Verbo FM

Amar depende de nós

Tony Cooke

Quando focamos no ministério e naquilo que flui através de nós, precisamos também nos concentrar naquilo que flui dentro de nós. A gente não pode se ocupar tanto permitindo que Deus realize coisas através de nós, que passamos a negligenciar as coisas que Deus deseja fazer em nós. Porque quando as pessoas começam a estudar acerca da fé, muitas vezes, um dos versos que elas mais gostam é Mateus 19.26.

Com Deus, todas as coisas são possíveis, isso nos deixa animados. Deixando de lado um ponto de vista doutrinário, teológico, a respeito da fé, existe algo que chamamos de espírito da fé. O Espírito da Fé é essa atitude de “eu creio em Deus” e essa fé foi o que levou muitos graduados do Rhema do Brasil, dos Estados Unidos e centenas de outros lugares que o Rhema está plantado ao redor do mundo, a crer e confiar em Deus para realizar as coisas. 

Essa percepção de saber que não pode fazer tudo na própria força, mas em Cristo eu posso tudo, é a atitude de um conquistador. Essa atitude de um desbravador que leva as pessoas a lugares que nunca foram antes, que leva as pessoas a fazerem coisas que elas nunca fariam. Só porque elas creem em Deus, só porque elas confiam n’Ele.

Elas sabem que com Deus todas as coisas são possíveis. Mas a Bíblia também tem um outro versículo, que nos leva a refletir e pensar sobre essas coisas, eu me refiro a Romanos 12.18: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens”. 

Isso joga sobre nós uma perspectiva diferente. Perceba que não se trata de contradições, na Bíblia não há contradições. Mas, muitas vezes, existem contradições no modo como as pessoas leem a Bíblia. Porque alguém poderia comparar esses dois versículos e dizer que encontrou uma contradição, porque em Mateus vemos Jesus dizendo que em Deus todas as coisas são possíveis. Mas, Paulo vem e diz “Se possível, quando depender de vós, tende paz para com todos os homens”. É uma contradição. Porque Jesus diz que com Deus tudo é possível, mas Paulo diz “se for possível”. 

Eu posso afirmar para você que não existem contradições na Bíblia, porque Jesus e Paulo aqui não estão falando da mesma coisa. Jesus está falando que com Deus todas as coisas são possíveis, mas Paulo está dizendo que com as pessoas talvez não. 

Quando você e Deus estão trabalhando juntos, tudo é possível. Mas quando você está trabalhando junto com as outras pessoas, talvez seja possível, talvez não seja. “Naquilo que depender de você, tenha paz para com todas as pessoas”. E quando a gente combina esses dois versos da Palavra, a gente consegue extrair um entendimento muito simples: Deus é mais fácil de resolver do que muita gente. Ele é perfeito. As pessoas não são.

O Irmão Hagin sempre falava muito sobre o andar em amor, mas a história do mundo mostra que o povo não se dá muito bem com os outros, até mesmo as pessoas que são mencionadas nas páginas da Bíblia. Tudo isso porque o pecado entrou na história da raça humana e as relações passam a sofrer as consequências desse pecado. 

Adão culpou a Eva. Caim matou Abel. Os servos de Ló não conseguiram se entrosar com os servos de Abraão. Jacó e Esaú tiveram uma grande discordância. José foi odiado pelos seus irmãos, ele foi traído, vendido como escravo. Jó foi atormentado pelos seus amigos quando ele precisou da compaixão e misericórdia deles, eles só jogaram em cima dele condenação e culpa. Davi teve que desviar da lança de Saul, depois Davi teve que fugir da rebelião do seu filho Absalão. Elias teve que fugir das ameaças de Jezabel. Herodes tentou matar Jesus quando ele era só um bebezinho e, quando adulto, Jesus chegou a ser traído com um beijo. Paulo até teve uma briga com Barnabé. E em Antioquia Paulo chegou a repreender Pedro publicamente. A igreja de Corinto estava cheia de contendas e divisões. E quando Paulo escreve para a Igreja em Filipenses, tinham dois líderes que estavam apresentando atrito e ele disse: “eu rogo a Evodia e a Sintique que apresentem uma só mente no Senhor”. Então, quando a gente lê a Bíblia vemos que está cheio de exemplos de pessoas que tinham dificuldade de conviver umas com as outras. 

Mas o que foi que Jesus orou ao nosso respeito? Ele não só orou para que fôssemos um, mas orou também para que fôssemos um do jeito que Ele e o Pai eram um. Para que a nossa unidade aqui fosse semelhante àquela que a Trindade apresenta entre si.

Quantos de vocês sabem que entre a trindade não tem ciúmes, inveja, competição, discordância? E se nós como igreja temos o desejo de alcançar aquilo que Jesus expressa como sendo Sua vontade, a nossa caminhada de amor tem que subir para um nível bem elevado, a nossa caminhada em paz com os outros tem que subir para um nível bem alto, a nossa caminhada de unidade, o nosso trabalho em equipe, eles têm que subir para outro nível. 

De fato, Jesus chega a dizer que é a forma como nós amamos uns aos outros que seria o nosso maior testemunho para esse mundo. Jesus nunca chegou a dizer: “é por isso que os homens conhecerão que são meus discípulos, quando vocês tiveram uma grande fé”. A fé é importante, mas não foi isso que Jesus disse. Ele disse: “Todos conhecerão que são meus discípulos quando tiverem amor uns pelos outros”. 

O apóstolo Paulo não disse: “Agora, permanecem a fé, a esperança e o amor, e o maior destes é a fé”. Não, ele disse “o maior destes é o amor”. 

No velho testamento Deus deu 630 mandamentos. Imagina acordar todo dia e ver uma listinha de 630 coisas que você deve e não deve fazer. Eu acho que Deus foi bondoso conosco e resumiu todos esses em 10 mandamentos. Quando você olha os 10 mandamentos, os quatro primeiros falam sobre o nosso relacionamento com Deus, mas os seis seguintes falam de como tratamos uns aos outros. Então, mesmo Deus tendo conseguido resumir para 10, chegou um cara depois e perguntou para Jesus e ele fez a proposta para Jesus resumir para um só mandamento, ele quis saber qual era o maior mandamento, a coisa mais importante e Jesus diz o seguinte em Mateus 22.37: 

“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mateus 22.37).

E no verso 38..: “Este é o primeiro e grande mandamento”

Mas, Jesus não terminou aí, Ele disse: 

“E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.39).

A fé cristã não é uma fé somente vertical. Muitas vezes, as pessoas querem que o seu cristianismo seja apenas uma coisa privada, pessoal, só dela. “É só eu e Ele, só nós dois”. Mas, requer também que você ame as outras pessoas. 

Amar a Deus é fácil, porque Ele é perfeito, mas amar outras pessoas é mais difícil, porque eles não são perfeitos. Jesus colocou uma ênfase muito grande nisso no capítulo 5 de Mateus, no verso 23:

“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta” (Mateus 5.23-24).

Perceba que nessa ocasião, Jesus estava se dirigindo a Judeus, o sistema de sacrifício do templo ainda estava em operação e Ele fala com esse povo no contexto deles. A gente não faz mais isso hoje, mas era assim que as pessoas na ocasião adoravam a Deus.

Às vezes, podemos pensar: “Deus é a pessoa mais importante na minha vida, então se eu tiver enfrentando um problema em um dos meus relacionamentos, se eu ofendi alguém, se alguém está segurando falta de perdão contra mim, é problema dele, eu vou me concentrar em adorar só a Deus”. Parece que muita gente hoje em dia pensa dessa forma, mas Jesus disse que não dá pra ser desse jeito. Jesus disse que se você estiver pronto para entregar seu sacrifício ao sacerdote e você lembrar de alguém que teve um atrito ou alguma contenda no relacionamento, coloca ali o sacrifício, para o que está fazendo e primeiro te reconcilia como seu irmão, só depois você volta e continua a oferecer o seu sacrifício a Deus. É bem forte isso.

Mas a gente nem pode se dar ao “luxo” de amar a Deus e não amar as pessoas. Jesus não nos permitiu esse “luxo” . Alguém pode até pensar: “Eu tive essa dificuldade com a pessoa, até já pedi perdão, fiz tudo o que eu posso, mas aquela pessoa continua guardando uma amargura contra mim, eles não me perdoaram, mas eu fiz tudo o que podia. O que posso fazer?” Então, se você fez tudo o que estava ao seu alcance, você fez o que podia. Aí você volta para o texto de Romanos 12. 

Se a outra pessoa não quer aceitar, então você precisa viver em paz consigo mesmo. Muitas vezes, as pessoas se envolvem em relacionamentos tóxicos, perigosos, eu não acredito que Deus deseja que nós nos mantenhamos em relacionamentos que nos levariam a ser severamente machucados, abusados. Mas, esse não é o nosso assunto, nós estamos falando de uma coisa totalmente diferente. Estamos aqui falando das prioridades que Deus tem. É prioridade para Deus que andemos em amor, que andemos em perdão. 

“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 João 4.20-21).

O amor não é uma sugestão. O amor não é um ideal a ser alcançado. O amor é um mandamento. E o que é um mandamento? Um mandamento é uma ordem dada por alguém que está em uma posição de autoridade, a respeito da qual não se tem escolha, e também não se tem desculpas, exceções.

Alguém pode pensar: “se for desse jeito o amor vai se tornar um fardo”. Quando você nasceu de novo esse amor da parte de Deus já foi derramado no seu coração, você é um filho do amor de um Deus amoroso, a própria natureza de Deus está dentro de você, a sua carne até pode querer odiar alguém, pode até querer guardar ressentimento, falta de perdão, mas o seu eu de verdade, o verdadeiro que nasceu de novo, já tem o amor de Deus derramado no seu coração e amar não é um fardo. Um fardo é odiar. O peso é carregar amargura, falta de perdão. 

O irmão Hagin era um grande mestre da fé, mas os versos preferidos dele na Bíblia eram esses aqui: 

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito. Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis” (Marcos 11.22-24).

Quando eu era muito jovem, com uns 22 anos, eu era um pastor auxiliar e nós recebemos um ministro que trouxe a Palavra, naquela época ele não era uma pessoa famosa, muitos anos depois ele chegou a se tornar um dos pregadores mais conhecidos dos EUA e até do mundo, mas naquela época ele era só alguns anos mais velho do que eu. Eu estava com a responsabilidade de dirigir para ele, levá-lo no meu carro. E ele disse uma coisa na época que não foi muito gentil a respeito do irmão Hagin.

Eu tinha acabado de me formar no Rhema e fiquei chateado, ele não foi muito espiritual na ocasião e nem eu, os dois ficaram um pouco na carne e eu disse: “O que você tem contra o irmão Hagin?”, e ele falou: “Porque ele ensina que você pode receber o que crê”. Aí eu falei: “Está escrito em Marcos 11.23, foi Jesus quem disse, se você tem problema com isso seu problema não é com o irmão Hagin, é com Jesus”. No ano seguinte, ele voltou na nossa igreja e todas as pregações dele foram baseadas no irmão Hagin.

Eu ouvi o irmão Hagin ensinar e geralmente ele lia o verso seguinte de Marcos 11 também e o depois daquele também:

“E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas” (Marcos 11.25-26).

Tem gente que até gosta de pregar e ensinar sobre Marcos 11.22, 23, 24, mas não tem muita gente que quer chegar no 25 e 26, e eu acredito que precisamos acolher tudo aquilo que Jesus nos instruiu. O irmão Hagin comentou algumas coisas sobre isso: 

“Nós somos instruídos a amar os nossos irmãos e para fazer isso a gente vai ter que aprender a abençoar aqueles que nos amaldiçoam e fazer o bem para aqueles que não fazem o bem para nós, nós não estaremos andando em amor e perdão a menos que façamos isso. Muitas vezes, eu acabo fazendo do mesmo jeito que todo mundo faz, eu fui tentado várias vezes a não perdoar, mas eu me nego a deixar com que qualquer vestígio de animosidade, de má vontade, qualquer vestígio de pensamento equivocado entre dentro de mim. De fato, quando as pessoas falam de mim, eu até oro por elas. Muitas vezes, elas nem sabem o que estão fazendo, até mesmo Jesus chegou a falar daqueles que estavam a crucificá-Lo: ‘Perdoa-os, Pai, porque eles não sabem o que fazem’”. 

Não seria maravilhoso que os nossos sentimentos mudassem e ficassem bons na mesma hora que a gente ora liberando perdão? Mas, não é bem assim que acontece. Toda vez que alimentamos a decisão que tomamos de perdoar, depois de uns poucos dias os sentimentos ruins vão ficando mais fracos até que nem estejam mais lá. 

O nosso sentimento precisa de um treinamento, porque os nossos sentimentos são um pouco lento para aprender. Mas, você terá vitória naquilo que você alimenta. 

Jó se deparou com tragédias terríveis na sua vida. E ele não era um judeu, ele nem tinha uma Bíblia, mas era um homem justo, temente, respeitava a Deus. E lá no fim do livro de Jó, depois dele ter uma revelação de quem era Deus, ele diz: “Deus eu já disse tanta coisa sobre você, mas eu nem sabia o que eu estava falando, eu era ignorante”. E Deus disse: “Olha, os seus amigos disseram coisas sobre mim que não eram verdadeiras”. O que conseguimos aprender do livro de Jó é que ele é quase um argumento teológico entre quatro pessoas que não sabiam do que estavam falando. Por favor, não baseie sua teologia em Jó, baseie a sua teologia em Jesus. E se formos ler o finalzinho do livro de Jó vamos ver que nos capítulos anteriores eles não sabiam do que estavam falando. 

Jó estava no meio de um tumulto emocional tão intenso que ele amaldiçoa até o dia que ele nasceu, ele começa a proferir coisas terríveis sobre Deus, mas ao invés dos seus amigos demonstrarem compaixão e entenderem que Jó falou aquilo porque estava passando por uma dor terrível, eles decidiram que iam corrigi-lo. Nós não estamos aqui para julgar eles porque eles nem tinham Bíblia, mas lá no final do livro Deus se revela para Jó, ele se arrepende do que ele falou. Mas, Deus disse para Jó: “Eu quero que você ore pelos seus amigos”. 

“E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía” (Jó 42.10).

Muitas vezes, o perdão remove uma espécie de bloqueio. Às vezes, as pessoas até têm fé, mas também cultivam uma falta de perdão e isso consegue impedir completamente a fé daquela pessoa. 

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5.14-16).

Nem todo mundo que está doente é por ter cometido um pecado específico, mas algumas vezes, sim.

A gente pode ter fé, mas se não tivermos amor, Paulo disse que pode ter todos os dons, falar com os montes, dar o corpo para ser queimado, mas se não tiver amor de nada se aproveitará. Esse é o tipo de poder que Deus quer manifestar em nossa vida. Assim como já abraçamos tudo aquilo que já aprendemos sobre fé, também temos que abraçar o mandamento que Deus nos trouxe sobre o amor. 


*Trechos da mensagem do dia 17 de fevereiro de 2023, na Conferência de Ministros América do Norte.

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