Janielle Medeiros
Graduada do Rhema Brasil
Quero começar esse texto, com esse trecho das Escrituras reforçando o caráter bondoso de Deus e o quanto somos amados por Ele, tendo a certeza e confiança que Ele nos ama e se importa com cada detalhe de nossa vida. Ele nos quer ver cheios de alegria, sempre.
“E dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória”. Isaías 61:3
Sou de uma família do interior de PE, São Bento do Una, meus avós Jason e Vina, souberam construir uma família linda, unida, de princípios familiares fortes, baseados na união e apoio mútuo, família essa admirada e respeitada na cidade. Meus avós já não estão mais aqui, mas deixaram oito filhos e netos pra continuar sua história.
Em março de 2013, fomos todos felizes, comemorar os 70 anos do nosso campeão, o meu tio Jason, que carregava o mesmo nome do meu avô e a responsabilidade de fazer com que as coisas funcionassem bem entre os Medeiros. Foi uma noite de grande festa e celebração intensa à vida daquele que aprendeu bem com meus avós e que soube viver a responsabilidade de tocar outras vidas, mas também de despedida, sem que ninguém soubesse, disfarçada em abraços e risos . Meu tio cuidava de sua saúde e de todos a sua volta com maestria. A autoestima de suas sobrinhas sempre se elevava quando nos revíamos, pois ele fazia questão de nos elogiar e lembrar o nosso valor. Eu amava reencontrar meu tio.
Há pouco mais de um mês, recebi a notícia que o meu tio foi hospitalizado com uma tosse atípica, e foi submetido a uma biópsia e logo diagnosticado um câncer no pulmão já com metástases. A princípio, fiquei atônita, com um misto de sentimentos, pois aos nossos olhos ele representava o líder, o inabalável, o inatingível, o cara, o super herói, o exemplo a ser seguido.
Fui visitar meu tio no hospital, e a última vez que falei com ele em vida, foi ousadia de minha parte tentar entrar na UTI fora do horário de visita, mas consegui permissão e entrei com meu pai. Foi a última vez que nos falamos. Ele foi internado dia 14 de novembro, com um quadro que se agrava a cada dia e dia 19 de dezembro partiu para os braços do Pai. Recebi a notícia de sua partida pelo whatssap. Fim do sofrimento.
Para mim, mistura de tristeza e convicção que em meio à vitória da doença sobre a saúde aqui, sua vida aflorava na eternidade. Lembro que me veio uma ousadia sobre a temida morte. Sim, eu estava crendo na sua cura e sentindo paz durante todo o processo, mas quando eu soube de seu falecimento, inexplicavelmente, a calma manteve-se constante, então saltou ao coração esse trecho das Escrituras:
“A morte foi tragada pela vitória {Is 25,8}. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão {Os 13,14}?
Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Graças, porém, sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!
Por conseqüência, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, aplicando-vos cada vez mais à obra do Senhor. Sabeis que o vosso trabalho no Senhor não é em vão”. 1 Coríntios 15:55-58
Em todo tempo fomos confrontados a crer e nos mover pelo que cremos, aquém do que víamos. Particularmente, sempre tive saúde e nunca precisei crer sobre cura para mim, mas me vi sendo jogada para fora da zona de conforto nessa área. Comecei a estudar sobre cura, comecei a declarar a Palavra, comecei a levantar os familiares e amigos, movendo-me em uma fé que me trazia uma tranquilidade inexplicavél durante todo o período. Mesmo quando ia no hospital visitá-lo, que o via sendo vencido pela doença, estava sossegada por dentro e via o cuidado e zelo de Deus, mesmo sem entender aos olhos naturais.
Meu tio, Jason Medeiros Filho, foi um homem íntegro, trabalhador, bom marido, pai, amigo, carinhoso, líder, levantador de pessoas, visionário, que se lapidou por toda sua existência a fim de ser referencial. Vejo ele como Jesus, com seu exemplo e influência na vida dos discípulos, lapidou o coração dos que ele chamou pra perto para serem treinados e se foi, prometendo não os deixar sós. Definitivamente não é fácil ter nossas vidas impactadas positivamente por alguém que temos o privilégio de conhecer e sermos treinados, e ainda de quebra usufruir da segurança de sua companhia e ter nossos corações acalentados por palavras e gestos carinhosos e amorosos. Mas Jesus nos prometeu um Consolador, e tenho experimentado esse consolo desde o dia que decidi abraçar a orientação da Palavra:
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.1 Tessalonicenses 5:18, e decidi deixar o sentimento de gratidão dividir espaço com a tristeza em meu coração e pude experimentar, como muitos, do consolo do Espírito de Deus durante todo o processo até o sepultamento do seu corpo. A gratidão garantiu a serenidade em nossos corações. Durante o velório, não se viu um clima pesado, mas o clima de tranquilidade e leveza prevaleceram, que pra mim é a certeza que meu tio estava com Deus por toda eternidade. Ele estava bem.
Quero dizer com tudo isso que mais uma vez, percebi que vale a pena crer em Deus e confiar em Sua Palavra em todas as circunstâncias, pois Deus sempre nos surpreende positivamente. Vale a pena se mover em fé e combater o bom combate. Deus é um Pai zeloso e verdadeiro, sensível às nossas necessidades. Também creio que somos privilegiados por ter próximo a nós, alguém que nos ensina com seu exemplo.
Certa vez, ouvi de uma grande mulher de Deus: não importa o final das coisas, o que importa é a nossa postura até que tudo se conclua, ou seja, o problema em si não é o problema, o que conta é nosso posicionamento diante dele.
Dentre tantas lições posso concluir que no final das coisas não vale o que nós temos , mas sim o que você é e representa para as pessoas. Valerá sempre a pena guardar os bons valores, ser transparente em nossos sentimentos, externar para as pessoas o quanto elas são especiais para nós, ter palavra, ser trabalhador e lapidar nosso caráter continuamente, e acima de tudo, guardar nosso coração deixando ele desobstruído para que tudo que tem sido plantado de bom em nós flua livremente, a fim de alcançarmos as pessoas ao nosso redor. Isso foi o que Jesus nos ensinou. Isso foi o que meu tio Jason aprendeu com Ele, e isso é o que precisamos aprender a cada dia.
Sempre que em meio à adversidade, focarmos no que nos foi acrescido e não no que nos foi tirado, adoraremos a Deus com nossa postura de gratidão, e receberemos alento para nossa alma, guardando nosso coração para desfrutarmos de uma vida abundante e plena. Gratidão sempre, pois, é preciso saber viver. Saúde e paz!
3 Comentários
Faço minhas as palavras de vcs dois. Jason meu grande amigo sempre estará entre nós.
Saúde e paz, essa era sua saudação sempre.
Claudionei Moreni
Prima,
Hoje (19/12/2017), cheguei aqui por acaso, acredita? Não tinha conhecimento desse site, muito menos dessa mensagem, dessa linda mensagem.
Voinho foi um homem que nos deixou exemplos fantásticos, de como devemos nos comportar diante de diversas situações na vida… enfrentar as dificuldades, diminuí-las, ter sempre um alto astral, cuidar de todos, fazer sempre o bem e o que é certo, ser sempre honesto, trabalhador, estudioso, e jamais preguiçoso. Foram muitos os ensinamentos, as palavras e gestos de carinho.
Já se passaram 4 anos, desde o seu falecimento, mas sua imagem continua nítida aos meus olhos. Todas as noites eu olho da cozinha, para o escritório, exatamente onde ele ficava trabalhando à noite, consigo vê-lo, mas não consigo tocá-lo. A saudade sempre será enorme, e acho que inexplicável.
Mas ele está nos braços de Deus, nos aguardando, para um almoço de domingo, ou uma grande festa, num futuro breve.
JASON de Almeida Barroso Medeiros
Poxa primo, sem querer acabei vindo aqui e vi agora essa sua mensagem. Quantas verdades, quanta vida em suas palavras. Que bom que esse texto te ajudou, nos ajudou a minimizar a saudade é simplesmente seguir com gratidão a Deus pela vida dele. Deus te abençoe. 🙂