LEI DA PRIMEIRA MENÇÃO:

Em Gênesis, encontramos a primeira menção restritiva com respeito ao uso do sangue como alimento, dada em conexão à liberação divina de comer a carne de animais. Tendo o entendimento da lei da primeira menção, fica patente que seriam verdades que atravessariam as dispensações.  

Deus proibiu todos de comer sangue – essa proibição foi dada a Noé e aos seus descendentes muito tempo antes das leis de Moisés para Israel: “Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora. Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gênesis 9.3-4).

NA DISPENSAÇÃO DA LEI:

Nesta dispensação, mesmo sendo temporária, e até que Cristo viesse, encontramos em Levítico 17 instruções sobre o que fazer quando os israelitas matassem um animal. Embora o animal não fosse oferecido como sacrifício, os israelitas tinham que apresentá-lo perante o Senhor, no tabernáculo. Neste tempo, temos o contexto da dispensação da lei em conexão à Aliança Mosaica, que tinha três aspectos da lei, que são: a lei moral, a lei cerimonial, e a lei civil. No entanto, a verdade sobre não comer sangue continua a ser reafirmada. Vamos examinar mais detalhes desta instrução dada:

Qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que comer algum sangue, contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida. Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma alma de entre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrina entre vós o comerá. Qualquer homem dos filhos de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que caçar animal ou ave que se come derramará o seu sangue e o cobrirá com pó. Portanto, a vida de toda carne é o seu sangue; por isso, tenho dito aos filhos de Israel: não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda carne é o seu sangue; qualquer que o comer será eliminado” (Levítico 17.10-14).

Essa instrução, mesmo tendo sido dada dentro da dispensação da lei, trata-se da continuação de uma verdade estabelecida anteriormente. Não foi algo relacionado somente ao contexto da lei cerimonial.

NA DISPENSAÇÃO DA GRAÇA:

No contexto da dispensação da graça, vamos encontrar menções quanto ao sangue. A exemplo, os apóstolos recomendaram não comer sangue – em Atos dos Apóstolos 15.28-29, depois de grande controvérsia sobre as leis do Antigo Testamento:

Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue. Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.” (Atos 15.19-20, 28-29).

Esse texto vai além de uma situação contextual das regiões que ouviram o Evangelho, mas tem um tom de uma instrução continuada para toda era da Igreja. O sangue representa a vida – devemos respeitar o valor simbólico do sangue na Bíblia, abstendo-nos de comê-lo, mesmo sendo de animais.

SANGUE É ALIMENTO?

Erroneamente, encontramos argumentos querendo forçosamente apontar que sangue é alimento. No entanto, Deus, em nenhum momento, autoriza que o sangue seja usado como tal. Ao contrário, no Jardim do Éden, o homem — feito à imagem e semelhança de Deus, dotado de inteligência suficiente para discernir o que era ou não alimento — foi instruído ainda assim por Deus sobre o que era para alimento seu e dos animais (Gênesis 1.29-30). No plano original de Deus, o sangue jamais foi dado ou considerado alimento. Mesmo depois da queda, não há registro bíblico de que Adão tenha comido sangue.

Na Aliança Noética, Deus, mais uma vez, ampliando o que poderia ser alimento para o homem, traz instruções claras a esse respeito. Além do que já havia sido dado no Éden, Deus inclui a carne (Gênesis 9.3). E aqui vem o primeiro registro bíblico da parte de Deus quanto à proibição de comer sangue (Gênesis 9.4), reafirmando que vai requerer todo sangue, quer seja de homem ou de animal, referindo-se ao sangue como “o sangue da vossa vida”.

Na Aliança Mosaica, a restrição ao comer sangue vem inclusive acompanhada de severa punição: “… contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo” (Levítico 17.10). 

Por fim, na Nova Aliança, por direção do Espírito, a restrição é claramente mantida (Atos 15.28-29).

Seguem alguns textos bíblicos usados erroneamente para defesa de que é lícito comer sangue. Vejamos:

Jesus, em Marcos 7.19, afirmou que “são puros todos os alimentos”. Em Atos 10.9-15, Deus deu a Pedro uma visão na qual Ele fala que os animais, antes considerados impuros, poderiam ser comidos: “Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum“.

Paulo, fazendo referência à abstinência de determinados alimentos, em I Timóteo 4.4, diz: “Pois tudo que Deus criou é bom, e recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado”. Em I Coríntios 10.25-28, falando sobre os limites da liberdade cristã, afirma: “Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência”.

Poderíamos explanar aqui cada um desses textos, mostrando o contexto de cada um deles, e sobre o que de fato cada um está falando especificamente, mas há algo em que podemos concordar: todos eles falam de forma direta ou indireta sobre alimento. A questão aqui é: sangue nunca foi dado por alimento. Os judeus nunca consideram o sangue como algo que deveria estar sobre a mesa. Esses textos estão longe de incluírem o sangue na categoria alimento. Portanto, nenhum deles trata sobre comer sangue.

QUAL O PROPÓSITO DO SANGUE?

Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida”. (Levítico 17.11). 

Esse é o propósito do sangue. Foi o próprio Deus quem estabeleceu o sangue sobre o altar para fazer expiação em favor da vida. Aqui, tratava-se do sangue de animal, mas já tipificava, apontava e anunciava o precioso sangue de Jesus, derramado para fazer expiação dos nossos pecados. Portanto, existe apenas uma forma de nos apropriamos do sangue enquanto alimento: “Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6.53,54).

Nesse texto do Evangelho de João, encontramos Jesus falando sobre o Seu sangue, que haveria de ser considerado pelos Seus discípulos na dispensação da graça e na era da Igreja, e isso por meio da Ceia. Na Páscoa, Ele apontou que o cálice estaria conectado ao Seu próprio sangue, quando instituiu a Ceia da Nova Aliança.

Após a obra redentiva ter sido concluída, com a entrada de Jesus no santo dos santos celestial, com Seu próprio sangue, podemos comer a carne do Filho do Homem e beber o Seu sangue: “Pois a minha carne é a verdadeira comida e o meu sangue é a verdadeira bebida” (João 6.55). Aqui, a carne e o sangue referem-se a uma comida e uma bebida espirituais. Trata-se de sermos participantes da obra da redenção em Cristo Jesus.

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