por Zuleica Messias
Nossas promessas, queridos, têm prazo de validade? Quanto tempo dura as nossas promessas? Quantas coisas nós prometemos a Deus e às pessoas e, muitas vezes, nos esquecemos daquilo que prometemos?
Eu quero começar lendo uma historinha para vocês e peço que prestem bastante atenção:
Certo hindu estava em alto mar quando foi surpreendido por uma tempestade. Ondas enormes atacavam a frágil embarcação, e a sua vida estava em perigo. No desespero da situação, resolveu apelar para o deus dos mares (com “d” minúsculo – lembrando que isso aqui é só uma historinha, o hindu estava lá no maior sufoco, morrendo de medo de morrer e resolveu fazer uma promessa ao deus dos mares):
“Caso eu saia com vida dessa tempestade, quando eu chegar em casa, te oferecerei 10 bois como sacrifício de gratidão, por ter salvado a minha vida”.
Feita a promessa, ficou na expectativa de o mar se acalmar. Então, o deus dos mares atendeu o seu pedido: a tempestade parou e o nosso amigo da história conseguiu sobreviver.
Ainda em meio à viagem, ele começou a pensar sobre no tipo de voto que havia feito, achou um pouco exagerando (10 bois) então fez algumas considerações: “Se eu sair com vida daquela tempestade, não vou dar 10 bois de presente, darei apenas 05. Quando chegou ao porto de destino, já havia decidido em seu coração que 05 bois ainda seria muito, daria apenas 02, afinal, ele usava os bois para o serviço e estes lhe fariam muita falta. Chegando em casa, contou a esposa o ocorrido, falando também da promessa que havia feito. A reação da sua mulher foi negativa e ele sugeriu: “Vamos dar o bode que temos em casa”. “O bode é um animal de estimação, não podemos fazer isso, retrucou a esposa”. À noite foi deitar-se, pensando no que fazer para cumprir a promessa. Pela manhã, chegou à seguinte conclusão: Darei um saco de amendoim da última colheita ao deus dos mares por ter salvado a minha vida daquela tempestade.
Saiu cedo de casa para levar a oferenda. O templo ficava distante da sua casa várias horas, o caminho era longo. Na estrada, caminhando e pensando, começou a comer os amendoins. Caminhando e comendo, chegou ao templo e só restavam as cascas do amendoim. Perto do ídolo, entregou as cascas e disse: “Oh! Deus dos mares, aqui está minha oferta de agradecimento por ter salvado a minha vida durante aquela tempestade em alto mar – cascas de amendoim!”.
É apenas uma história, mas ilustra muito bem a forma que muitos cristãos encaram os compromissos assumidos com Deus. O comportamento do personagem dessa história, queridos, demonstra a fragilidade das promessas que são feitas por emoção e, como as emoções passam, as decisões baseadas nelas também passam. É o famoso fogo de palha. Quem já ouviu aqui? Você conhece alguém que vive tomando decisões ou vive prometendo coisas: “Agora farei isso, eu nunca mais farei isso”, e você fica do lado dizendo que é tudo fogo de palha.
Você conhece alguém assim? Tomara que você só conheça alguém assim, não seja alguém, assim. O que significa expressão fogo de palha que é tão comum?
O que significa expressão fogo de palha, que é tão comum, que a gente usa no dia a dia? Empolgação que dura pouco, algo que parece intenso e importante, mas que acaba rápido. Transitório, efêmero, como o fogo em palha, que pega rapidinho, mas também logo se apaga.
Gente, quantas promessas já foram feitas, por pessoas na hora do sufoco, quantas pessoas prometeram coisas a Deus no leito de enfermidade, quantas pessoas prometeram coisas a Deus na hora da tempestade, na hora da adversidade, mas quando a bonança chegou, quando o problema foi resolvido, quando o sufoco passou, as promessas foram esquecidas? Quantas coisas já foram prometidas em cultos, debaixo da unção, você está experimentando o poder de Deus e você volta para casa todo entusiasmado, todo empolgado, agora minha vida vai mudar, eu vou tirar isso, eu vou tirar aquilo, mas essa promessa não consegue chegar nem na semana seguinte.
Decisões baseadas em emoções, promessas baseadas em emoções. Nós temos exemplos disso na Palavra de Deus.
Quem aqui não se lembra de Faraó? Que quando se via em aperto lá no Egito, com as pragas, era rápido para prometer coisas para Moisés, “Tire isso daqui, deixa a gente livre disso, que eu vou deixar o povo ir, deixarei os israelitas irem embora”. E quando as pragas iam embora, a promessa do Faraó também tinha ido.
Em Êxodo 8.8, o Egito estava debaixo da praga das rãs. “Chamou faraó a Moisés e a Arão e lhes disse: Rogai ao Senhor que tire as rãs de mim e de meu povo; então deixarei ir o povo, para que ofereça sacrifícios ao senhor”. No versículo 15: “Vendo, porém, Faraó, que havia alívio, continuou de coração endurecido e não os ouviu como o Senhor tinha dito”.
Deus já havia advertido que Faraó se comportaria dessa maneira, que tinha promessas que ele não estava disposto a cumprir. Em Êxodo 8.28-29, temos a praga das moscas.
Êxodo 8.28,29: “Então disse Faraó: Deixar-vos-ei ir para que ofereçais sacrifícios ao Senhor, vosso Deus, no deserto, somente que, saindo, não vades muito longe; orai também por mim. Respondeu-lhe Moisés: Eis que saio da tua presença e orarei ao senhor amanhã, estes enxames de moscas se retirarão de Faraó, dos seus oficiais e do seu povo; somente que Faraó não mais me engane, não deixando ir o povo para que ofereça sacrifícios ao Senhor”.
No versículo 32 diz: “Mas ainda esta vez, endureceu Faraó o coração e não deixou ir o povo”.
Em Êxodo 10.16-20 agora é a praga dos gafanhotos: “Então, apressou-se o Faraó em chamar Moisés e Arão e lhes disse: Pequei contra o Senhor, vosso Deus, e contra vós outros. Agora, pois, peço-vos que me perdoeis o pecado esta vez ainda e que oreis ao Senhor, vosso Deus, que tire de mim esta morte. E Moisés, tendo saído da presença de Faraó, orou ao Senhor. Então, o Senhor fez soprar fortíssimo vento ocidental, o qual levantou os gafanhotos e os lançou no mar vermelho, nem ainda um só gafanhoto restou em todo o território do Egito. O senhor, porém, endureceu o coração de faraó e este não deixou ir os filhos de Israel”.
Espera aí Zuleica, até agora a Bíblia estava dizendo que era o Faraó quem estava com o coração endurecido, era ele quem estava enrolando Moisés, era ele quem estava fazendo promessas que não estava disposto a cumprir, mas, agora, o texto está dizendo que era Deus quem estava endurecendo o coração do Faraó. E agora? Como a gente explica esse negócio? Sabe, queridos, Deus não tinha nenhuma responsabilidade com a dureza do coração deste homem, mas a obstinação do coração dele, o orgulho, a soberba, faziam com que ele reagisse com dureza a ação de Deus.
Nós temos que ler os textos da Bíblia, queridos, à luz do conhecimento que nós temos do caráter do nosso Deus, Ele não é um Deus manipulador, não é um Deus que faz dos homens um objeto. Afinal de contas, Ele é um Deus que criou o homem dando a ele livre arbítrio, criou o homem dando a ele liberdade para escolher. Deus não está ali manipulando o coração de ninguém: “Agora você vai ceder; agora você vai amolecer; agora eu vou fechar seu coração e você não vai fazer nada”. Não, não é nada disso! Quando a Bíblia diz: Deus endureceu o coração do Faraó, nós temos que entender que não era uma ação direta da parte de Deus, mas era a reação direta do coração soberbo, orgulhoso, duro do Faraó reagindo à ação de Deus.
Por exemplo, nós temos o calor do sol e aqui no Nordeste a gente sabe muito bem o que é isso. Se você pegar materiais diferentes e expor ao calor do sol, esses materiais vão reagir de maneira diferente. Não é o sol que está manipulando ninguém, está dando para entender? Queridos, o sol que amolece e derrete a manteiga é o mesmo que endurece o barro. E não é o calor do sol que está dizendo que ele ficará duro. Bem, assim é o coração do homem em relação ao agir de Deus. Queridos, quantas pessoas que têm um coração quebrantado e de repente chegam no culto, chegam numa reunião e o pregador sendo usado por Deus e aquelas pessoas vão se quebrantando, porque estão recebendo a Palavra, e ficam:
“Senhor, perdoe-me! Pai, ajude-me! Ô, meu Deus, ajude-me, fortaleça-me! E elas vão se humilhando na Presença de Deus, recebendo a Palavra e se humilhando na Presença de Deus, buscando auxílio, mudança, socorro. Mas sabe que nesse mesmo ambiente pode ter uma pessoa ouvindo a mesma Palavra, mas ela não tem um coração quebrantado. De repente, é uma pessoa cheia de orgulho, cheia de sofismas e ela começa a pensar: ‘Quem contou minha vida para o pregador? Nesse lugar só tem fofoqueiro. Eita, que agora o pastor está falando mensagem de carapuça! Ele conhece a minha vida, me aconselhou no gabinete e agora está aqui pregando em público para mim, nunca mais eu volto nesta igreja!’”.
Veja, são duas pessoas expostas à mesma palavra, mas reagindo de forma diferente, está dando para entender?
Quando a Bíblia diz que Deus endureceu o coração do Faraó não era Deus manipulando o coração dele, mas a reação do coração do Faraó se endurecendo ao agir de Deus, por causa da obstinação do coração daquele homem. E, queridos, mais uma vez, ele quebrou a sua promessa, mais uma vez ele prometeu a Moisés e ao Deus de Moisés que deixaria o povo ir, mas só durou enquanto ele estava no sufoco, quando as coisas ficaram bem ele disse que não iria ninguém.
Sabe, queridos, Deus espera que nós sejamos sérios com a nossa palavra empenhada, que sejamos sérios com o que nos comprometemos tanto com Ele quanto com as pessoas. Por quê? Porque Ele é fiel, porque Ele é íntegro, porque o nosso Deus cumpre o que Ele promete. E nós somos feitura d’Ele, somos filhos d’Ele, e a Palavra de Deus nos instrui a seguirmos o exemplo d’Ele. Qual é o pai que não fica orgulhoso em ver os filhos trilhando o seu caminho? Se espelhando em seu caráter, isso é o que Deus espera da gente também. Deus espera que da mesma forma que Ele é íntegro em empenhar a sua palavra, nós tenhamos esse traço em nosso caráter também.
Eclesiastes 5.1-5, olha como esse texto ficou na Bíblia A Mensagem: “Tome cuidado quando entrar na casa de Deus! Vá pronto para obedecer a Deus, pois isso é o que importa, não entregue oferta como os insensatos que fazem sem saber que estão fazendo mais mal do que bem. Não fale demais, nem fale sem pensar, nem faça promessas impensadas diante de Deus. Deus está no comando, não você! Quanto menos você falar, melhor. Trabalhar demais prejudica o sono, falar demais identifica você como insensato. Quando você fizer uma promessa a Deus, cumpra e logo, pois Deus não gosta de conversa fiada. Então, se fizer um voto, cumpra-o, é melhor não fazer voto algum do que fazer e não cumprir”.
Mateus 5.37 todo mundo conhece aqui, quando Jesus diz: “Seja a sua palavra sim, sim e não, não”. Sabe o que é isso queridos? Seriedade no que nós falamos, integridade quando empenhamos a nossa palavra. Neste mesmo capítulo, está escrito assim: “Quando disserem sim, seja de fato sim, quando disserem não, seja de fato não. Qualquer coisa além disso, vem do maligno”.
Abra a sua Bíblia agora no Salmo 15 versão NVT: “Senhor, quem pode ter acesso ao teu santuário? Quem pode permanecer em teu santo monte? Quem leva uma vida íntegra e pratica a justiça, quem de coração fala a verdade, quem não difama os outros, não prejudica o próximo, nem fala mal dos amigos, quem despreza os que têm conduta reprovável, e honra os que temem o Senhor e cumpre suas promessas mesmo quando é prejudicado. Quem empresta dinheiro mesmo sem visar lucro e não aceita suborno para mentir sobre o inocente? Quem age assim, jamais será abalado”.
O versículo 4, do Salmo 15, na Almeida Atualizada diz: “…embora jure com o seu dano, não muda”. E esse mesmo versículo 4 na King James, diz assim: “Mantém a palavra empenhada e mesmo saindo prejudicado, não volta atrás”.
Não prometa o que você não tem a intenção de cumprir. Sabe, queridos, as coisas podem até mudar, mas a nossa palavra, não! A expectativa de Deus é que quando a gente prometa algo, ainda que a gente sofra dano por causa do que prometeu, não volte atrás, mas faça aquilo que disse que ia fazer. Então, cumpra o que você prometeu aos seus filhos! Sabe, queridos, existem pais que têm o péssimo costume de enrolar os filhos, de prometer coisas que eles sabem que não vão fazer.
Um exemplo disso é algo como: “Se você fizer isso, papai vai levar você para passear. Se você fizer aquilo, próximo final de semana papai leva você no cinema. A mamãe vai fazer isso com você”. São promessas vazias, sem a intenção de cumpri-las. Esse costume foi o próprio Jesus quem disse que era maligno, pois isso não é uma promessa, e sim uma mentira. É uma forma de enganar e se nós entendemos que a casa, que a família é a primeira escola para os nossos filhos, onde os nossos filhos aprenderão o poder de uma palavra empenhada, se as palavras dos pais não têm valor algum? Se aquilo que o papai diz que vai fazer, ele nunca faz. Se aquilo que a mamãe diz que vai fazer, ela também não faz. Então cumpra o que você prometeu aos seus filhos!
Cumpra o que você prometeu a Deus, os céus estão esperando pelo seu compromisso, pelas suas promessas. Cumpra o que você prometeu de repente ao seu funcionário, a sua funcionária, cumpra o que você prometeu ao seu marido. Cumpra o que você prometeu a sua esposa.