Verbo FM

Ministro também é gente

por Sâmia Rocha

Às vezes, as pessoas pensam que ministros são seres sobre-humanos que não têm necessidades como as de “um simples mortal”. Mas, só a título de esclarecimento, um ministro é um simples mortal revestido de uma capacitação divina para desempenhar um serviço. Por isso, ministro tem fome, sede, cansaço, vai ao shopping, tem que dormir, paga contas, vai até no banheiro. Isso mesmo! Banheiro. Muitas vezes, quer desistir…

No mais, ele é uma pessoa como você, que precisa romper em fé, que lida com tentações e precisa resisti-las assim como você, que às vezes quer jogar tudo pra cima, mas por causa da responsabilidade e da consciência da vocação ele permanece e prevalece rompendo suas próprias limitações, porque ele precisa que ser o exemplo e referencial.

Muitas vezes, ele “tem que ser” aquele que sempre está bem para todo mundo, mesmo que ele mesmo não esteja bem, sempre tem que ter uma palavra, mas na maioria das vezes, ninguém faz o mesmo por eles.

Entenda: não quero que você me interprete errado achando que você tem que pagar o benefício do dom, nem mesmo mostrando que a vida de um ministro é uma miséria, porque não é verdade e não é disso que estou falando.

Falo do ver, ver além da chamada, do dom que cada um desempenha. Ver o quê? Necessidades, fragilidades, ver o coração e também a limitação e esforço para vencê-las.

Você já parou para pensar quantas vezes você passa por dificuldades e por vezes, reclama porque ninguém lhe assiste para supri-las? E ainda por cima, você reclama mais ainda quando elas falam da sua vida sem ao menos saber o porquê das coisas não é?

Você já parou para avaliar se você não está fazendo isso com aqueles que o Senhor colocou para estarem envolvidos no seu crescimento? Aqueles ministros que, muitas vezes, você só vê o que está por fora? E por vezes, fala da vida deles como se tivesse autoridade no assunto e nem ao menos se importa de procurar saber se existe algo que você possa fazer por ele além do seu serviço na igreja.

Mas, como saber o que se passa se eles não expõem a sua vida e nem falam das “suas lutas”? Sim, porque temos que ser os primeiros a ser o exemplo de subjugar a carne, romper com as emoções, viver pela fé, andar em paz e alegria, e não podemos usar o púlpito para desabafos e relatórios daquilo que estamos passando ou precisando, até porque não seria certo proceder assim.

Se nós sempre olharmos para os ministros como esses super homens e mulheres, nunca teremos ou seremos o coração de Deus para eles. Quem se importa, se liga. Quem se importa, procura saber. Quem se importa, supre, talvez não tudo, mas pelo menos aquilo que estiver ao seu alcance.

Não seja apenas uma sanguessuga de dons e das unções. Seja também um semeador para abençoar quem tanto te abençoa.

Não estou dizendo, com isso, que todos os ministros devem ser assistidos, socorridos, entendidos e supridos, porque a própria Palavra de Deus fala que existem “ministros fraudulentos” (doloso, impostor, propenso à fraude, falaz, falso, inautêntico). Ministro fraudulento não é aquele que erra, porque pelo fato de não sermos perfeitos corremos o risco de errar, mas aqueles que usurpam do que são para explorarem, aprisionarem, manipularem e dividirem lugares e pessoas, visando apenas o benefício próprio ou do que a vocação proporciona, e que, quando erra, não tem temor e nem tristeza de ter errado.

Você tem o Espírito da Verdade para lhe guiar a toda a verdade e reconhecer aqueles que amam a Deus, amam a sua vocação e o povo a que lhes foi confiado.

O próprio Paulo, na sua carta aos Coríntios, traz a consciência dessas coisas e defende alguns desses direitos, mostrando a realidade daquilo que também lhe pertencia.

“Esta é minha defesa diante daqueles que me julgam. Não temos nós o DIREITO de comer e beber? Não temos nós o DIREITO de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro? Ou será que só eu e Barnabé temos DIREITO de receber sustento sem trabalhar? Quem serve como soldado à própria custa? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não bebe do seu leite? Não digo isso do ponto de vista meramente humano; a Lei não diz a mesma coisa? Pois está escrito na Lei de Moisés: ‘Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal’. Por acaso é com bois que Deus está preocupado? Não é certamente por NOSSA CAUSA que ele o diz? Sim, isso foi escrito EM NOSSO FAVOR. Porque “o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo na esperança de participar da colheita”. Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais? Se outros têm DIREITO de ser sustentados por vocês, não o temos nós ainda mais?”  (I Coríntios 9.3-12).

Esperamos que eles sejam super homens e mulheres e quando vemos eles provarem de coisas que apenas os mortais provam (férias, lazer, shopping, boas coisas…) nos escandalizamos porque pensamos que eles têm que estar o tempo inteiro dentro da igreja em consagração, ou não podem possuir essas coisas porque têm que ter uma vida piedosa.

Mas, ter uma vida piedosa vai além das coisas que você possui, tem tudo a ver com uma condição do coração em não deixar que isso o tire do propósito e da consciência para o qual foi levantado e chamado.

Cuidado para você não ser rápido em julgar uma realidade que você não conhece. Muitos querem o posto, mas poucos querem trilhar o caminho. Muitos querem o beneficio, poucos querem pagar o preço.

Somos chamados como Corpo e um corpo visa o bem-estar de cada parte independente do nome pelo qual ele é chamado.

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