A palavra no grego para semente é “SPERMA”: “do qual uma planta germina, grão ou núcleo que contém dentro de si o germe das futuras plantas, qualquer coisa que possui força vital ou poder de gerar vida” (Strong, 2002). Semente está relacionada a algo que permite criar determinada coisa. No contexto natural e espiritual, para todas as coisas debaixo do céu sempre haverá uma causa originária.
“Enquanto durar a terra, semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite, jamais cessarão seus ciclos naturais” (Gênesis 8.22 – KJA).
Que tipo de semente você tem deixado entrar no jardim do seu coração? Muitas vezes falamos de sementes nos referindo a questões financeiras, sementes de honra, sementes de boas ações. Mas quero que você compreenda que palavras podem gerar sentimentos, que formam conceitos e, por conseguinte, uma ação; se positiva ou negativa, quem vai dizer é o teor (“DNA”) da semente e onde ela caiu.
Certamente você deve ter ouvido, alguma vez, esta expressão: “palavras são sementes”. Quando lemos a parábola do semeador, percebemos claramente que palavras são sementes. Toda árvore um dia foi uma semente que brotou e que alguém permitiu que crescesse, nutrindo aquele broto até que ela se desenvolveu. Quantas grandes amizades foram destruídas por conta de sementes que brotaram e aquele broto se transformou em uma grande árvore de separação, em uma grande barreira.
Um grão de mostarda
Grandes problemas iniciam-se com pequenas sementes, da mesma forma que grandes posicionamentos de fé. Jesus falou sobre isso quando trouxe a comparação da fé com o grão de mostarda.
“Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce torna-se uma das maiores plantas, e atinge a altura de uma árvore, de modo que as aves do céu vêm fazer os seus ninhos em seus ramos” (Mateus 13.32 – NVI).
Certamente você já deve ter ouvido esta expressão: “engolir o boi e se engasgar com o mosquito”. Precisamos ter muito cuidado com as grandes situações, mas também com aquelas que aparentemente são pequenas. As raposinhas são as que destroem os vinhedos e estes simbolizam alegria, no contexto bíblico, ou seja, as raposinhas destroem a alegria, seja no trabalho, no casamento, na igreja ou nos relacionamentos.
“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor” (Cantares 2.15 – RA).
“Como o abrir-se da represa, assim é o começo da contenda; desiste, pois, antes que haja rixas” (Provérbios 17.14 – RA).
Muitas vezes a amargura tem início com um mal-entendido, alguma palavra dita, algum erro cometido por outrem, uma expectativa frustrada, sugestões repetidamente não aceitas, algo que não foi bem resolvido, que passa a trazer tristeza para alguém. É exatamente aí, nesse estágio, que devemos nos posicionar para que não entremos em situações que prejudicarão nossa saúde espiritual.
Nesse estágio – SEMENTE DA AMARGURA – nosso posicionamento fará toda diferença para nós mesmos. É de suma importância não permitirmos que uma semente de amargura continue em nosso coração.
Uma conversa franca, um abrir de coração, um liberar de perdão será crucial para retirar a semente maligna. O que precisamos é ter bem claro que a busca para lançar fora esta semente de amargura é de quem está ofendido. Não devemos ficar esperando que o outro venha nos chamar para uma conversa, inclusive porque, em muitas dessas situações, a outra parte nem imagina que ela foi a causa de alguma chateação.
Você já viu ou viveu algo parecido com isso? Alguém fez algo contra outrem e nem percebeu, nem teve intenção de machucar aquela vida? Como resolver isso? Pelo diálogo. Uma conversa sincera e o desejo de liberar o coração fará toda diferença. E repito: essa conversa deve ser “provocada” pelo que está ressentido.
Pode acontecer uma conversa que seja “provocada” pela pessoa com quem se está magoado? Pode sim, mas normalmente quando isso acontece é porque essa semente já brotou e está crescendo; é quando as atitudes já passam a demonstrar que alguma coisa não está bem. Minha dica é: não deixe chegar nesse estágio. Se está magoado, seja rápido na procura para a liberação do perdão.
Certo dia, fui procurado por um querido irmão em Cristo que estava chateado com uma outra pessoa. De pronto, o aconselhei: procure essa pessoa, mas não vá cheio de si, nem das suas razões; procure, inclusive, reconhecer alguma falta cometida – até porque, nesses casos, o outro lado sempre tem uma outra versão e suas justificativas – um outro olhar do “elefante”.
Já parou para pensar que normalmente as pessoas estão se sentindo cheias de razão constroem suas fortalezas com base nessas “razões”? Se olharmos um elefante por um lado podemos expressar características do mesmo. Outro pode olhar o mesmo elefante por outro ângulo e observá-lo totalmente diferente. Por isso que ter a humildade para reconhecer sua própria parcela de culpa, sem passar em face os erros da outra parte, fará toda diferença.
Alguns dias depois, o irmão me procurou para dar o retorno daquela conversa e, para minha surpresa, o caso ficou ainda mais complicado. Ao detalhar como ocorreu a conversa ele me disse: “ao iniciar a conversa, eu pedi perdão, se de algum modo errei com ele em algo, mas uma coisa eu tinha certeza: o mais errado na questão era ele”. Agora você deve saber por que a situação piorou, não é?
Libere perdão
A liberação de coração para restauração deve ser desprovida do sentimento de quem é o certo ou errado na questão.
Recordo-me, quando ainda solteiro, por volta do ano 2000, quando estava com grande parte de minha família reunida para comemorarmos o aniversário da minha amada irmã, Carla Arcoverde. Tudo muito lindo e preparado para a grande ocasião. Permita-me uma observação: naquela época estava no auge contratar carros de som preparados para homenagens especiais em público – hoje isso não é tão interessante (risos) …
Para surpresa da aniversariante, o grande momento chegou. O carro estacionou e aí iniciamos as homenagens. O tráfego de veículos não ficou interrompido, porém um vizinho parou seu carro e começou a esbravejar ordenando que aquele carro saísse de onde estava porque não conseguiria passar (o detalhe é que outros veículos de mesmo porte haviam passado sem problemas). Alguns familiares retrucaram e eu, como cristão, tentei apaziguar a questão.
A partir daquele momento, aquele clima de alegria e confraternização acabou. Confesso que fiquei muito chateado com tudo o que aconteceu.
Fui ao meu quarto, dobrei meus joelhos e pedi perdão ao Senhor por ter ficado extremamente chateado com aquele senhor; e pedi a Deus a oportunidade de encontrá-lo para que pudesse liberar uma palavra de perdão e restauração.
No dia seguinte, estava retornando da Escola Dominical, desci do ônibus e entrei numa rua de acesso para casa. Dei poucos passos e o Espírito Santo me falou: “volte e vá por outra rua”. De pronto, obedeci. Quando estava no meio do caminho, aquele cidadão passa por mim, dirigindo seu carro. Ele faz um retorno e para na frente da casa de um vizinho.
Eu raramente o via com frequência e confesso que na hora disse ao Senhor: “Meu Pai Celeste, foi muito rápido reencontrar este homem. Ajuda-me e me concede sabedoria para abordar a questão, de modo que haja cura”.
Ao me aproximar, percebi que ele se referia ao episódio do dia anterior com aquele outro morador. Não tive dúvidas, me aproximei bem calmo e quando ele me viu gritou: “Não quero conversa! ” Eu disse: “Calma, meu querido! Eu vim aqui pedir perdão. Tudo poderia ter sido diferente”. Aquele homem parou, olhou para mim e fez a seguinte afirmação: “Eu é que lhe devo perdão! Eu estava extremamente estressado e de fato não poderia ter feito o que fiz!”.
1 Comentário
Que palavra abençoada, enriquecedora !! Precisamos ser rápidos em perdoar, porque Palavras são sementes e palavras repetidas são sementes regadas.