por Thiago Borba
Tenho meditado sobre ser inspirado por Deus. Percebo que, às vezes, temos direções preciosas do Senhor, mas precisamos saber o que fazer com essas inspirações. Podemos nos confundir e falar sobre coisas, ao invés de orar por elas. Podemos também compartilhar o que recebemos do Pai em secreto e que, por ora, não deveria ser dividido com outros. Podemos nos confundir de muitas formas e precisamos ter cuidado.
Quando penso sobre isso, lembro da história de José (Gênesis 37.2). Ele teve dois sonhos e parecia que os irmãos se prostraram diante dele. Interessante observar que, antes de narrar esses sonhos, a Bíblia já revelava um ciúme por parte dos irmãos de José. Deus, de fato, deu sonhos àquele rapaz, mas nunca mandou que ele fosse correndo contar para todo mundo. Penso que José poderia ter chegado ao destino dele sem sofrer tanto antes. Mas por compartilhar a inspiração que recebeu com pessoas erradas, ele foi duramente atingido.
Em outro exemplo, Moisés também recebeu uma direção. Ele foi instruído a ferir a rocha para que saísse água dela (Êxodo 17.5). Ele seguiu essa inspiração e viu um resultado naquele momento específico. Mas, perceba algo: algum tempo depois, Moisés recebeu uma direção parecida, porém diferente. Não era mais para ferir a rocha, mas para falar diante dela (Números 20.8). Moisés não obedeceu. A Bíblia narra que ele tenta ferir a rocha novamente, buscando alcançar o resultado pretendido pelo mesmo caminho de antes. Ele passou por tanta coisa, mas não entrou na terra prometida, como consequência daquele erro.
Não adianta querer agir de uma forma parecida com a direção de Deus. Não adianta agir de uma forma que não é a que o Senhor deseja. Quando vamos falar da parte do Pai ou agir em nome d’Ele, precisamos transmitir exatamente o sentimento que Ele tem.
Moisés, aparentemente, fez uma troca boba, mas mudou inteiramente o que Deus queria naquele momento com aquele povo. Estudiosos apontam que as duas inspirações dadas pelo Senhor – a de ferir e a de falar – tipificavam revelações sobre o Juízo e sobre a Fé, sobre a Lei e sobre a Graça. A desobediência de Moisés fez com que uma mensagem preciosa se perdesse ali. Uma falha que trouxe resultados irreparáveis àquele grande homem.
Junto com a visão, Deus dá a instrução para fazermos as coisas da forma correta. Mas precisamos ter paciência. Se Ele te deu uma inspiração e não te direcionou a nada, não faça nada. Espere a instrução para o próximo passo.
No Novo Testamento, em Atos 28.10, Paulo também recebeu uma revelação de que deveria ir a Jerusalém, mesmo com o sofrimento que ele teria no local, sendo preso e espancado. Os profetas que o rodeavam receberam do Senhor uma parte da mesma revelação, focando no que Paulo enfrentaria. Mas eles não sabiam o plano completo de Deus. Munidos de uma pequena parte de conhecimento, tentaram convencer Paulo a não ir mais à cidade. Perceba como você pode se atrapalhar tentando agir por conta própria em cima de um desígnio que não é seu. Eram homens que genuinamente buscavam o Senhor, mas acabaram agindo contra Ele.
No Getsêmani (Mateus 26.36), Jesus chorava e pedia que, se Deus assim desejasse, O afastasse do sofrimento. Me parece que ele já percebia o que estava por vir, mas ainda buscava o discernimento completo a respeito. Ao fim, depois de orar, Ele se mostra tranquilo, consciente do propósito no que enfrentaria. A oração aprofunda e esclarece a instrução. É fundamental para entendermos a vontade do Pai.
Às vezes, Deus nos diz coisas para orarmos por elas. Às vezes, nos diz coisas para orarmos contra elas. Às vezes, não há o que fazer para evitar o que virá, mas Ele te instrui para já te fortalecer. Persevere na busca pela instrução correta. Tenha tempo com Deus, fortaleça a vida de oração. Uma mensagem certa dita do jeito errado pode afastar uma pessoa, ao invés de restaurá-la. Não queremos isso. Busque sempre o discernimento completo do propósito de Deus antes de agir.