“Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5.7)

São muitos os cristãos que, todos os dias e até mesmo várias vezes ao dia, se apropriam dessa afirmação de Paulo com a intenção de dizer o seguinte: “Eu não tô nem aí para os meus sentimentos e as minhas emoções, eu vivo é pela fé!”. Porém, muitas dessas pessoas, enquanto assim afirmam, convivem com a derrota de si mesmos para o descontrole das emoções, a inevitável consequência dos pensamentos derrotistas e a falta de pudor para fazer escolhas de qualidade.

Portanto, gostaria de contar com a sua atenção para observar alguns detalhes importantes nessa afirmação e considerar uma possível compreensão incompleta, senão equivocada, do que Paulo está realmente declarando.

De fato, quando o nosso querido Paulo afirmou “e não pelo que vemos”, ele se refere às faculdades mentais, emocionais e à vontade humana – em outras palavras, a nossa alma – como coadjuvante na liderança do espírito. Paulo não quis dizer que a vida de fé não inclui a esfera intelectual e emocional da vida humana. Ele está na verdade nos contando como a vida deve funcionar na sua originalidade – de dentro para fora.

Observe que, antes disso, ele afirmou: “Visto que andamos por fé”. Você viu?  “Andamos”. Portanto, trata-se de um estilo de vida orientado pela autoridade da fé e das coisas do coração. O escritor da segunda carta aos Coríntios está estabelecendo uma ordem na direção da vida: a fé, que é do espírito, deve nortear e dar o verdadeiro propósito ao ver ou sentir, que é da alma.

No contexto, Paulo está falando sobre a esperança do porvir – “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (5.1) – e sublinha: “Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (v. 7). Ele está enfatizando: “A minha expectativa de vida não se resume ao presente – ao corpo físico, aos resultados imediatos e às percepções naturais. Eu vivo e defino minhas escolhas em função da eternidade.” A alma e o corpo precisam compor as ações que ecoarão eternidade a dentro, e isso envolve a qualidade dos nossos pensamentos e emoções.

Assim, viver pela fé não significa ignorar, desprezar ou anular a capacidade de pensar e decidir, ou mesmo as emoções. Significa sim, a proeminência do espírito humano recriado e da natureza divina equipando a vida com um conteúdo e um sentido que a faça valer a pena, pois somos seres eternos.  Não há como optarmos: “Vou viver pela fé e você, alma, dê o fora”. A opção deve ser: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor!” (Salmos 103.1).

O próprio Paulo fala sobre a renovação da mente como parte totalmente inseparável da metamorfose da vida – quando interiorizamos os valores eternos e exteriorizamos uma eternidade de valor. E isso através da fé, da transformação da mente e do treinamento e amadurecimento das emoções, e consequentemente da nossa conduta nos relacionamentos e assim por diante (Rm 12.1,2).

1 Comentário

  • O que minha língua não “soube” dizer, sua escrita expressou perfeitamente os pensamentos de minha alma.

    Deus o abençõe mais.

    thiana

    Resposta

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