Profetas desequilibrados?

Existe um mito, aceito por alguns no corpo de Cristo, que os profetas são desequilibrados ou descontrolados. Em vista disto, eu pensei e estudei o assunto. Pesquisando na Bíblia, não encontrei base para este tipo de conceito ou, senão, preconceito.

Como sabemos, o espírito sobre Jesus era sem medida, logo, Ele desfrutava dos cinco dons do ministério operando sobre sua vida. Ele era ao mesmo tempo apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre. Logo, se quisermos ter uma boa referência ministerial, em qualquer que seja o chamado, nada melhor do que olhar para Jesus. Sendo assim, eu decidi observá-Lo, para ver se encontrava alguma referência de desequilíbrio ou descontrole.

Contudo, não encontrei nenhum desses traços no profeta Jesus, ao invés disso, me deparei com um homem sensível ao Espírito Santo, que em cada ocasião agia de acordo com a direção que estava em seu coração, algumas vezes agia de forma mais dura, outras vezes mais mansa, mas nunca descontroladamente.

Vejamos três situações:

 “tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas, e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.” (João 2.15, 16)

No templo, o profeta Jesus estava indignado com o pecado que havia naquele lugar, e essa ocasião exigia dele uma atitude mais dura, rígida, mas nem por isso ele perdeu o controle emocional, apenas teve a percepção que aquelas pessoas não poderiam ouvir a verdade de uma forma mais serena, eles só prestariam atenção se Jesus fosse mais agressivo com o pecado, e foi o que Ele fez.

“Disse –lhe Jesus : Vai, chama teu marido e vem cá; ao que lhe respondeu a mulher : Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu é profeta!” (João 4.16-19)

Nesta outra ocasião, Jesus estava sentado junto ao um poço, conversando com a mulher samaritana, Ele não estava pregando para uma multidão, apenas tendo um bom papo que resultou na salvação desta e de toda aquela cidade. E nessa conversa, o dom de palavra de conhecimento operou para alcançar aquela mulher, eu não sei se você percebe que se Ele conversava, Ele falava em um tom de voz normal, sem nenhum alvoroço. Mas, ela reconheceu que Ele era profeta.

“Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.” (João 1.48).

Um pouco antes dessa passagem acima, no mesmo texto, Natanael tinha perguntado a Filipe se de Nazaré poderia sair alguma coisa boa, isso em referência a Jesus e, imediatamente Jesus se encontrou com ambos, pelo Espírito, Ele soube o que Natanael tinha pensado debaixo da figueira. Era uma revelação. Pelo quadro descrito dá para perceber que Ele falou com uma entonação normal, como uma pessoa que acaba de conhecer alguém.

É falsa a ideia de que os profetas são desequilibrados, teremos sim pessoas que são mais agitadas do que outras, ou ministros que são imaturos, e como tais são descontrolados. Mas, um profeta maduro é semelhante a Jesus, age em cada momento guiado pelo espírito.

Talvez, em alguns momentos, seja mais veemente como João Batista, chamando os religiosos da sua época de “raça de víboras”, ou como o profeta Ágabo que apenas revelou que estava por vir grande fome, e foi o que aconteceu nos dias do imperador Cláudio.

Em outras palavras, estou lhe mostrando com base na Palavra que é errôneo pensar que os profetas são pessoas descontroladas, de fato, encontramos alguns que são assim no Corpo de Cristo. Todavia, é só uma questão de aprender a se mover na direção que recebeu. O que falta é instrução e maturidade. Pode até ser que a sensibilidade dos profetas, daqueles que já estão operando neste chamado ministerial, esteja mais aguçada para perceber algumas coisas, e é possível que, por conta disto, tenham atitudes que aos nossos olhos são loucas, mas, nem por isso a Bíblia deixou de alertar:

 “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas” (I Coríntios 14.32)

A palavra “sujeito” no original grego é “hupotasso”, e significa subordinação, obediência, submissão, ou seja, os espíritos dos profetas devem estar sob o controle e responsabilidade de quem possui esse chamado. Cabe a quem possui um chamado ministerial para ser profeta, estudar a Palavra de Deus, ter uma vida consagrada e assim aprender a controlar seu espírito.

É como já ouvi o professor Manoel Dias dizer: “precisamos entrar no mover com elegância e sair com elegância”, não é deixar de ser quem somos, agitados, impetuosos, mas, simplesmente desenvolvermos uma maturidade pela qual saberemos a hora de manifestar os dons, como também a hora de concluir. Controlando-nos emocionalmente.

O profeta também não exalta a si mesmo como se fosse especial, exclusivo, no reino de Deus, ao invés disso, o espírito de profecia exalta a Jesus, anunciando seu retorno. Portanto, os profetas não são entusiastas, mas são servos tementes a Deus, cheios da Palavra da verdade, prudentes, zelosos com as revelações que recebem.

É possível que você esteja pensando: “Por que é necessário eu aprender sobre esse assunto?”, porque “Revolução” também significa” transformação de mentalidade”, e desde o dia em que nos entregamos a Jesus, somos chamados a pensar de acordo com o novo reino ao qual pertencemos, a pensar em linha com a Palavra de Deus.

O livro de Atos relata os judeus de Beréia, que receberam a Palavra de Deus examinando as escrituras para comprovar se o que ouviam estava de acordo com o que estava escrito, do mesmo modo podemos aprender o que a bíblia nos ensina a respeito de cada assunto.

Quanto mais soubermos da Palavra de Deus, mais iremos desfrutar dos seus frutos, não restam dúvidas de que nem todos são profetas ou possuem outro chamado nos cinco dons ministeriais. Contudo, qualquer cristão pode profetizar pela inspiração do Espírito Santo e Paulo incentivou toda a igreja a buscar o dom de profecia, que é falar aos homens edificando, exortando e consolando (I Coríntios 14.1,3)

Nesses últimos dia, Deus manifestará a Sua glória como nunca antes foi vista, através do ensino que liberta e dos dons do espírito que atraem as multidões, mas, para isso, precisamos aprender sobre tais assuntos. E mesmo que não sejamos profetas, podemos aprender e assim estarmos prontos a sermos usados por Deus da maneira bíblica… equilibrada.