Dificilmente você nunca precisou sofrer a morte ou privação de um parente, amigo ou algo especial. A todo momento nos confrontamos com situações de perda e percebemos diferentes reações naqueles que a sofreram. A cobrança para que mudem de atitude e parem de lamentar é grande, mas precisamos entender o sofrimento e saber quando devemos amparar e até onde existe uma normalidade no luto.
Quero tratar aqui diferentes tipos de luto, não apenas aquele em que alguém morre, mas também o luto pela separação, distância, doença, divórcio e até mesmo de objetos que valorizávamos, tudo o que damos grande importância na medida que perdemos o contato, seja por um tempo ou para sempre, causa dor e até mesmo um sentimento de luto.
Quem vive uma separação no casamento sabe que a sensação é de uma viuvez, afinal não é apenas uma separação de corpos, mas a morte de um sonho. Quando se decide casar nunca passa pela cabeça dos noivos uma separação, sempre há aquela sensação que passarão por tudo e sobreviverão a toda tempestade, pois o amor prevalecerá. Mas, se infelizmente a separação acontece (vale salientar que muitos casais se separam, mas continuam sobre o mesmo teto), é como se aquela pessoa que você escolheu para envelhecerem juntos não existisse mais. Há inclusive uma dificuldade por parte desses casais de visualizar o futuro em curto prazo, fazer planos, se ver alcançando coisas, a menos que a separação já esteja muito bem resolvida dentro desta pessoa.
Tantos outros têm sofrido por perder algo material e entram em um estado depressivo por não terem mais aquilo que lhes era importante. Roubo, um processo judicial, falência, nome (reputação) manchado, perda dos dados da memória do seu computador e tantos outros prejuízos podem acontecer e talvez nem se recupere tudo o que perdeu. Dependendo do vínculo que se tinha com tais coisas, a sensação de impotência é grande e traz um sofrimento por nada poder ser feito ou da solução não depender de você mesmo. Podemos até pensar que isso é um luto da vida moderna, quando na verdade o próprio Jesus, há tantos anos atrás, já nos alertou quanto à ansiedade em relação as “coisas”, sabendo Ele que nas adversidades sofreríamos por não termos algo que desejamos ou até mesmo por termos perdido uma preciosidade. Então, Jesus nos aconselhou:
“Não andeis, pois, ansiosos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”.(Mt 6.31-34)
Existe um mau diário que enfrentamos diante das faltas e dificuldades, a diferença entre quem as vive é a forma como encaram os problemas e como conseguem pensar no futuro e em soluções para vencer cada circunstância.
Chorar parece inevitável diante da morte ou de uma perda. Quantas vezes já ouvimos: “acho que você já chorou demais” ou “está na hora de seguir em frente”?. As lágrimas nem sempre são um sinal de fraqueza, mas sim um recurso que nosso próprio corpo produz para diminuir o nível de stress. Realmente existe um período de tolerância a tanto sofrimento, apesar de cada um ter um tempo diferente para elaborar o seu luto. O termômetro para identificar o grau e o tempo deve ser se aquele que vive o luto tem perdido mais coisas como conseqüência do sofrimento, se em algum momento tem se permitido ver outras coisas além do sentimento e ou se tem regredido muito diante das pequenas melhoras.
Se você tem passado por algumas dessas circunstâncias ou conhece alguém que esteja e quer ajudar, eu não estou aqui para dizer que um mês é o necessário e que um ano é o limite para sofrer uma perda, mas para explicar que existe um processo pelo qual a pessoa que sofreu a perda irá passar e ele se constitui de algumas fases, como: associar a perda, entendendo que aquela pessoa ou material não estará mais com ele e começar a perceber que existe a continuação da vida após todo esse sofrimento, um novo caminho, novos planos, um rumo diferente, que trará ainda lembranças, mas que isso é natural.
O importante é, aos poucos, se abrir para novas oportunidades e cada um reconhecer a sua individualidade e capacidade de prosseguir. Em Salmos 30, no versículo 5, lemos que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria do Senhor vem ao amanhecer”. Existe uma alegria depositada dentro de você e uma força que talvez desconheça para continuar. É preciso se permitir viver momentos de alegria para passar pelos momentos de tristeza. Se reconcilie com você mesmo e abra os olhos para novas possibilidades em Deus, com certeza fluirá de dentro de você, na medida que permitir que isso aconteça, boas ideias, força, alegria e paz.
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E verdade Klicya.
E verdade Klicya.