Muitos de nós estamos em alguma área de nossa vida nos justificando para nós mesmos, para os outros e até para Deus sobre o porquê algo não deu certo. Vivemos um certo nível de arrependimento pelos nossos erros que funciona como um grilhão preso à nossa perna.
Ele não nos impede de caminhar, mas nos torna tão lentos quanto o caminhar do bicho-preguiça. Fomos machucados, enganados, intimidados, e o resultado muitas vezes é nos fecharmos como ostras em nossos próprios pensamentos, sentimentos e na forma de ver a vida, geralmente distorcida do que realmente ela é.
Essa não é a vontade de Deus. Ele é um Deus de novas chances. O passado foi ontem, já passou. Por que continuar alimentando uma estrutura mental fundamentada no fracasso, na decepção ou no medo? Deus não está nos apontando o erro, pois Ele estava lá antes de errarmos, Ele sabia que isso aconteceria.
Em Salmos 139.8-10, Davi expressou isso ao dizer que independentemente do lugar onde estivesse, Deus estaria lá. Certa vez, Jesus disse à uma grande multidão que, antes de edificar uma torre, é preciso sentar-se e avaliar quanto vai custar, calculando para saber se seria capaz de concluir a obra. Caso contrário, nem mesmo daria início à construção (Lucas 14.28).
Nessa passagem, Jesus falava sobre ser discípulo. É fácil concluir que Jesus não orientaria que fizéssemos algo contrário ao que o próprio Deus faria, pois Ele mesmo só fazia o que viu o Pai fazer previamente; e só falava aquilo que seu Pai o mandava dizer (João 5.19; João 12.49). Podemos imaginar Deus nos momentos antes da criação, calculando, medindo, avaliando, nos olhando, nos conhecendo em Sua visão onipresente, ciente de cada erro que a humanidade praticaria e consciente de cada tropeço que cometeríamos em nossa jornada. Deus é um Deus de novas chances, mas não de segundos planos, ou planos “B”. Ele nos enxergou e chegou à conclusão: “Vale a pena!”.
Deus nos formou e nos teceu no ventre de nossa mãe (Salmos 139.13) e com Ele está tudo bem. Deus viu quando figuras como Moisés, Elias, Pedro e Sansão erraram e mesmo assim lhes deu uma nova chance. Moisés quebrou as tábuas dos mandamentos depois de 40 dias ouvindo-os do próprio Deus.
A razão para Sua ira era justa, o povo se comportara como ingratos e irreverentes. Elias se escondeu numa caverna temendo uma sacerdotisa de Baal, mesmo depois de ter visto fogo do Senhor queimando
sobre as águas da oferta a Baal. Pedro negou Jesus 3 vezes, depois de 3 anos convivendo e sendo ensinado por Ele. Sansão desdenhou do poder que lhe havia sido dado.
Desde o início, Deus decidiu não nos olhar pela lente do pecado, dos erros, dos deslizes, mas, sabendo que eles aconteceriam, disponibilizou-Se a colocar em prática a maior operação de amor da história para que fôssemos limpos e pudéssemos estar em Sua presença sem peso. Ele nos quer, Ele sempre nos quis e Ele é mais que capaz de nos dar uma nova chance de recomeçar.
Novas chances não são privilégio de alguns; não são conquistadas pela força do braço ou por merecimento. São simplesmente a base que fundamenta todo o plano de redenção. Deus está compromissado em nos amar e acreditar em nós até o último suspiro de nossa vida. Agora, permita-se receber, acolher e acreditar que tudo que Ele fez foi por você. Corra com isso como se fosse o presente mais precioso, pois de fato é.
No ponto em que estamos, você já consegue visualizar o Deus de novas chances. E quanto ao povo de hoje? Nós? Qual é o nosso papel nisso tudo? Ao explorar tal aspecto, nos debruçamos sobre o exemplo de Rute. Uma moabita, mulher, viúva, sem grandes perspectivas para a sociedade na sua época. Ela chegou em determinado momento de sua vida que precisava fazer uma escolha: voltar para o passado ou seguir
em frente para uma situação que naturalmente lhe traria uma vida sem graça.
Ela viveria para servir a uma idosa, numa outra cultura, com grande possibilidade de sofrer preconceito. Ela decidiu que para o passado não voltaria. Sua decisão foi fundamentada: no amor de I Coríntios 13.5, que diz “(…) não busca seus próprios interesses (…)”; na honra quando em Rute 1.16 diz à sua sogra: “Onde você for eu irei”; e, na submissão a Deus ao afirmar ainda em Rute 1.16: “Seu povo será meu povo e seu Deus será meu Deus”.
Rute estava aberta para o futuro e seu coração era de uma sinceridade e convicção excepcionais. Desse coração fluiu uma declaração de fé: “Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça (…)” (Rute 2.2). A colheita dessa semente de fé em Rute 2.8-9, quando Boaz, um homem rico na época, disponibilizou-se a ajudá-la.
Rute semeou palavras acompanhadas de uma ação, com amor e fé, que a levou não somente a um encontro amoroso, mas a fazer parte da linhagem do homem mais importante que já caminhou sobre essa terra, Jesus. Tudo isso ocorreu num período em que a aliança entre Deus e o homem era inferior à nossa.
Na Nova Aliança, na qual estamos inseridos, temos a presença do Espírito de Deus em nós. Agora somos ensinados, recebemos direção e enxergamos além da marca. Além disso, o Espírito Santo nos ajuda a exercer a autoridade conquistada por Jesus na cruz (Mateus 16.19).
Hoje é um dia para examinarmos os pensamentos que estão nos deixando lentos, frustrados e ansiosos em nosso caminho. Devemos combater tais pensamentos com a Palavra. Doug Jones em seu livro “Dominando o Silêncio” afirma que “(…) se nos deixarmos prender por Satanás em nossa mente, permaneceremos agindo como derrotados, mas se identificarmos pelo Espírito Santo as áreas de fraqueza e avançarmos para a arena da fé, pela confissão da Palavra — não nos deixando distrair com pensamentos errados — derrotaremos os gigantes e avançaremos para nossa vitória”. A revelação desse conhecimento nos manterá ágeis e velozes o suficiente na nossa caminhada.