Coração para Servir e Fervor de Espírito

por Perilo Borba

No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor
(Romanos 12. 11)

[…] sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor
(Gálatas 5.13)

Paulo não diz que Deus nos tornará fervorosos, mas diz “sede fervorosos”, porque essa responsabilidade não é de Deus, é nossa. No livro de Gálatas também lemos “sede servos”. Somos nós quem decidimos ser fervorosos e decidimos ser servos. Muitas vezes damos a Deus uma responsabilidade que não é dEle, é nossa. Assim como a palavra nos diz para nos enchermos do espírito, não é responsabilidade de Deus nos encher, mas nossa.

Outro ponto importante é sabermos de quem somos servos? O nosso serviço nunca será direto para Deus. Sempre estaremos servindo, auxiliando ou fazendo algo em prol de alguém, mesmo que esse alguém seja nós mesmos, mas a nossa consciência precisa estar certa de que mesmo servindo a alguém, nós estamos servindo a Deus. Quando você faz isso consciente, você não espera o reconhecimento de homens, porque você sabe que está fazendo isso para o Senhor.

Estar entusiasmado, animado, disposto, alegre… isso é servir com fervor, é servir de todo coração.  Quanto mais fervoroso você fica, mais você quer servir, e quanto mais você serve, mais fervoroso você fica. Somente duas coisas podem interromper esse ciclo: quando você tem um coração voltado a agradar homens e a ganhar algo em troca, ou quando você tem um coração para ser servido. Quanto mais você andar em uma dessas características, mais frio você fica.

Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20.26-28)

O verbo servir significa abrir mão dos seus interesses em prol do interesse do outro.  Jesus aqui não está dando uma receita para ser o maior, mas está dando um remédio. Se você está com esse sentimento de querer ser o maior,  eis aqui um remédio: sirva. Jesus foi o maior líder que já existiu, mas também foi o maior servo. O coração de Jesus não era voltado para ser servido, mas para servir, ao ponto de dar a Sua própria vida. Por isso Paulo diz:  “tende em vós o mesmo coração, a mesma atitude que existia em Cristo Jesus” (Filipenses 2.7)

Um coração para servir é humilde, um coração que renuncia, que não se vê melhor do que os outros. A nossa vontade e a nossa motivação deve ser querer servir. Não se trata do que os outros podem fazem por nós, mas o que podemos fazer por eles. Assim, não devemos nos perguntar o que Deus pode fazer por nós (ou a igreja, ou nossos irmãos),  mas o que podemos fazer para Deus e para nossos irmãos. É esse coração que vai te manter fervoroso, entusiasmado, intenso.

“A grandeza de um homem não consiste na quantidade de pessoas que o servem, mas sim na quantidade de pessoas a quem ele serve” (D. L. Moody)

O fervor transforma nosso serviço em adoração.  Você pode servir sem fervor e o serviço será apenas um serviço, mas quando você serve com fervor, esse serviço é transformado em adoração. Se você faz algo para receber elogios ou para ser notado por homens é isso que você receberá, mas quando você faz para Deus,  mesmo que ninguém veja, teu Pai que te vê em secreto, Ele te recompensará.

Quando fazemos o certo, com a intenção certa,  motivado pelo fervor, não importa o que vamos fazer ou quantas pessoas vão ver, fazemos por amor e gratidão à Deus. O prazer está em agradar a Deus. Muitas pessoas confundem fervor com as manifestações dos dons do Espírito. Uma pessoa não é fervorosa porque ela opera nos dons, ora em línguas, interpreta, dança ou chora, pois essas coisas podem ser uma consequência do fervor ou não.

Em Atos capítulo 18, lemos sobre Apolo, que era poderoso nas escrituras e fervoroso. Apolo não era batizado no Espírito Santo, não conhecia os dons, mas ele já era fervoroso porque era animado, intenso, motivado para agradar a Deus.

Quando você se inclina a agradar a Deus, Ele vai te usar para alcançar pessoas.  O fervor vem de dentro para fora. Não é o ambiente, nem as emoções que te motivam, essa motivação vem de dentro.

Eliseu era alguém fervoroso e quando Elias o chamou para o seguir, ele não saiu correndo de qualquer maneira, mas terminou o que estava fazendo e depois direcionou a sua intensidade para servir e seguir a Elias. Assim, ele teve a unção dobrada como recompensa. E por que Geazi, que também era servo de Eliseu, não herdou isso? Porque ele começou a servir Eliseu por interesse.

Isso não é fervor. Esse não é o coração que devemos ter. E é a nossa comunhão com Deus que gera a motivação correta. Com 12 anos, Jesus já era fervoroso e sua motivação era servir ao Senhor.

Ao ferver o leite nós matamos vírus e bactérias que estão ali. O leite pode estar aparentemente bom, mas conter algo que não nos fará bem e ao ferver nos livramos dessas coisas. Da mesma forma é conosco. Na condição de fervor, nos livramos dessas motivações erradas, dessas impressões erradas, de coisas que não nos farão bem. Estamos servindo para ter status, para sermos vistos, para falarem bem da gente?

Estamos usando o elevador social, ou o de serviço na nossa vida espiritual? Queremos ser vistos, ou fazer o que precisa ser feito? O elevador de serviço pode ser desagradável às vezes. Podemos estar com pessoas que nem queríamos estar. O elevador de serviço está nos bastidores, não sai no hall de entrada, nem sempre é visto, mas se você tem a intenção correta, é certo que o seu Pai, que te vê em secreto, te recompensará. Em João 2, no milagre da transformação da água em vinho, quem serviu o vinho e estava nos bastidores foi quem viu o milagre.

Quando você serve com a graça de Deus, essa graça vem para um coração humilde que depende de Deus. Quando você serve com fervor, esse fervor vem da comunhão, da Palavra, da gratidão. Quando você se enche da palavra, ela vai eliminando as impurezas, as impressões erradas.

Esse fervor, esse bom  ânimo, vai lhe manter servindo, fazendo o melhor com o que você tem nas mãos. Você pode olhar e achar que é pouco:  “ah, são 5 pães e dois peixinhos”, mas é o suficiente. É o fervor que transforma o trabalho natural em sobrenatural. Se teu serviço tem te cansando, você não está com a motivação certa, algo está errado.  

É possível você estar servindo e semeando na carne, com intenções carnais. Mas quando você serve fervoroso no espírito, fazendo para Deus, haverá sempre a força e a graça. É como Deus disse a Paulo, “a minha graça lhe basta”. Quando tem graça, não tem desânimo, não tem cansaço.

É o fervor que te mantém firme quando as condições naturais quiserem te manter desanimado. É o fervor que te faz ser superabundante,  fazer mais do que as pessoas estão pedindo, chegar mais cedo, sair mais tarde e sacrificar alguns momentos lícitos. Mas tudo isso não é em vão, tem recompensa, tem galardões.

Não trabalhe somente para Deus, trabalhe com Deus. Quando você está fazendo com a motivação errada, está fazendo sem a graça de Deus. Isaías capítulo 58, fala sobre servir ao Senhor com alegria. Quando realmente desenvolvermos isso, não vamos esperar uma ordem, mas vamos ter prazer em servir, pois vale a pena glorificar a Deus com nosso serviço.

Saiba que quando você é fiel no pouco, Deus vai lhe colocar sobre o muito. Quando fazemos com a motivação correta, com fervor, com intensidade, com excelência, a recompensa chega.

*Trecho da mensagem na Igreja Verbo da Vida sede no dia 24 de Junho

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