por Wellington Prando
“Quando entrarei no meu chamado?”. Pergunta aquele que serve a Deus de todo coração e deseja viver no centro de Sua vontade. Importante se faz lembrar qual nosso primeiro chamado:
“Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (Efésios 1.4 – NVI).
Santidade e irrepreensibilidade, atributos que denotam separação e dignidade respectivamente, e ambos, diante de Deus, ou seja no secreto, e diante dos homens, como quem testemunha a Cristo.
O que seria irrepreensibilidade? Gosto de uma definição que meu pastor Jorge Bizoni usa: “Ser irrepreensível é estar até com a minha gaveta de cuecas bem-organizada”. O que isso tem a ver com chamado?
Bom, se não conseguimos organizar algo tão pequeno como uma gaveta (fidelidade no pouco), dificilmente conseguiremos cuidar de coisas maiores (fidelidade no muito) que Deus deseja confiar a nós.
Ministério da Reconciliação
Outro chamado que nos é apresentado nas Escrituras Sagradas é o grande Ministério da Reconciliação, citado pelo apóstolo Paulo em II Coríntios 5.18, que consiste em reconciliar o mundo a Deus, ou seja, apresentar a salvação aos perdidos.
Uma vez estabelecido que nossa vida em secreto e, igualmente nossa vida pública, tem uma chancela de aprovação, por Deus e por homens, sigamos a falar sobre dons ministeriais. O apóstolo Pedro escreveu em sua primeira epístola:
“Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (I Pedro 4.10-11 – NVI).
Percebamos que, claramente, ele distingue “aqueles que falam” (ministério quíntuplo) e “aqueles que servem (socorros)”. Quando Pedro se refere àqueles que falam, entendemos que são as pessoas que foram chamadas para exercer algum dos cinco dons ministeriais descritos em Efésios 4.11 (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres). Quanto aos que servem, ele se refere ao grande, vasto e poderoso ministério de socorros.
Por que fiz questão de enfatizar o ministério de socorros? Porque ele é exatamente assim: grande, vasto e poderoso! Sem o “socorros”, o que seriam os cinco dons? Inconcebível imaginar um culto em nossas igrejas “bombando”, daquele jeito que a gente gosta, e as crianças correndo de um lado para o outro, o pregador com sede por não ter ninguém para servir água e sem música nenhuma por não haver instrumentistas, não é mesmo?
Pois é, esse é um hipotético cenário para entendermos o quão importante é o ministério de socorros. Grande por alcançar várias esferas, vasto pela diversidade no serviço; e poderoso pelo que ele nos proporciona a desfrutar em nossos cultos.
Nem todos somos chamados ao ministério quíntuplo. Vemos muitas pessoas confusas se perguntando em qual dos cinco dons elas se encaixam. Mas nem todos estaremos lá, pois a Bíblia é clara ao dizer que “a uns chamou”.
Onde servir?
Mas uma coisa que deve ser comum em todos é o ardente desejo de servir. Logo surge a pergunta: “Em que lugar servir?”. A resposta imediata e correta é: onde for preciso. Entendamos que não há lógica em uma macieira se questionar sobre quando as maçãs vão aparecer, uma vez que ela apenas cresce, fortalece, desenvolve e, na estação certa, frutifica.
Assim também acontece conosco:
“Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus” (Salmos 92.12-13 – NVI).
Quando estamos plantados na Casa do Senhor, ou seja, em nossa igreja local, florescemos, como disse o salmista. Ali somos alimentados, fortalecidos, instruídos, corrigidos e, acredite, todos nós precisamos de correção!
Em nossa igreja local temos a oportunidade de servir a Deus, servindo às pessoas em amor, e ali também aprendemos sobre honra e submissão, princípios eternos estabelecidos pelo próprio Deus desde o princípio.
Embora a igreja tenha tudo a ver com nosso chamado, jamais cometamos o erro de considerar o serviço desempenhado uma mera escada para supostamente ascender ao ministério. Caso assim o façamos, correremos o risco de sermos desqualificados e reprovados.
Não confundamos serviço com ser visto.
Minha experiência
Outro conceito descabido, sob a luz da Palavra de Deus, é o de voluntariado. A Bíblia diz que fomos comprados (I Coríntios 6.20) e arregimentados (II Timóteo 2.4), mas não diz nada sobre voluntariado. Voluntário escolhe se quer trabalhar, mas o servo trabalha porque tem um dono.
Posso testemunhar com minha experiência. Comecei a estudar no Rhema em 2015 e me formei em 2016. Meu objetivo era ser um marido melhor para minha esposa, um filho melhor para minha mãe, uma ovelha melhor para meu pastor, um cidadão melhor para a sociedade e, acima de tudo, um servo melhor para o meu Deus. Não entendia muita coisa sobre chamado, nem desejava púlpito, mas sempre estive disposto a servir.
Quando a igreja local precisou de um músico, eu sabia tocar e me coloquei à disposição. E quando a igreja local precisou de um ajudante para a livraria, eu já tinha lido quase todos os livros do Irmão Hagin e podia ajudar nas indicações e vendas dos livros. Ao precisar de um jovem para trabalhar no grupo de jovens, eu estava lá. Quando a igreja local precisou de alguém para ensinar nos grupos de estudo na casa dos irmãos, eu estava disponível também.
Nunca pedi nenhum tipo de cargo ao meu pastor, mas também nunca disse “não” a qualquer coisa que ele me pedisse, ainda que eu mesmo não me considerasse capaz.
Hoje tenho o privilégio e alegria de servir aqui no Verbo da Vida Vitória, como um dos pastores auxiliares do meu pastor e pai espiritual Jorge Bizoni. Lidero o grupo de jovens, o departamento de discipulado, sou professor do CTB Rhema Brasil e recentemente fui convidado a fazer parte do grupo de secretários doutrinários dessa egrégia instituição.
Como aconteceu tudo isso? Não sei, só sei que eu sempre me disponibilizei para servir onde fora necessário.
“De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade” (I Coríntios 12.18 – NVI).
Quero também deixar algumas sábias palavras do meu pastor Jorge: “Seu chamado é fazer com excelência exatamente o que você está fazendo hoje. Aquele que serve água, sirva na temperatura ideal. Caso esteja escalado para cuidar do som, dê voz a quem é de direito e faça a mensagem ter acesso àqueles corações que ali estão. Caso esteja incumbido de aconselhar, salve vidas com suas palavras; entretanto, caso seja o dia de passear com sua família, desliguem seus celulares, e deem a eles o melhor de sua presença”.
Por fim, sejamos, pois, submissos à visão, fiéis a nossa liderança e tenhamos pais espirituais. Pais espirituais? Sim! Exatamente isso, pois aqueles que nos geraram, têm cuidado de nós e têm nos ensinado, no caminho, o sábio proceder. Lembremos sempre: não existe carreira solo no ministério. Desta feita, teremos prosperidade e uma longa vida ministerial nesta terra.
“Embora possam ter dez mil tutores em Cristo, vocês não têm muitos pais, pois em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por meio do evangelho” (I Coríntios 4.15 – NVI).