Por Beto Gomes
Já fui muitas vezes indagado sobre por que nas igrejas Verbo da Vida não batemos palmas aplaudindo Jesus nos cultos. A resposta para essa pergunta é muito simples e até mesmo óbvia, dentro do que entendemos ser a autoridade máxima que rege a nossa vida como cristãos — a Palavra de Deus. Não existe fundamento bíblico, principalmente neotestamentário, que respalde clara e significativamente essa prática. Mas para sermos melhor esclarecidos, faz-se necessário tocar em alguns pontos cruciais sobre essa questão.
Em João 4.23-24, Jesus Cristo anuncia um novo tempo, que já estava em vigor em Sua época através da Sua própria pessoa, na qual a adoração original e legítima seria finalmente restaurada. Os homens, a partir de então, adorariam ao Pai não mais de fora para dentro, mas, sim, de dentro para fora — em espírito e em verdade (Atos 15.16-18; Gálatas 4.4-5; Hebreus 10.19-22). Em submissão ao plano do Pai, Jesus morreria a nossa morte na cruz do Calvário para vivermos a Sua vida, como resultado da Sua ressurreição, devolvendo assim a comunhão e natureza divina extintas pelo pecado do primeiro casal no Jardim, possibilitando que todos aqueles que O recebessem atendessem ao chamado principal, idealizado antes mesmo da fundação do mundo: adoração como estilo de vida (Efésios 1.4; Efésios 2.1; II Pedro 1.3-4).
Um aspecto e peculiaridade de suma importância nessa vida original é a comunhão e conexão espiritual com Deus Pai através de Cristo pelo Espírito Santo, que fornece a inspiração (sopro / impulso) para manifestá-la (Jó 33.4; I Coríntios 1.9; I Coríntios 6.17; Efésios 1.13; Filipenses 3.3; II Pedro 1.20-21). Adoração e inspiração caminham de mãos dadas e estão presentes em todo aquele que é nascido de Deus. Ao Nascermos de Novo, recebemos o DNA da adoração e a capacitação através do Espírito Santo para demonstrarmos quem essencialmente somos e oferecermos ao Pai por intermédio de Cristo o que Lhe é devido — o sacrifício da Nova Aliança / o perfeito louvor. (Mateus 21.16; Hebreus 13.15; I Pedro 2.5). Todas as ações do cristão devem ser uma resposta de fé à inspiração que flui do seu interior. Qualquer ação que não proceda da fé, correspondendo a essa inspiração interna, torna-se algo mecanizado, na força unicamente do braço do homem (II Samuel 6.14 — exemplo compreensível de Davi em sua época), descaracterizando a verdadeira adoração (Zacarias 4.6).
Palmas ou mesmo aplausos quando nos reunimos como igreja, tem o seu lugar, mas devem ser aplicados com entendimento e equilíbrio, dentro da ordem do culto. (I Coríntios 14.40).
As palmas na Bíblia têm forte relação com a folhagem de palmeiras, celebração, júbilo ou aprovação (Salmo 47.1; Salmo 98.8; Isaías 55.12; Mateus 21.8; Apocalipse 7.9). No caso do Salmo 47.1 podemos conferir esse ato (quer com mãos ou folhas de palmeiras) seguido de celebração e/ou júbilo associados à música, como algo costumeiro na cultura judaica. A versão ARC conclui esse verso assim: “…cantai a Deus com voz de triunfo”. Já a versão A Mensagem ao final dessa mesma passagem registra: “…cantem para Deus com todas as forças!”. Não é tão difícil associarmos e mesmo aceitarmos, nesse texto, palmas como acompanhamento, seja de um ritmo musical ou de alguma canção.
Atualmente
De uns tempos para cá, as palmas tem servido para preencher um espaço vazio entre uma canção e outra do repertório do ministério de música nos cultos. Cantores que conduzem os momentos de música na igreja, até mesmo por não saberem o que dizer e ou fazer (seja por insensibilidade ou imaturidade espiritual), pedem, quando não, exigem, que as pessoas presentes batam palmas para Jesus num suposto gesto de adoração. Essa prática tem se tornado tão rotineira em diversos lugares, que muitos a realizam sem nem saberem o que estão fazendo ou mesmo para quem estão fazendo, porque o conceito básico ou pensamento natural seria aplaudir uma pessoa ou grupo de pessoas comuns como uma forma de reconhecimento pelos seus feitos. Mas a questão é: devemos oferecer a Deus o mesmo que oferecemos aos homens? Na realidade, em se tratando da pessoa de Deus, como ministros de uma nova aliança (II Coríntios 3.6), devemos oferecê-Lo expressões externas do que nasce por dentro, no íntimo, de um modo totalmente distinto e espontâneo.
Sendo uma expressão genuína e inspirada pelo Espírito Santo, nas palmas existirá adoração, mas as faremos também no secreto com Deus, independentemente de lugares, pessoas, ritmos ou canções.
O fato é que palmas pra Jesus não se enquadra numa forma precisa e adequada de adoração a Deus nos nossos dias à luz da Bíblia, podendo até se tornar uma prática mecânica e religiosa, isso dentro de um contexto congregacional. As palmas no sentido de aplaudirmos pessoas num ato de reconhecimento, ou acompanharmos o ritmo de uma canção, seriam bem-vindas. A Bíblia, no entanto, nos ensina clara e especificamente em diversas passagens a utilizarmos nossas mãos de um modo distinto, em adoração ao único Deus, levantando-as numa atitude reverente de rendição a Ele, seja em público ou no privado, mesmo que seja sacrificante, até porque a adoração está intimamente ligada a fé e sacrifícios (Gênesis 22.5; Romanos 12.1; I Coríntios 9.27; Hebreus 11.6; Neemias 8.6; Salmo 63.4; Salmo 134.2; Lamentações 2.19; I Timóteo 2.8).
Tanto no contexto individual, quanto no coletivo, nada deve roubar a atenção, louvor e glória devidos ao Senhor (Apocalipse 4.11; Apocalipse 5.12; Apocalipse 7.12), para não corrermos o risco de fugir do modo original da adoração, pois qualquer distração poderá inibir e ou “espantar” a unção. Quanto mais cheios do Espírito Santo e da Palavra estivermos, mais suscetíveis à inspiração ficaremos, e isso nos levará a cultuarmos ao Senhor de uma forma mais consciente, consistente, equilibrada, ordenada, fervorosa e eficaz, atingindo maiores níveis de glória (Efésios 5.17-21; Colossenses 3.16; Romanos 12.11; II Coríntios 4.16-18).
Concluo esse texto citando uma frase tão preciosa e oportuna do Irmão Hagin para estes últimos dias que estamos vivendo como igreja: “O mundo aplaude, mas os santos louvam”.
Oro, no nome de Jesus, para que você obtenha entendimento espiritual sobre esse assunto (Colossenses 1.9-12).
No amor de Cristo.
1 Comentário
Paz!
Tem uma imagem, que é usada em Escatologia (no Rhema) que ajuda a entender que palmas, não são uma forma de adoração na Nova Aliança. Aquela sobre a Perspectiva dos profetas do Velho Testamento. Eles tinham a visão da 1ª e da 2ª vinda (de Cristo), mas não conseguiam ver o período da Igreja (era do mistério).
Os textos mais explicitos na Palavra sobre palmas estão em Samos 47.1 (texto anterior à 1ª vinda)e Apocalipse 7.9 e 10 (texto referente a 2ª vinda).
Abraço!