“Muitos proclamam a sua própria benignidade, mas o homem fiel, quem o achará?” (Provérbios 20.6).
Fidelidade é algo essencial e que não podemos negligenciar. Somos um ministério fundamentado na fé — e, por isso, ser fiel deve ser um valor evidente entre nós. O pastor Bud sempre nos lembrava disso: “Seja fiel.” Viver em fidelidade é a vontade de Deus para cada um de nós.
Aprenda a reconhecer e receber da unção que está fluindo sobre a sua vida no presente. Não permaneça se alimentando de fontes antigas que já não produzem mais. Quando novos líderes assumem, alguns tentam implementar uma nova visão e, sem perceber, acabam apagando parte do legado anterior. Outros preferem manter o que já vinha sendo feito. No caso do apóstolo Guto, ao assumir a liderança do Ministério Verbo da Vida, o legado do pastor Bud se tornou ainda mais evidente do que quando ele estava entre nós. Hoje, vivemos sob uma liderança marcada por honra e fidelidade.
Quero recomendar o livro “Em Busca de Timóteo”, que traz reflexões preciosas sobre esse tema.
“Por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que chegou até vós, como também em todo o mundo está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade, segundo fostes instruídos por Epafras, nosso amado conservo, e quanto a vós, fiel ministro de Cristo, o qual também nos relatou do vosso amor no Espírito.Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz” (Colossenses 1.5-12).
Na carta aos Colossenses, Paulo destaca que aquela igreja estava cheia de fé, amor e esperança. Ele também menciona Epafras, seu cooperador, que como pastor da igreja, pregava com clareza o evangelho da graça e o conhecimento da verdade. Essa firmeza na Palavra era o que sustentava a comunidade.
Mesmo não estando ao lado de Paulo diariamente ou na mesma cidade, Epafras era um exemplo de fidelidade e comprometimento com o ministério ao qual Paulo liderava. Isso nos mostra que é possível sermos fiéis à nossa liderança mesmo à distância, em nossas próprias localidades.
Com o tempo e diante de tantas responsabilidades, é comum focarmos mais no que ainda falta ser feito do que no que já está sendo realizado. No entanto, quando Epafras se encontrou com Paulo, ele destacou o quanto era grato pelas boas obras que os membros da igreja estavam fazendo no presente.
Precisamos manter em nosso coração a consciência daquilo que está sendo feito com excelência, para que não nos cansemos facilmente e não nos frustremos esperando frutos que ainda estão sendo gerados.
Epafras também era um homem de oração. Paulo não apenas ouviu falar disso — ele viu. Mais importante do que falar sobre oração é viver uma vida de oração. As pessoas seguirão o seu exemplo, não apenas suas palavras.
“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1.13).
“Saúda-te Epafras, prisioneiro comigo em Cristo Jesus” (Filemom 1.23).
Epafras foi preso junto com Paulo. Alguns estudiosos afirmam que, por estar próximo de Paulo quando este foi detido, Epafras foi condenado também — simplesmente por estar ao lado de alguém que pregava o evangelho. Isso nos leva a refletir: qual o nível de fidelidade que estamos dispostos a viver? Estaríamos prontos para abrir mão de tudo por lealdade à visão que Deus confiou à nossa liderança?
Segundo o dicionário, fidelidade é definida como firmeza de propósitos e constância. É algo que pode — e deve — ser percebido. Muitas vezes, quem está de fora enxerga com mais clareza a fidelidade do que quem está envolvido emocionalmente com a situação. É fácil nos enganarmos, achando que estamos sendo fiéis apenas por sentirmos assim. Mas fidelidade não se mede por sentimentos. 99% de fidelidade e 1% de infidelidade ainda é infidelidade.
Fidelidade se revela por meio de atitudes justas, comprometimento com uma causa, integridade, sinceridade e lealdade genuína. Em contrapartida, infidelidade e falsidade são atitudes contrárias. Falsidade é quando há incoerência entre o que está no coração e o que é dito. Por isso, a fidelidade precisa estar no coração — mas também nos nossos atos. Caso contrário, é apenas aparência.
A Bíblia estabelece um padrão claro de fidelidade
Em Mateus 25.16, vemos que o servo que recebeu cinco talentos trabalhou e produziu outros cinco. Isso mostra que uma resposta rápida ao que Deus nos confia é sinal de fidelidade. A obediência tardia, por outro lado, é desobediência. No livro Os Dons do Ministério, há uma citação importante: algumas pessoas que estão no ministério ou não foram chamadas por Deus, ou estão sendo infiéis ao chamado, pois Deus nunca planejou fracassos espirituais. Ele não escolhe uns para prosperar e outros para falhar. Cabe a nós aplicar o chamado à nossa vida com zelo e perseverança.
O ministério é como um casamento. Muitas vezes, os primeiros anos exigem grandes sacrifícios. Mas se você tem convicção do seu chamado, permaneça firme — não importa o preço a ser pago.
Independentemente da fase em que você esteja em sua caminhada espiritual, saiba que haverá lutas. E sim, será necessário passar por sofrimentos para manter-se fiel. Por isso, nossa consagração deve ser total: “Para cima ou para baixo, nadando ou afundando, vivendo ou morrendo, permanecerei firme, porque sei que Deus me chamou.” Quando essa é a nossa postura, as circunstâncias acabam se curvando diante da fidelidade. Mesmo em meio às dificuldades, seguimos adiante, porque fomos chamados.
Você pode estar a uma fidelidade de distância da resposta das suas orações. A fidelidade abre portas que você nem imagina. Precisamos renovar a visão que temos do nosso futuro.
A graça de Deus pode nos colocar em estações que exigem mais entrega do que gostaríamos de oferecer. Mas a mesma graça que exige é a graça que sustenta — e o Deus da graça é também aquele que recompensa. Talvez não no tempo que esperamos ou da forma que desejamos, mas Ele está observando a fidelidade do nosso coração. O mais interessante é que, quando a fidelidade é genuína, ela transforma nossas atitudes de forma imediata.
“Também Mefibosete, neto de Saul, desceu ao encontro do rei; não tinha tratado dos pés, nem fazia a barba, nem lavava as vestes, desde o dia em que o rei partira até ao dia em que voltou em paz. Tendo ele chegado a Jerusalém ao encontro do rei, este lhe perguntou: Por que não foste comigo, Mefibosete? Respondeu ele: Ó rei, meu senhor, o meu servo me enganou; porque eu, teu servo, dizia: albardarei um jumento, montarei nele e irei com o rei, pois o teu servo é coxo. Ele falsamente me acusou diante do rei, meu senhor; porém o rei, meu senhor, é como um anjo de Deus; faze, pois, o que melhor te parecer. Porque toda a casa de meu pai não era senão de homens condenados à morte diante do rei, meu senhor; contudo, puseste o teu servo entre os que comem à tua mesa. Que direito, pois, ainda tenho? Que mais poderia pedir ao rei? Disse-lhe o rei: Por que ainda falas dos teus negócios? Já disse eu: repartirás com Ziba as terras. Então, disse Mefibosete ao rei: Que ele as leve todas, uma vez que tenha o rei, meu senhor, voltado em paz à sua casa” (II Samuel 19.24-30).
Fidelidade é a melhor forma de responder à graça de Deus. É quando valorizamos o que Ele já fez em nossa vida a ponto de abrir mão de zonas de conforto. A fidelidade nos faz enxergar o que realmente importa. Mais do que conforto ou estabilidade financeira, é estar conectado, com fidelidade, àquilo que Deus estabeleceu para nós.
A graça de Deus nos capacita a enfrentar desconfortos naturais, quando dizemos “sim” ao seu chamado. E, com isso, veremos sua recompensa se manifestar. A atitude do nosso coração é determinante para o que Deus fará em nossa história.
O que Deus está pedindo de você é simples: a fidelidade do seu coração.
Quando um piloto está decolando, chega um momento chamado “V1”, em que ele precisa tirar as mãos do controle. A partir dali, não há mais como voltar. Tudo o que precisava ser feito já foi feito — agora é hora de confiar e permitir que o avião decole. Da mesma forma, chega um ponto na nossa vida em que precisamos soltar o controle e deixar Deus conduzir. E, nesse momento, não há mais volta.
*Trechos da mensagem do dia 10 de abril, na Reunião Anual de Pastores e Diretorias 2025.