por Marcelo Saraiva
Deus tem falado conosco de várias maneiras. Coisas que o próprio Espírito Santo ministra ao nosso coração. Mas, depois que Ele fala, o que vamos fazer? Às vezes, recebemos uma profecia e esperamos que algo aconteça automaticamente, mas não é isso que a Bíblia afirma.
“Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé” (I Timóteo 1.19).
Timóteo recebeu uma palavra de Deus inspirada através do próprio Paulo. Depois de receber, ele tinha que fazer algo. É preciso fazer algo a respeito daquilo que Deus fala conosco, é nosso dever. Depois que o Senhor fala, precisamos fazer algo, caso contrário, nada acontecerá.
Existe uma responsabilidade dada a cada um de nós. Se Deus tem falado conosco, é nosso dever pegar essas palavras e fazer com que aquilo se manifeste em nossas vidas.
Não é porque o céu está sobre as nossas cabeças que as bênçãos vão cair como mangas maduras. Precisamos fazer algo! Se fizermos algo com aquilo que foi dito, vai acontecer. Se não fizermos nada, nada será feito. Não é tão vantajoso Deus estar insistindo em falar a mesma coisa para nós, isso indica que estamos negligentes e é necessário que Ele esteja nos despertando.
Quando falo sobre o que Deus tem falado conosco, não me refiro apenas à chamada ministerial, me refiro a uma vida de sucesso. O plano que Deus tem para nós é de sucesso e esse plano não é copiar o outro, mas obedecer aquilo que Deus tem falado ao nosso coração. Para que isso aconteça, precisamos fazer o dever de casa, essa é nossa responsabilidade.
“Esse é o dever que te encarrego, ó filho Timóteo, que segundo as profecias, por elas combate o bom combate” (I Timóteo 1.18-10).
É um dever, é uma responsabilidade intransferível. Não podemos transferir essa responsabilidade de combater o bom combate para outros. De fato, a Bíblia aborda muito sobre responsabilidades que um cristão tem.
É nossa responsabilidade aumentar a nossa fé. E como o fazer? Ouvindo a Palavra, aumentando o tempo de exposição a ela, leitura, meditação e confissão.
A Bíblia ordena em Efésios 5.18 “enchei-vos do Espírito” e nós somos o sujeito desta oração. Na Palavra também lemos “guardai-vos”, “amai-vos”, “admoestai-vos”, “revesti-vos”, “perdoai-vos”, “consolai-vos”, “desembaraçando-nos”. Tudo isso mostra a nossa iniciativa em desfrutar de algo que já está disponível.
Antes de combater o bom combate a respeito de uma profecia, precisamos nos inteirar se realmente foi Deus que falou. A Bíblia é inspirada por Deus e, mesmo assim, é possível interpretá-la diferente, tirar textos dos contextos e inventar pretextos. Da mesma forma, podemos interpretar uma profecia de forma equivocada. Por isso, antes de agarrar uma profecia, se inteire que realmente foi Deus que falou, senão, trará confusão nas nossas vidas e na igreja local.
A Bíblia nos orienta para julgarmos as profecias:
- O que foi dito é bíblico?
- Glorifica a Jesus?
- Deus já tem tratado isso em seu coração?
Deus chama e capacita, mas Ele não é Deus de confusão. Se estamos em comunhão com Deus, a pessoa mais qualificada para saber ao nosso respeito somos nós.
“E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam. E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome Ágabo; E, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém. Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus. E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor” (Atos 21.8-14).
O que caracteriza uma profecia não é uma encenação ou um ato, mas uma Palavra inspirada. Entenda que Ágabo não quis controlar a vida de Paulo, dizendo “vá ou não vá”, mas apenas comunicar algo. Paulo ouviu, entendeu, ficou firme, embora as pessoas estivessem tentando convencê-lo do contrário. Por que ele ficou firme? Por que Deus não é Deus de confusão.
“E agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, Senão o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (Atos 20.22-24).
No capítulo 20, Paulo já sabia aquilo que o Espírito Santo vinha falando. Ele estava inteirado dessas verdades. Quando Ágabo chegou, só confirmou aquilo que Deus já estava falando em momentos anteriores. Se o Senhor não vem tratando em nosso coração, dando algumas notas e sinalizações, Ele não vai falar sobre isso por alguém primeiro.
Timóteo tinha um dever, uma incumbência, uma tarefa, e essa responsabilidade não deveria ser transferida para ninguém. Se Deus falou, precisamos fazer algo! Conservando a fé e uma boa consciência.
A fé resulta da comunhão com a Palavra. Ela começa quando se compreende a vontade de Deus e vem pelo ouvir a Palavra. Temos que manter o bom depósito do coração cheio de fé, sempre ouvindo e meditando na Palavra.
“Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido” (Josué 1.8).
Fazemos o nosso caminho prosperar e somos bem sucedidos quando pegamos a Palavra e meditamos dia e noite, enchendo o coração. Não andar com uma boa consciência, faz com que a pessoa naufrague na fé, a exemplo de Himeneu e Alexandre, como Paulo citou.
A palavra “consciência” resulta da adição de duas outras Palavras: “saber” e “como”. Ou seja, com Deus sabemos como nossa vida está e como não deve estar, conservando a fé e uma boa consciência.
I Coríntios 11.28 diz: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice”. A consciência é como um painel de instrumento, que mostra o bom funcionamento da nossa vida espiritual. Pergunte a si mesmo: tenho feito a vontade do Pai? Temos que sondar o nosso coração, porque consciência é saber por dentro.
Em Atos 27.9-25 lemos que a informação de fora era diferente da que estava dentro do coração de Paulo. Por dentro tinha perigo, mas por fora estava tudo tranquilo. O plano de Deus não era que Paulo e aqueles homens passassem por essa situação, mas eles não ouviram a instrução.
Quem é guiado pelo Espírito evita danos e perdas!