por Tony Cooke
(Introdução do Livro: O Fim da Igreja Espectadora)
Eu provavelmente deveria confessar desde o começo deste livro: cresci como um espectador na igreja, como um mero observador. Na igreja tradicional que eu frequentava, nunca me ocorreu que houvesse alguma maneira de estar envolvido, a não ser pela oportunidade ocasional de servir na equipe de recepção. Os membros se candidatavam a ficar no saguão, dando as boas-vindas às pessoas ao culto e entregando um boletim. Fiz isso uma vez nos anos da minha adolescência. Estou certo de que havia diversas áreas nas quais as pessoas estavam envolvidas, mas eu as ignorava. Pensando no assunto, havia o coral, mas eu não era inclinado a cantar, portanto essa não era uma opção. Eu era basicamente um esquentador de banco e estava muito contente com esse papel.
Além dessas poucas funções voluntárias, eu sabia sobre o pastor, o sacerdote, o pregador. Ele era o homem de Deus. Estava em uma classe totalmente diferente de mim como um homem do povo. Imagino que eu o reverenciasse de uma certa forma, supondo que ele tinha algum tipo de conexão com Deus que eu não tinha, mas lembro-me de pensar que pregar não era uma tarefa desejável. Por volta da oitava série, fiquei aterrorizando enquanto, ao andar em uma montanha-russa pela primeira vez, e com um medo avassalador, orei em silêncio: “Deus se o Senhor me tirar desta coisa, eu me tornarei um pregador”. Assim que desci da montanha-russa, esperei que Deus tivesse entendido que eu realmente só havia dito aquilo sob a pressão do momento.
Embora eu respeitasse Deus, a Bíblia e a igreja, os cultos não eram algo de que eu realmente gostasse. Quando eu era uma criança ainda menor, lembro-me de dizer aos meus pais que a igreja era monótona e que eu não entendia o que estava sendo dito. Em algumas ocasiões, eu me livrava dos cultos de domingo de manhã dizendo que estava com dor de estômago. Eles rapidamente entendiam a situação quando percebiam que eu ficava perfeitamente bem durante todo o dia de sábado e me recuperava de forma notável bem a tempo de sair e brincar com os amigos no domingo à tarde. A eficácia dessa esperteza teve vida muito curta.
No verão, depois da terceira série, eu realmente me tornei um fugitivo da Escola Bíblica de Férias. Eu resistia à ideia de ir à igreja durante a semana inteira (brincar com os amigos da vizinhança era muito mais divertido), mas minha mãe me obrigava a ir à EBF mesmo assim. Ela concordou quando pedi que não me acompanhasse até dentro do prédio para fazer minha inscrição. No entanto, ela não previu que eu ficaria do lado de dentro da porta somente até ela partir com o carro e que depois fugiria até um shopping center próximo e passaria algumas horas matando tempo, antes de andar alguns quilômetros pela rodovia (fora dos limites da cidade) de volta para casa.
Minha mãe ficou confusa e desconfiada quando eu apareci em casa inesperadamente, de modo que expliquei a ela que a EBF havia nos liberado mais cedo e que o pai de alguém havia me deixado em casa. Aquela desculpa esfarrapada não conseguiu convencê-la, e quando ela telefonou para a igreja e descobriu que eu não havia sequer me matriculado, fiquei totalmente sem saída. No dia seguinte, ela me escoltou até dentro do prédio e até à sala de aula. Não vou entrar nos detalhes sobre o tempo durante o ensino médio quando me escondi por algumas horas em cima de um guarda-roupas para não participar de um evento da juventude na igreja no domingo à noite.
Quando eu era um menino, as crianças se sentavam com seus pais durante o culto de adultos no domingo de manhã. Não havia programações divertidas de entretenimento para as crianças, mas eu conseguia usar um lápis muito pequeno e desenhar nas costas do boletim. Batman e armas eram os temas favoritos das minhas obras de arte, o que me ajudava um pouco a passar o tempo.
Embora eu geralmente não estivesse envolvido nos cultos da igreja, ainda havia benefícios definidos em estar ali. Na época, eu não considerava a igreja empolgante ou divertida, mas agora sou grato por ter ouvido e conhecido algumas verdades muito poderosas. Aprendi sobre os Dez Mandamentos e o Sermão do Monte. Recitávamos semanalmente a Oração do Pai Nosso e o Credo dos Apóstolos, e alguns dos hinos me impactaram de uma forma que eu não reconhecia na época. Sou profundamente grato por todos eles. Ainda assim, não me lembro de ter sido encorajado a servir ou me envolver. É possível até que isso tenha sido mencionado e eu meramente não estivesse ouvindo. Para mim, igreja significava simplesmente participar de um culto e fazer as coisas por fazer. Eu era, tão somente, um espectador.
Como adulto, agora entendo que houve algumas vezes em que um versículo em particular era lido na igreja e aquilo deixava uma impressão significativa sobre a minha vida. Apesar de não me sentir entusiasmado em estar ali, o Espírito Santo, ainda assim, de vez em quando pegava alguma coisa que era dita e marcava essa verdade em meu coração. Estou dizendo tudo isto para comunicar que ser um espectador na igreja ainda pode render ricos benefícios. Embora Deus tenha mais do que isso para nós, sou verdadeiramente grato e reconheço quando as pessoas se colocam em um lugar onde podem honrar a Ele, receber a Sua Palavra e estar junto com o Seu povo.
Talvez, nesse sentido, todos nós precisemos agir um pouco como “espectadores”, mas espero que não paremos por aí. Cedo no ministério de Jesus, encontramos duas vezes a frase “Vinde e vede” (João 1:39, 46). Essa frase foi direcionada a André e Natanael, e eles com certeza foram espectadores por algum tempo. Mas enquanto estavam com Jesus, esses homens foram ensinados e finalmente passaram a estar altamente envolvidos e ativos em servir a Deus.
Observar, ouvir e aprender na igreja não é um fim em si mesmo, mas deve ser uma plataforma de lançamento para o engajamento ativo e o serviço dinâmico. Entendo que muitos irão a um culto na igreja apenas para ver do que se trata. Celebramos esse tipo de exploração, mas também podemos orar para que esses curiosos eventualmente se envolvam com Deus e com o Corpo de Cristo de uma maneira profunda e significativa.
Ao ler este livro, oro para que seu coração seja despertado para a plenitude do destino que Deus tem para a sua vida. Ele tem um plano e um propósito para você. Ele quer que você receba abundantemente, mas também deseja muito que a abundância flua através de você para outros. Meu grande desejo é que você se localize nos capítulos a seguir, que descubra as graças, os dons e o potencial que Deus colocou em seu interior, e que experimente a imensurável realização e gratidão como resultado de fazer o que você nasceu para fazer. Tendo isso em mente, vamos explorar como podemos pôr um fim à ideia de uma igreja meramente espectadora, para descobrir como Deus deseja tão grandemente mobilizar e fortalecer você e todo o Seu povo nestes últimos dias.
Antes de entrarmos no primeiro capítulo, deixe-me compartilhar uma ilustração que preparará o cenário para a mentalidade que estamos procurando promover através deste livro.
NAVIO DE CRUZEIRO OU NAVIO DE GUERRA?
Você já ouviu alguém gritar: “Todos ao convés!”? ou “Todos à batalha!”? Essas convocações urgentes são ouvidas em um navio de guerra durante tempos de guerra. Você não ouvirá essas frases em um cruzeiro pelo Caribe ou pelo Mediterrâneo.
Meu pai foi designado para um navio de escolta no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. Especificamente, eles acompanhavam outros navios que haviam sido danificados para serem reparados a fim de voltarem à guerra. Os marujos entendiam que estavam em uma missão e que estavam servindo a um propósito maior que eles mesmos. Todos naquele navio tinham deveres e responsabilidades, ninguém estava ali para buscar conforto, comodidade ou satisfação pessoal.
Como isso é diferente de um navio de cruzeiro, onde os passageiros estão apenas a bordo para se divertirem e relaxarem. As pessoas que viajam em cruzeiros estão procurando se afastar das responsabilidades, e não as assumir. É agradável ter alguém limpando e arrumando seu quarto, fornecendo diversão e entretenimento para você, levando-o a lugares exóticos e belos, cozinhando todas as suas refeições. Eu mencionei que muitos passageiros ganham vários quilos em um cruzeiro de sete dias?
Não estou tentando fazer ninguém se sentir culpado por ter a oportunidade de desfrutar de um cruzeiro. Eu já estive em alguns, e eles são divertidos. Meu desejo, porém, é que os cristãos considerem sua visão geral do que é a igreja. A igreja deveria ser como um navio de cruzeiro, no qual todos vão para serem atendidos e para buscar sua satisfação pessoal? Ou a igreja é mais como um navio de guerra, no qual todos nós temos responsabilidades, todos nós contribuímos e todos nós estamos vivendo para um propósito maior do que nós mesmos? Felizmente, a Bíblia responde a isso de forma incrivelmente clara.
2 Comentários
Gostaria de participar dos cursos de vocês, se for possível é claro, então por favor envie como poderia participar e os valores.
Olá Rosimeire, graça e paz! Você pode participar sim, acessa a página da escola nesse link e escolha a unidade mais perto.
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