por Thiago Freitas

Embora o paganismo greco-romano e o judaísmo sustentassem uma grande variedade de crenças sobre a vida além da morte, os cristãos primitivos eram extremamente unânimes sobre o assunto.

Muitos crentes tem a vaga impressão de que iremos para o céu, e lá passaremos toda a eternidade. Talvez por falharem em entender determinadas porções do Novo Testamento. Quando Paulo fala em Filipenses 3.20-21 que “nossa pátria está nos céus”, ele não está dizendo que iremos para lá quando terminarmos nossa obra aqui. O texto diz que Jesus virá do céu a fim de transformar nosso corpo presente em um corpo glorioso como o d’Ele, e que fará isso por meio “do poder que Ele tem de subordinar a si todas as coisas”. Em suma, o Jesus ressuscitado é o modelo para o corpo futuro do cristão e o meio pelo qual ele virá à existência.

O texto de Colossenses 3.1-4 diz, de forma semelhante, que quando Cristo – que é a nossa vida – se manifestar, nós também seremos manifestados com Ele, em glória. No presente, já temos vida n’Ele, e essa nova vida que possuímos (invisível para o mundo), irromperá em plena realidade e visibilidade corpórea.

A passagem mais clara está em Romanos 8.9-11. Se o Espírito de Deus habita em vocês, diz Paulo, então “aquele que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também os seus corpos mortais, por meio do seu Espírito”. Deus dará vida, não a um espírito sem corpo, mas a seus “corpos mortais”.

Paulo não é o único no Novo Testamento a sustentar tal ensino. João declara que, quando Jesus “se manifestar”, seremos “semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é” (I João 3.1-3). O corpo ressurreto de Jesus, que no presente é quase inimaginável para nós em sua glória e poder, será o modelo do nosso corpo.

Preciso detalhar ainda mais uma questão que tratei no início: o que Jesus quis dizer quando declarou que havia muitas “moradas” na casa do seu pai? (João14.2). Essa expressão tem sido usada, de modo geral, no contexto de perda ou desolação, com o sentido de que os mortos (ou ao menos os mortos cristãos) simplesmente irão para o céu para sempre, em vez de serem ressuscitados para uma nova vida corpórea.

Porém, a palavra usada aqui para “moradas” é monai, normalmente usada no grego para designar não um descanso eterno, mas uma escala durante uma viagem para algum outro lugar, no futuro. Para os que morrerem na fé, antes da ressurreição, a promessa é de estar com Jesus.

Nas palavras de Paulo aos filipenses, morrer é “partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Filipenses 1.23). Ressurreição nada tem a ver com esse pensamento. Não é uma maneira de se referir à “vida após a morte”. Ressurreição é uma nova vida corpórea após algum tipo de existência depois da morte.

O que podemos dizer sobre passagens como a de I Pedro 1, onde fala de uma salvação que “está reservada nos céus”? Para a maioria dos cristãos, essa passagem está dizendo que o céu é o lugar onde iremos receber a “salvação”, ou mesmo que a “salvação” consiste em irmos para o céu quando morrermos. O que Pedro está dizendo é que o céu é o lugar onde os propósitos de Deus para o futuro estão guardados. Eles não permanecerão ali para sempre, pois nesse caso seria necessário ir ao céu para desfrutar deles, mas é ali que eles são mantidos a salvo, até o dia em que se tornarão realidade na terra.

A herança futura de Deus, o novo mundo incorruptível e os novos corpos que devem habitar esse novo mundo recriado, já estão mantidos a salvo esperando por nós. Eles serão trazidos a este mundo, no novo céu e na nova terra.

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