Verbo FM

Arthur Tavares (Campina Grande-PB)

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Nós somos uma geração de jovens bem acelerada. Por isso, somos tendenciosos a conquistas antecipadas. Eu terminei o ensino médio aos 16 anos, já passei na Universidade e comecei a trabalhar e fazer a Faculdade aos 17. Comecei a ganhar meu dinheiro ainda um guri (risos). Casei com 20 anos. Conheço alguns jovens assim, inclusive alguns que como eu, já foram pais, bem jovens também.

Acho que o tempo está sendo remido mesmo. Tudo está acontecendo muto rápido. Acredito que estamos vivendo as últimas gerações para a volta de Jesus.

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Amo música. A música é um dom. Eu sou baterista e vejo que têm pessoas que podem tentar aprender e desenvolver, mas outras pessoas que nascem com o dom. Eu gosto muito. Faz parte da minha vida. Às vezes, a minha esposa reclama, porque me pego o dia inteiro falando sobre isso. Seja no whatsapp ou pessoalmente, o assunto é: “vamos pegar tal música”. É algo que é muito de mim mesmo. Lembro que cheguei no Verbo em 1997, não nasci em um lar cristão. Mas, aos 7 anos de idade já estava dentro da igreja e já tinha entendido o que era certo e errado. Me envolvi em vários departamentos… Fui do Departamento infantil, adolescentes, fui do diaconato dos adolescentes, tesoureiro.

Aos 13 anos, me deparei com uma bateria e um amigo meu, Elisson (que hoje mora em Cajazeiras), foi meu professor e ele decidiu investir na minha vida. Chegava uma, ou duas horas antes de cada culto para me ensinar e decidi aprender. Comecei como percussionista, mas como uma ajuda mesmo. Aí ele precisava, de vez em quando, de ajuda na bateria e, eu já estava nas aulas com ele quando a coisa andou. Hoje, estou com 27 anos e há 14 como baterista. Ou seja, meu encontro com a bateria foi aos 13 anos, e acho fenomenal.

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Gosto muito de ouvir rock. É meu estilo favorito. Rock é de Deus, deixe isso bem frisado aí (risos). Lógico que cada um tem seu estilo, tem a questão cultural, nós vivemos no Nordeste, o cultural daqui é o forró. Mas, desde cedo aprendi a gostar do rock, porque ele fala muito desde sua origem da parte crítica, do amor, sabemos que o diabo desvirtuou algumas coisas e o rock, como qualquer estilo, tem suas nuances fora da palavra, fora do que Deus criou para ser.

Eu gosto do rock porque nos faz pensar. Faz você analisar as coisas. Não é só: “Eu te amo”, mas é: “porque eu te amo”. 98% do que escuto é rock.

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Quero falar um pouco sobre família. Família é a base. Com 27 anos, já passei por um bocado de coisas. Elas me provaram que família não se compara com nada. Tem um valor imenso. Deus acima de todas as coisas, mas aqui na Terra, não tem amigo que substitua, nem ministério, nem chamado, nada substitui a família, porque é algo muito sério.

Quando você está desacreditado de si mesmo, ela diz: “estamos aqui, eu acredito, estamos com você”. Precisamos dar mais valor.

Sou casado e posso dizer que o casamento em si é complexo. Não é um passo fácil de ser dado, não é um mar de rosas como muitos pensam, não é nada disso. Não é aquele romance hollywoodiano. Não tem nada a ver com isso. Mas, tem tudo a ver com uma palavra: RENÚNCIA.

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Casar aos 20 anos é arriscado, é complicado, porque você não tem muita maturidade, apesar de que a minha cabeça já era bem a frente, pois já trabalhava, já estava conquistando as minhas coisas. Sou um jovem que fui criado só pela minha mãe. Então, a minha cabeça já foi meio acelerada para aquela coisa: “se vire” “dê seus pulos para fazer a coisa acontecer”. Mesmo assim, não é fácil, você se une a alguém com uma bagagem diferente que viveu em um contexto diferente do seu.

A Bíblia diz que “o amor tudo suporta”. Uma vez, conversava com um amigo e pensávamos: esse “tudo suporta” é interessante. Porque você não suporta coisas comuns, acho que o “tudo suporta” é para coisas insuportáveis naturalmente. O casamento te ensina a suportar as coisas que você não vai gostar, coisas que não são da sua cultura, que são diferentes dos ensinos familiares que você recebeu, e você vai ter que assimilar tudo aquilo.

SEIS

Marta, minha esposa, é uma pessoa extremamente importante, é a minha melhor amiga. Já passamos por muitas coisas. Chegamos a nos separar por um tempo e, depois voltamos. Hoje, vejo que só podia ser Deus e foi Deus quem fez a reconstrução. Não tem mérito meu nem dela. Só decidimos nos aliançar com Deus e Ele fez o resto.

A importância dela é muito grande na minha vida. Ela está comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, realmente ela faz jus a todos aqueles juramentos que fizemos no altar. Tem seus defeitos como todo ser humano, às vezes, temos que frisar isso, mas nem precisava, era algo que devia ser comum, enxergarmos o ser humano na sua humanidade.

Temos um casamento normal, ou seja, que tem problemas, isso é a realidade, isso é humano. Mas, ela faz bem a parte dela, como mãe então…

Nós hoje temos uma família, não perfeita, mas uma família centrada no propósito certo de Deus e com ele vamos nos moldando todos os dias, erramos, acertamos, porque o foco é Ele.

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Enzo, meu filho… é a coisa mais linda do mundo.

Poucas pessoas sabem, mas Enzo é um milagre. Vou revelar a história dele aqui…

Ele é um milagre não apenas por fazer parte hoje do nosso casamento, mas é um milagre pessoal, meu.

Eu não conheço meu pai (e esse fator, não conhecer o pai), eu pensava que isso não influenciava a minha vida. Eu não o conheci. Sempre tinha até uma frase que me acompanhava: “Você não tem saudades daquilo que não conhece”. Beleza, eu não tenho saudades daquilo que não conheço, mas aquilo me afetava bastante…

Eu pensava que eu não era uma pessoa abalada por isso. Mas, para você ter noção, antes de me separar eu cheguei a dizer para Marta em um dos momentos de dar razões para me separar que eu tinha nojo de ter filho. Eu tinha nojo da ideia de ser pai, eu não queria, não tinha nenhum interesse.

Queria a minha vida com ela, a vida ministerial, bateria, música…

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E dentro da separação, algumas das reestruturações que houve com Deus foi essa. Eu provei da paternidade de Deus. Aquela paternidade que muitos falam, eu nunca tinha provado. No período de separação foi o tempo mais intenso de contato com Deus, porque só Ele estava me ajudando naquele momento, por dentro, O Senhor me reestruturou, me curou, (eu nem sabia que era doente), mas Ele me curou.

Ao ponto de que uma das coisas quando voltamos o nosso casamento foi a ideia de termos um filho. Eu notava que nas conversas sobre filhos eu já não tinha mais aquela parede de 20 metros para atravessar sobre aquilo. Não tinha ideia ainda como seria, até porque precisávamos restabelecer coisas, inclusive, financeiras, coisas normais. Mas, eu notava que dentro de mim não tinha mais aquela repulsa, aquele nojo foi tirado.

Lembro do dia do aniversário de Marta, 7 de maio de 2015, cheguei em casa, ela estava com uma caixinha com umas sandálias de menino e quando eu abri,

Ela disse: “Está ai”.

Eu disse: “O que é isso?” (fiquei branco na hora)

Ela disse: “Leia o exame”

Tinha: “Positivo”, mas eu não entendo dessas coisas e disse: “O que é isso?”

Então, ela disse: “Você vai ser pai”

Eu gelei, vivi um êxtase nessa hora!

Ela chorando na minha frente, talvez por resquícios de minhas próprias palavras ela esperava uma reação avessa, mas não foi isso que aconteceu.

Liguei para a minha mãe e falei: “Vou ser pai”

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Quem vive comigo poderia falar melhor, mas hoje vejo como é incrível ser pai. Na verdade não tem uma palavra para dizer. Provo de sentimentos incríveis, e desde a gestação dela, eu tinha um cuidado com ela, impressionante. Parecia que eu queria colocá-la dentro de uma caixa e esperar os 9 meses passarem, porque era um cuidado tão grande por ela e por ele.

Não se compara ao amor de marido e mulher, amor de pai é diferente, só quem é pai e mãe entende. É algo especial, de Deus mesmo.

Enzo tem coisas minhas e dela. Ele é bem afobado como eu, bem avexado, como diz aqui no Nordeste. Mas, também tem uns comportamentos dela. Ela é meio sonolenta, ele também é. Gosta de dormir demais (risos)

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Sou muito crítico comigo mesmo. Se fracasso, me cobro muito. É meu jeito… E é complicado, até perigoso se for levado ao extremo. Tenho um senso de justiça muito alto. Não gosto de ver acepção de pessoas, diferenças, é aquele negócio: se é para se prejudicar, que seja todo mundo. Se for para se bonificar que seja todo mundo também. Então, se eu faço errado, me cobro mesmo.

Mas, por exemplo dentro do casamento, percebo que a minha mulher é diferente (coisas de mulher), que precisa ruminar mais um pouquinho. Por exemplo, faz uma coisa errada, vai pedir perdão, é uma coisa mais lenta. Eu não. Sou muito rápido para pedir desculpa. E não é por leviandade, é uma coisa de criança mesmo, vejo que fiz errado, quero correr para resolver. Quem me conhece de perto, sabe que é assim, o pessoal do louvor, em especial. Sou meio acelerado em tudo, se fiz errado, quero consertar rápido, sempre busco Deus rapidamente, primeiramente que é quem resolve. Depois a minha esposa, a liderança. Nessa ordem.

Acho que a nossa vida é muito curta para perder tempo “moendo” um erro (remoendo). Errou, quer acertar? Bora!

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Sou intenso, falante, simpático (risos), sou chato, sou entusiasmado com tudo. Gosto de ver o povo bem. Sou verdadeiro, sincero, isso, às vezes, não é tão legal, porque nem sempre as pessoas querem ouvir sinceridades. Mas, ainda prefiro ser muito sincero, do que ter qualquer resquício de hipocrisia.

Sou uma pessoa normal, em construção, gosto de respeitar as pessoas, mas às vezes, sou rápido demais e tenho que respeitar o ritmo das pessoas. Sou simples, feijão com arroz.

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Minha mãe é uma guerreira. Uma mulher que respeito, tem seus defeitos como todos nós. Ela me teve nos anos 90 e naquela época não era uma coisa muito fácil para uma mulher ter um filho, vivendo o contexto que ela vivia, solteira, com um cara que não queria assumir o filho e ter que tocar a vida. Ela teve que largar a Universidade por um período, depois voltou, mas terminou o curso de Administração, acho que isso me influenciou bastante, pois conclui administração também com MBA em logística. Ela renunciou muitas coisas e nunca me deixou faltar nada. Educação, alimentação e saúde, além do conhecimento de Deus e da sua Palavra, ela nunca deixou faltar.

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Minha vida sempre foi muito dentro da igreja. Ao ponto de que meu castigo era NÃO ir para igreja.

Quando eu fazia uma coisa errada, minha mãe dizia: “hoje você não vai pra igreja”. Eu me desesperava, ficar em casa? Assistir Fantástico? Eu odiava isso. Meus amigos estavam na igreja, minha vida estava na igreja, ela quem me ensinou isso.

Eu a honro muito e honro o Verbo da Vida, porque foi espiritualmente uma mãe, me criei aqui dentro, aprendi tudo aqui sobre Deus.

Minha mãe passou os valores corretos, queria 10% do que ela soube sacrificar por mim.

Às vezes, queria aquele tênis e pedia a ela, mas ela dizia que não podia me dar, mas Deus sempre supria, vinha aquele parente e me dava. Eram os mimos de Deus que eu ia conhecendo.

Minha mãe é uma mulher de Deus, centrada, sempre me deu e ainda dá puxões de orelha. Muito firme com as coisas de Deus.

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Acho que amizade é uma coisa bem importante sim. Não vou citar nomes, conheço muita gente, mas como dizem, amigos podemos contar na palma da mão. Amigos que estão perto, que enfrentam o dia a dia é sempre importante.

Aprendi em sociologia que o homem é um ser sociável, nasceu para viver em sociedade. É estranho você ver pessoas que não querem estar com outras, não querem se relacionar. É de Deus ter amigos, trocar ideias, a sua ideia nem tem que ser a melhor, por isso, junte-se na mesa para ouvir outras ideias.

Certa vez li: Grandes coisas só são feitas por grandes pessoas e por muitas pessoas. Quanto maior for o projeto, mais gente será necessário estar aliançado com você. Se hoje a igreja e o ministério cresceu como cresceu é porque muitas pessoas pegaram junto e fizeram a coisa acontecer.

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Minhas melhores associações são a minha família…

Mas, existe uma importância nos relacionamentos. Só tenho cuidado com algumas associações que são feitas buscando conquistas pessoas, com a intenção errada. Ou seja, interesseiras. Prezo pelas relações independentes. Eu sou seu amigo, porque eu quero. Porque vamos conquistar coisas juntos, tenho certeza que em algum momento você irá falhar comigo, mas vamos vivendo, porque somos humanos. Esses relacionamentos de segundas intenções… Deus nunca teve segundas intenções para com Seus filhos. Ele amou e deu a graça, sabendo que um segundo depois a pessoa podia errar, mas ainda assim, Ele amou. Ele está lá do mesmo jeito.

É importante termos pessoas que nos façam crescer, mas também é importante fazermos pessoas crescerem. Em alguns momentos, você será a mão de Deus para alguém.

 

1 Comentário

  • Amém meu brother. Amei ler um pouquinho daquilo que Deus tem feito e fez na sua história é adorei relembr IPar que eu participei dela. Que Deus continue abençoando. Um beijo no coração.

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