Graça
João Gabriel Albuquerque
Graduado pela Escola de Ministros Rhema

“Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.

Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.

Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8.3-11).

Nesse contexto, vemos exatamente a manifestação da graça de Deus. A Bíblia nos revela que Jesus se abaixa e escreve na areia. Existem momentos que apenas precisamos nos abaixar para escrever na areia, para buscarmos a orientação do Espírito.


Lei x Graça

Jesus não cumpriu a lei de Moisés, porém Ele não pecou, embora, naquele contexto, descumprir a lei fosse considerado pecado. Aqui vemos o confronto das alianças lei x graça. A humanidade estava caída e não havia lei. Mas Deus estabelece a lei através de Moisés, para mostrar ao homem a sua própria condição de pecado e estabelecer um parâmetro de certo e errado. A lei veio evidenciar a nossa incapacidade de alcançar a justiça própria perante Deus. A lei veio com a finalidade de mostrar a condição de pecado, mas foi adicionada; isso indica prazo de validade. 

“Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador” (Gálatas 3.19).

A Lei foi guiando o povo até o momento da vinda do Messias. 

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mateus 5.17).

Jesus diz, nessas passagens, que veio para cumprir a lei, mas se Ele veio para cumprir, por que não apedrejou aquela mulher? Porque Jesus não veio para se sujeitar a lei, Ele veio para cumprir no sentido profético, pois a lei era estabelecida até que viesse o descendente prometido!

“Pois, para com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei. Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer” (Hebreus 8.12-13).


Enxergando nitidamente

Em Cristo, houve mudança de lei; mudança de sacerdócio. A Lei apontava para Cristo. Ela era como uma sombra. A sombra te permite ver o contorno e o formato, mas ela não é capaz de mostrar exatamente o objeto que você visualiza. Não é possível ver cores, nitidez; assim era a lei!

A Bíblia nos mostra a serpente de bronze que foi levantada para curar o povo de Deus que estava doente e morrendo. Aquela era uma sombra de Cristo. Ele veio para nos livrar da morte eterna e promover a cura divina. A lei era um guia que apontava profeticamente para a dispensação da graça iniciada em Jesus Cristo. A lei não tinha condição de justificar. Foi assim que Jesus cumpriu a lei, não se sujeitando a ela, mas cumprindo profeticamente. A graça nos salvou!

Não havia nada que nós pudéssemos fazer para nos tornar justiça de Deus. Estávamos condenados e presos pelo diabo, assim como aquela mulher adúltera estava condenada à morte. Mas Ele, rico em misericórdia, nos contemplou com a graça, nos fazendo ter vida eterna. 


Graça, e não desgraça!

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Coríntios 5.17). 

Que graça abundante que nos alcançou; que nos libertou! O maior milagre da Bíblia não foi Moisés abrir o mar vermelho, mas sim a possibilidade da transformação de uma vida. A graça de Deus olhou para os olhos daquela mulher adúltera e não a condenou, mas disse: “Vá e não peques mais”. Precisamos entender que a graça não é só a salvação. A graça genuína da parte de Deus, não só diz: “Eu também não te condeno”, mas diz: “Vá e não peques mais”.

A graça que só prega o “não te condeno”, é uma graça barata; uma desgraça, doutrina de demônios, que produz uma geração leviana, libertina. Ela genuína de Deus não é assim. Existe um padrão de vida em Cristo debaixo de uma graça, de uma capacidade vinda dos céus.

A graça é uma força capacitadora que nos habilita a viver uma vida sem pecado!


Os 3 pilares da graça:

1. Mudança de lei
2. Justificação
3. Transformação

O fato de termos uma graça que nos cobre se pecarmos como acidente de percurso, não pode nos acomodar. A graça deve elevar a nossa cabeça para um padrão maior. Precisamos focar na graça que nos habilita a não pecar. Não pode ser uma justificativa ou liberação para o pecado. A graça veio trazer um antídoto para você não estar mais preso a uma condição de pecado. Jhon Wesley, um grande evangelista e pregador da palavra, dizia: “O evangelho pregado sem arrependimento, não é evangelho”.

A graça é uma força sobrenatural que te condiciona a viver sem pecar. Ela não veio diminuir o padrão. Não é pela sua força, é um poder, um favor da parte de Deus disponível. Quanto mais o negócio aperta, mais graça da parte de Deus é disponibilizada para você viver uma vida santa. Se o diabo consegue te limitar a uma consciência de graça, somente com relação à salvação, ele perdeu uma alma, mas ganhou um cristão ineficaz. Aqueles que pregam a graça como justificativa de libertinagem, profanaram a graça e rejeitaram o sacrifício de Jesus. 

O amor de Deus não é sobre tolerância 

“Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus” ( I Coríntios 15.9).

A graça é uma manifestação sobrenatural da força divina operando na vida do crente para cumprir seu propósito. Ela vem para que você não ande na força do seu braço. Essa mesma graça que te salvou e te tirou do império das trevas, te habilita como uma força para andar em santidade e ser constante. A graça pode ser multiplicada na sua vida quando você se humilha diante da potente mão de Deus.

“A verdade é que quanto mais insuficiente nos vemos, e quanto mais dependemos de Deus, mais graça poderá ser experimentada” (Luciano Subirá).

No coração de Deus existe um clamor por santificação. Se vivemos uma vida inconstante, é porque algum dos canais da graça de Deus está obstruído em nossa vida. O segredo é nos humilharmos debaixo da potente mão de Deus, porque a graça nos habilita a sermos constantes, santos e firmes. Nós vamos entrar numa fase de avivamento de consciência da graça, e será marcado por temor, por reverência, confissão de pecados, reverência e dependência da graça!

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