Angélica Rosas
Missionária no Reino Unido

Talvez você já tenha ouvido falar desta palavra: globalização. De maneira bem resumida, é um processo de encurtamento de distâncias observado ao longo da história, por meio do aprimoramento de tecnologias na comunicação e transporte.

Dessa forma, viagens que levavam dias e meses, hoje levam horas. Pessoas podem se comunicar instantaneamente de uma ponta a outra do globo. E isso tem expandido nossa capacidade de “alcance”. Se anteriormente eu apenas poderia me comunicar com aqueles ao meu redor e, com muito esforço, com alguém à distância, hoje, facilmente comunica-se com diversas pessoas ao mesmo tempo em qualquer lugar do globo.

Outro processo que temos vivenciado como sociedade é o excesso de valorização do individualismo, os “likes”, a quantidade de visibilidade que se tem, a quantidade de alcance que uma pessoa pode ter. Uma sociedade de influenciadores digitais. E pensar que quando eu era criança essa profissão nem existia. Vemos hoje algumas crianças cujos sonhos são de se tornarem grandes influenciadores digitais, atingindo muitas curtidas em seus canais, de pessoas que elas jamais viram.

Devido a todos esses processos que acontecem rapidamente, existe um crescente entendimento errôneo de que a valorização individual vem da quantidade de seguidores que uma pessoa possa ter, ou de curtidas. E muitas pessoas se sentem malsucedidas por não alcançarem aquela grande visibilidade que é vista como um padrão de sucesso. E onde quero chegar com isso? Somos um, somos muitos.

Essa é uma frase que tenho lido e ouvido bastante ultimamente no nosso contexto Verbo da Vida e isso me levou a meditar em seu significado. Pensei, “somos um” no sentido de unidade, somos o Corpo de Cristo.

“E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2.44-47).

Ao ler o livro de Atos, vemos o poder da unidade, de como ela causava crescimento para a Igreja. E “somos muitos”, pois cada um de nós de fato é único, e importante. O desejo de Deus é que possamos multiplicar. No contexto de missões, Jesus disse:” Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus” 28.19).

Gostaria de trazer uma reflexão sobre a questão do chamado missionário e essa visão errônea de que sucesso significa visibilidade. Deus nos viu no ventre da nossa mãe, não importa a nossa história, se viemos de uma família estruturada ou desestruturada, se o contexto do nosso nascimento foi planejado ou não. Quando fomos formados, Deus sonhou conosco e Ele tem um plano para nós.

Algumas pessoas são chamadas para o ministério, e algumas pessoas são chamadas para fazer missões transculturais. É muito importante que sejamos guiados por Deus durante toda a nossa caminhada em direção ao cumprimento dos seus propósitos para nós. Sempre buscando em oração qual a visão, sempre compartilhando com a nossa liderança,
dialogando, buscando conselhos, para que não possamos ser influenciados em buscar um caminho que não nos cabe.

Para pessoas como Kenneth Hagin, Billy Graham, Ap Bud Wright, dentre tantos outros, o plano de Deus para a vida deles requeria essa visibilidade maior. Mas não é algo que precisamos buscar. Claro, nosso esforço deve ser de alcançar o máximo de pessoas possível, com o propósito de fazer Cristo conhecido. Que isso esteja bem claro dentro de nós, sabendo que estamos fazendo aquilo que Deus quer com o propósito certo no momento certo.

Eu estava assistindo a uma ministração e encontrei esse dado bem interessante: “80% ou mais do evangelismo na igreja primitiva foi feito por cristãos comuns, somente por explicar suas vidas aos seus amigos e familiares. Michael Green”. (famoso teólogo de Oxford).

Não precisamos nos sentir pressionados para sermos aquele próximo grande evangelista que vai alcançar a África inteira, se foi isso que Deus falou com você, persevere… vai acontecer! Mas glória a Deus também pelos irmãos pouco conhecidos que fazem a tradução das Bíblias. Glória a Deus pelos missionários pouco conhecidos que alcançam uma pessoa numa vila remota sem televisão e rádio. Glória a Deus pelo missionário que serve na mídia de uma igreja e atrai mais e mais pessoas para os seus cultos, o que proporciona que pessoas possam assistir online. Existem muitas coisas que você pode fazer em missões.

Certa vez, ouvindo o Ap. Guto, ele falou do evangelista Filipe que havia pregado para uma multidão e logo em seguida Deus o levou ao deserto para evangelizar uma única pessoa (Atos 8.26-39). E ele dá muitos outros exemplos. Cada indivíduo mencionado na Bíblia é importante. Cada missão dada por Deus é importante. O seu sucesso não será medido pelos padrões do mundo, mas pelo tanto que você conseguiu se comprometer em seguir obedecendo a direção de Deus para a sua vida, sendo fiel ao que Ele o chamou para fazer.

É por isso que o Senhor precisa de muitos, pois Ele conta com cada um de nós diariamente para alcançar aqueles que estão clamando. Seja abençoado na prática da Palavra!

2 Comentários

  • Graça e Paz irmãos. Parabéns a toda equipe da Agência de Missões por essa rica reflexão e instrução para o corpo de Cristo! Que a graça de Deus seja multiplicada nas vossas vidas de maneira abundante. Obrigado por toda diligência e amor pela obra missionária.

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