Verbo FM

Movimentos de solidão

por Rubens Nascimento (Campina Grande-PB)
*Graduado da Escola de Ministros Rhema

O mundo moderno, de amizades virtuais – de curtidas, compartilhamentos e postagens de uma “vida roteirizada” – tem criado “movimentos de solidão” e gerado avaliações equivocadas de posturas e sentimentos, quando a alegria aparente encobre uma sensação de desaparecimento, até pela via da morte provocada – o suicídio.

O avanço tecnológico, o stress, o corre-corre da vida de cada um e a pressão pela ocupação de espaços têm gerado um esfriamento nas relações humanas, capaz de fazer, mesmo nas exposições e agregações de uma multidão conectada, pessoas sentirem e viverem em pleno estado de solidão; um tipo de sensação que as acompanha e se intensifica ao ponto de imaginarem não serem importantes, não serem amadas.

Essa ocorrência tem levado muitas pessoas a pensarem e a executarem o suicídio. O cometimento desse ato desesperador tem se tornado uma “epidemia mundial”, capaz de ceifar a vida de uma pessoa a cada 45 minutos, só no Brasil. Esse é, verdadeiramente, um tema muito delicado e parece que estamos vivendo uma naturalização de algo tão trágico. E de que modo poderemos fazer algo, ajudar alguém ???… mesmo que abertamente não seja diagnosticada uma condição de instalação depressiva ou mesmo de um pensamento recorrente, desejando o fim.

A resposta é simples: Procurando colocar em prática a nossa vida cristã, não apenas na nossa relação particular com o Senhor, mas, fundamentalmente, transmitindo para o próximo a luz e a bênção que recebemos d’Ele.

O Evangelho não se conceitua com a expressão da individualidade, muitas vezes com posturas egoístas, daqueles que entendem garantir a salvação em Cristo, mas não demonstram nenhum interesse em ajudar quem está perto, de acolher o necessitado, de ser uma bênção na vida daqueles que esperam um milagre. O Evangelho pensa o bem da coletividade, do corpo inteiro.

Não temos tido tempo de conversar com as pessoas, como antigamente, de olhar nos olhos e saber o que se passa com cada uma… e para que elas também saibam ao nosso respeito.

Nas poucas vezes que paramos para ouvir, temos tido respostas rápidas, muitas vezes mecanizadas, sem se dispor a procurar uma solução, junto, demonstrando interesse… até mesmo a chorar junto (se for preciso), até a luz chegar.

Somos religiosos quando pensamos que um culto verdadeiro segue a liturgia de cada encontro congregacional, quando na verdade também exige contato com o próximo, dando e recebendo amor de Deus, sendo canal e instrumento de salvação… e também recebendo esse mesmo acolhimento.

Somos muito espirituais quando acionamos nossa percepção “teológica” pela vinda breve do Senhor; mas insensíveis quando não enxergamos a partida de quem está ao lado, precisando de nós, mesmo que este diga que não.

Oremos pelos familiares daqueles que assim já partiram – e não estamos aptos a julgar nenhuma conduta – mas espero que esse mês possa trazer algum meio de reflexão para quem porventura entenda que precisa de alguma ajuda, esperando também que encontre apoio familiar, nos seus amigos verdadeiros, e, se for o caso, também dos profissionais referenciados para o atendimento de certos quadros. Que nós possamos estar sensíveis para agir mesmo que sem a necessidade de sermos acionados, convocados.

Que possamos também intensificar nossas comunicações, quem sabe resgatando meios já antigos – enviando uma carta, de próprio punho – ou um cartão, quem sabe presenteando com um livro e fazendo uma dedicatória especial… ou enviando flores, fazendo um agrado… ou convidando para tomar um café, caminhar, partilhar, ações que muitas vezes nem custam dinheiro, são de graça, mas que podem evitar o custo de uma vida… aliás, qual é o valor de uma vida? Às vezes é o valor de nossa atenção (ou a falta dela).
Pela vida do próximo, é preciso fazer algo. Eu preciso… precisamos.

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