“A Verdade tem duas asas” (A. W. Tozer)
Como cristãos, devemos ser guiados pelo Espírito e pela Palavra. Muitas canções são fruto de um tempo de oração, de um tempo de adoração espontânea a Deus e até mesmo de experiências de vida. O Espírito Santo, e até mesmo o nosso espírito humano pode nos inspirar a escrever canções. Ser inspirado é saber receber instruções, autorizar o Espírito a nos ensinar e a nos trazer à mente uma mensagem que será transmitida através da música. Entretanto, é preciso que corramos à Palavra, como uma prova, uma checagem. O Espírito e a Palavra agem juntos, e o Espírito, na sua atuação, exaltará a Palavra (1 João 4:2-3).
Portanto, devemos checar nossa inspiração com a verdade bíblica. O equilíbrio é encontrado quando alcançamos a medida exata de dois lados, ou dois enfoques da verdade: a Palavra e o Espírito. Por exemplo, seria muito estranho se cantássemos a Deus pedindo para enviar o Messias, não é? Da mesma maneira, devemos tratar de modo diferente cada dispensação em que vive a humanidade, como a Antiga Aliança e a Nova Aliança. As leis que regem estas duas dispensações são diferentes, e devemos tomar cuidado para não confundir as duas, e tratá-las com equilíbrio. Algumas músicas se tornam inverdades apenas porque misturam conceitos de ambos os períodos como se fosse um só, trazendo confusão doutrinária aos ouvintes.
Sabemos que o Reino de Deus chegou até nós, e vivemos nesse Reino agora. Mas, no futuro, quando estivermos face a face com Deus, a condição em que viveremos será diferente. Teremos um corpo glorificado, não teremos mais tristezas, e exerceremos funções diferentes do que a humanidade exerce hoje. Portanto, cuidado é necessário quando cantarmos sobre o futuro, tanto porque já podemos viver uma parte da realidade no céu aqui na Terra hoje, e também porque a condição em que viveremos no céu se diferencia da realidade na Terra hoje.
Existe uma verdade que é a soberania de Deus. Deus é onipotente, ou seja, pode todas as coisas. Entretanto, existe outra verdade, que é o livre arbítrio do Homem. Essas verdades não andam em oposição, mas sim em perfeito equilíbrio. Se quisermos falar corretamente da soberania de Deus, temos que entender também os princípios que regulam o livre arbítrio, para que nossas palavras não entrem em contradição com essa outra verdade.
Compositores devem entender que uma canção no contexto congregacional respeita certos limites de tempo e de tamanho. Então, o meu conselho é que foquemos em apenas um tópico, um tema, para que dentro da canção haja uma abordagem plena e equilibrada do conceito sobre o qual a canção fala. Em apenas uma canção, provavelmente não caberia tratar de dois ou mais princípios não muito parecidos entre si.
Deste modo, sejam conscientes dos dois lados da verdade: a Palavra e o Espírito. Não ande em extremos, mas busque o equilíbrio em suas canções, para que um princípio não fira o outro, e não seja dito nada que esteja errado em relação a um dos lados.