por Manassés Guerra

No sombrio Salmo 22 encontramos o Filho de Deus se entregando à morte, para ser subjugado pelo poder do mal e das trevas, na substituição que libertaria para sempre aqueles que estavam detidos no poder da morte. Tempos depois, o escritor aos hebreus interpreta o que Davi predisse profeticamente: “Para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo” (Hebreus 2.24).

Enquanto canta o seu lamento, sob a inspiração do Espírito Onisciente, Davi relata antecipadamente os eventos que transcorrem desde o momento em que Cristo tornou-se vulnerável tal qual os pecadores – no jardim da entrega – até a prisão obscura dos espíritos condenados.

Davi, mesmo não presenciando a cena da cruz, enxerga além das cortinas dos sentidos. Vê antecipadamente os homens iníquos que julgaram, torturaram e mataram Jesus – “Cães me rodearam! Um bando de homens maus me cercou! Perfuraram minhas mãos e meus pés” (Salmo 22.16). Davi vai mais adiante na exposição dos detalhes.

Sob divina inspiração, consegue ver os mesmos torturadores da raça humana, ele vê os agentes das trevas que, como aves de rapina, se alvoroçam imediatamente sobre o Filho de Deus, conduzido desde o Getsêmani para a cruz e para um lugar mais além – o calabouço das trevas.

Entregando a sua vida como oferta pelo pecado, Jesus ficou enfermo, para que a cura de Deus viesse sobre nós: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar. E pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.10,5 – ARA). A versão NVI traz assim o versículo 10: “Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer”. Sem revelação, na cruz, víamos Jesus como o pior dos fracassados: “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Isaías 53.4).

Não sabíamos nós que o Pai, juntamente com os céus e seus anjos, retiravam-se dele. E para que isso acontecesse, Deus precisou apenas que Jesus dissesse sim, no Jardim – e ele disse sim: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22.42). Deus o abandonou à mesma fragilidade dos mortais. Tudo isso para nos ter de volta nos seus braços.

O sim de Jesus foi o portal para a desgraça própria e consciente. Ele saiu do Reino da Luz e adentrou o Império das Trevas. Neste momento, não como o poderoso guerreiro de Deus, mas como um dos muitos, na multidão dos condenados. Mas ele sabia exatamente onde chegaria. Em nenhum momento deixou de confessar a sua confiança: “Tu, porém, Senhor, não fiques distante! Ó minha força, vem logo em meu Socorro” (Salmo 22.19,31). Ansiando o momento que ressuscitaria para ser o primogênito dos mortos, Jesus jamais se deixaria abater.

Extraído do livro “CRÔNICAS DE DAVI NO REINO DO MESSIAS” | Manassés Guerra

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