Verbo FM

Os fariseus e a Igreja

Paulo Pimenta

Aluno da EMR em Belo Horizonte, MG

Converti-me aos 27 anos de idade, após um milagre ocorrido com o meu sobrinho, que foi sobrenaturalmente curado, enquanto nós nem mesmo críamos e compreendíamos a cruz e as Escrituras.

Depois da evidência do milagre, fui abrindo meu coração àquele livro que eu considerava enfadonho, contraditório e, principalmente, manipulado por mãos humanas. Tão logo fui conhecendo o Evangelho e sendo instruído na Palavra, muito do que eu acreditava em relação à essência da Igreja foi sendo desmistificado. De fato, o mundo não conhece o sentido de existir, o propósito da Igreja, como Corpo de Cristo. É verdade também que o mundo nem mesmo entende o que representa a Bíblia para nós, crentes ou não.

Passei por um período de profunda reflexão e perguntas a Deus: por que entendemos tão errado o que sempre esteve ali, de tão fácil acesso? Por que passei quase três décadas sem compreender a mensagem contida naquele livro que antes parecia tão complicado, mas agora me parece tão simples e de fácil leitura?

É bem verdade também que o Espírito Santo nos ajuda a compreender as Escrituras, mas a verdadeira resposta vem da pergunta do eunuco etíope a Filipe (At 8:31), dizendo “Como poderei entender, se alguém não me ensinar?” Como poderia eu compreender as Escrituras, se alguém não me ensinasse?

Porém, existe uma realidade que me difere daquele etíope: eu fui criado em uma sociedade com uma influência quase absoluta do Cristianismo. Estudei em uma escola cristã toda a minha vida, e por toda ela eu tive uma Bíblia. Convivi com muitos crentes de várias denominações. No fim de minha adolescência, cheguei a receber convites para visitar algumas igrejas, mas recusei a quase todos. Eu já estava com o coração fechado.

Mas por que eu estava com o coração fechado para algo que, anos depois, foi a melhor coisa que já aconteceu e poderia acontecer na minha história?

De fato, o homem que vive pela sua carne (Gl  5:16) manifesta a parte do homem que remete à queda. Nessa área, Deus não se faz participante. Logo, sabemos que onde não há Luz, as trevas prevalecem.

Agora, se alguém está nas trevas, mas fala EM NOME daqueles que estão na Luz, estes não são luz para o mundo, e sim escurecem a mensagem da Cruz, a mensagem da Graça de Deus.

Deus não muda. Foi o mesmo nos tempos de Adão, Abraão, Moisés, Davi, Paulo e nos tempos atuais. E este “homem das trevas que fala em nome dos da luz” também sempre existiu. E existe ainda hoje.

Nos tempos de Jesus, este homem era representado pelos Fariseus. Falavam com ares de santidade, eram estudiosos das escrituras. Sabiam do que estavam falando, e frequentemente colocaram até nosso Senhor Jesus em situações as quais ele só pôde sair por causa de sua sabedoria divina. Estes mesmos homens rivalizaram com nosso Mestre, e chegaram a ser chamados por ele de “raça de víboras”, entre outros adjetivos não muito honrosos. Por fim, foram eles que tramaram e fizeram de tudo para terminar com o ministério e a vida de Cristo. Pois a mensagem dos Fariseus e a mensagem de Jesus, apesar de virem da MESMA fonte, eram opostas!

Mas como isso é possível?

Os Fariseus conheciam da Lei, e a guardavam. Estavam, embora omitindo um cúmplice, cumprindo a Lei quando levaram a mulher pega em flagrante de adultério a Jesus.

Mas Jesus não era um homem da Lei. Ele de fato cumpriu toda a Lei, mas Jesus era um homem do Amor. Este princípio, que foi a tônica de seu ministério, foi o que o levou a suportar tudo pela nossa salvação. Em tudo, até sua morte, Jesus andou e agiu pelo princípio do Amor do tipo de Deus.

Na sua ressurreição, Jesus estabelece seu corpo, sua assembleia, sua Igreja, para que aja segundo seus estatutos, tendo SEMPRE o Amor como ponto de partida, caminho e chegada!

Os anos se passaram, e a Igreja invariavelmente acabou caindo, muitas vezes, nos MESMOS erros daqueles Fariseus, rivais de Jesus.

Compreendo hoje que seria pra mim impossível, de fato, ter conhecido o Amor de Cristo, quando o que me era apresentado frequentemente era o julgamento da Igreja.

Para mim, Igreja era o lugar de professar uma religião, e não um corpo que me acolheria. Deus era um juiz severo e distante, e não um Pai amoroso e desejoso por me ter por perto novamente. A Bíblia era um Código Penal, me dizendo o que eu devia ou não devia fazer, e não uma maravilhosa história de amor, narrando como esse meu Pai me perdeu e fez DE TUDO para me achar novamente.

Lembro-me de uma frase do filme “O Livro de Eli”, que o protagonista (Eli, vivido por Denzel Washington) carregava e protegia o único exemplar da Bíblia existente no mundo. A lia todos os dias. Matava e mutilava pessoas para mantê-la. Quando a perde e continua sua caminhada, percebe seu erro, e diz:

“Vivi tanto tempo guardando esse livro, que me esqueci de viver pelo que ele ensina”.

Vamos sempre nos lembrar disso: vivamos pelo que a Palavra nos ensina, e aí levaremos as boas novas por onde quer que andemos.  Não fomos chamados para sermos juízes de pessoas, mas fomos chamados para AMAR incondicionalmente e PREGAR o evangelho. Apenas isso.

Os Fariseus, que julgavam, faziam o contrário da vontade de Deus, que só amava, mesmo professando a mesma Escritura. Deixemos de lado o julgamento próprio dos Fariseus e vamos nos envolver cada dia mais com o amor de Jesus!

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