Por: Rozilon Lourenço

É comum ouvirmos que: “futebol e política não se discutem”, mas isso não é totalmente verdade. Podemos sim conversar sem brigar e, no campo das ideias, podemos, inclusive, discordar e aprender uns com os outros.

Cada vez que ligo a TV percebo que é profunda e crônica a decepção da grande maioria da população com a classe política. Somos herdeiros de uma cultura extrativista. Nossos colonizadores vieram para o Brasil com a intenção de tirar proveito. Temos visto que uma grande parte dos políticos se entregaram a um esquema de corrupção, de vantagens fáceis, nepotismo, enriquecimento ilícito. Drenando as riquezas da nação, assaltando os cofres públicos e deixando um rombo criminoso nas verbas destinadas a atender as necessidades do nosso povo. As campanhas milionárias já acenam e pavimentam o caminho da corrupção.

Como resultado da corrupção, má administração e da ganância insaciável pelo poder é que somos a oitava economia do mundo, mas temos muita gente pobre. Mais de 50 milhões vivem na pobreza extrema.

Diante desse quadro, muitos evangélicos ficam também desencantados com a política e cometem vários erros, como por exemplo: “Política é pecado”; “Política é coisa do diabo”; “O cristão não deve participar de política”; “O cristão deve ser apolítico”; “Toda pessoa que se envolve com política é corrupta”; “Todo crente que se envolve com política acaba se corrompendo”; “Não adianta fazer coisa alguma, devemos pregar o evangelho e aguardar o retorno do Senhor”.

Outros erros são cometidos: “Irmão sempre vota em irmão”; “Todo crente é um bom político”; “Político evangélico deve lutar apenas pelas causas evangélicas”; “O púlpito transforma-se em palanque político”; “A igreja troca voto por favores”.

Vejamos a legitimidade da política à luz da palavra de Deus

  • Rm 13:1-7 – O poder civil é ministro de Deus para promover o bem e coibir o mal. Toda autoridade constituída procede de Deus e deve agir em nome de Deus. Quando ela se desvia pode e deve ser desobedecida e Deus mesmo a julga por sua exorbitância.
  • Homens de Deus exerceram o papel político em momentos críticos da história e foram divisores de água: José, Moisés, Josué, Gideão, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias, Daniel, Neemias. Esses homens exercem o poder público com honra e sabedoria.
  • Aristóteles um filósofo Grego afirma que o homem é um ser político. O homem pode ser apartidário, mas nunca apolítico. Tentar ser apolítico é cair no escapismo. Politicamente podemos classificar as pessoas em:
  • alienadas;
  • conscientizadas;
  • engajadas.

Princípios de Deus que devem reger a política:

O povo de Deus precisa ter critérios claros na escolha de seus representantes

Pessoas que não se dobrem diante da sedução do PODER, SEXO, DINHEIRO.

O povo de Deus não deve ser omisso, mas líder na questão da política – Dt 28:13.

A atitude de omissão não corresponde aos princípios de Deus nem à expectativa dEle.

O cristão preparado está em vantagem para governar – Pv 28:5; 26:1

O cristão não pode associar-se com pessoas inescrupulosas – Sl 94:20; Pv 25:26.

O povo de Deus precisa votar em representantes que amem a justiça – Pv 31:8,9.

O povo não está trabalhando em favor do político, mas o político em favor do povo.

O político precisa olhar com especial atenção para os pobres e necessitados, ou seja, precisa ter um política social, humana e justa.

O perfil de um político segundo os princípios de Deus:

Vocação –Um jornalista americano disse certa vez que a distribuição de vocações é mais importante do que a distribuição de riquezas. Há pessoas dotadas e vocacionadas para o poder público. Uma pessoa não está credenciada para ser um bom candidato apenas por ser crente. Exemplo: José do Egito – Sempre foi líder em casa, na casa de Potifar, na prisão, no trono.

Preparo intelectual –O líder político precisa ser uma pessoa preparada. Ele precisa ter independência para pensar, decidir e lutar pelas causas justas. Ele não pode comer na mão dos outros. Ele não pode ser um refém nas mãos dos espertos. Exemplo: Moisés – Moisés se preparou 80 anos para servir 40. Ele aprendeu a ser alguém nas Universidades do Egito. Ele aprendeu a ser ninguém nos Desertos da Vida. Ele aprendeu que Deus é Todo-Poderoso na liderança do povo.

Caráter incorruptível – Muitos políticos sucumbem diante do suborno, da corrupção e vendem suas consciências. Há muitos políticos que são ratazanas, sanguessuga. Há muitos políticos que são lobos que devoram o pobre. Há muitos políticos que decretam leis injustas. O político precisa ser honesto e irrepreensível. Exemplo: Daniel – Ele era sábio. Ele era líder. Ele era incorruptível. Ele era piedoso. Ele não era vingativo. Um exemplo oposto é ABSALÃO. Ele era demagogo e capcioso. Ele furtava o coração das pessoas com falsas promessas.

Coragem – Para se envolver com os problemas mais graves que atingem o povo, político não pode ser uma pessoa covarde e medrosa. Ele precisa ser ousado. Neemias é o grande exemplo: 1) Ele ousou fazer perguntas; 2) Ele se viu como resposta de Deus resolver os problemas do seu povo; 3) Ele agiu com prudência e discernimento; 4) Ele mobilizou o povo para engajar-se no trabalho com grande tato; 5) Ele enfrentou os inimigos com prudência.

Visão –O político precisa ser um homem/mulher de visão. Ele precisa enxergar por sobre os ombros dos gigantes. Ele vê o que ninguém está vendo. Ele tem a visão do passado, do presente e do futuro. Ele antecipa soluções. Exemplo: José do Egito, Calvino. Veja: Pv. 11:14. Ester esteve disposta a morrer pela causa do seu povo.

Tino Administrativo –Há políticos que são talhados para o executivo e outros para o legislativo. Colocar uma pessoa que não tem capacidade gerencial para governar é um desastre. Exemplo: Neemias – ele revelou capacidade de mobilizar pessoas, resolver problemas, encorajar, e colocar as pessoas certas nos lugares certos para alcançar os melhores resultados.

Capacidade de contornar problemas aparentemente insolúveis –O líder é alguém que vislumbra saídas para problemas aparentemente insolúveis. Exemplo: Davi – 1) Ele viu a vitória sobre Golias quando todos só olhavam para derrota; 2) Ele ajuntou 600 homens amargurados de espírito e endividados e fez deles uma tropa de elite; 3) Ele reanima-se no meio do caos e busca força para reverter situações perdidas – 1 Samuel 30:6.

Não temer denunciar os erros dos poderososSamuel denunciou os pecados de Saul (1 Sm 15:10-19). Natã não se intimidou de denunciar o pecado de Davi. João Batista denunciou Herodes.

Conclusão

Como votar? Devemos escolher um candidato pela sua vocação, preparo, caráter, compromisso com o povo e propostas: Há coisas básicas: saúde, educação, emprego, segurança, moradia, progresso. Se temos pessoas evangélicas com esse perfil, demos a elas prioridade em nosso voto. Mas seria irresponsabilidade votar numa pessoa apenas por ser evangélica se ela não tem essas credenciais.

Como fiscalizar? A Igreja é a consciência do Estado. Ela exerce voz profética. Ela precisa votar e acompanhar e cobrar dos seus representantes posturas dignas, sobretudo nos assuntos de ordem moral e social.

Como encorajar? A Bíblia nos ensina a interceder, honrar e obedecer às autoridades constituídas.

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