedicados àquilo que Ele confia e tem confiado às nossas mãos para ser feito. Nós vamos passar longos períodos completamente focados e vivendo uma vida íntegra e repreensível. Dê exemplo. As pessoas não só ouvirão, não só aprenderão, não só entenderão, mas também verão exemplo em nossas vidas! 

Trechos da mensagem de 15 de setembro de 2023, na Conferência de Ministros Sul.

2 Comentários

  • O propósito de Deus não é só levantar aquele que repentinamente cai no mesmo erro, o propósito de Deus é evitar a queda.

    Resposta
  • Nós vamos passar longos períodos completamente focados e vivendo uma vida íntegra e repreensível. e irrepreensível, existe esse detalhe para a correção, forte abraço do amigo leitor !!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *