Janielle Medeiros
Graduada da Escola de Ministros Rhema

De acordo com o dicionário Cambridge, o termo “woke” significa estar consciente sobre questões sociais e políticas, especialmente no que diz respeito ao racismo. Na prática, o termo se refere àqueles que defendem o relativismo moral e outras pautas progressistas, como a ideologia de gênero — ou seja, estar “acordado” e atento a esses temas. A agenda woke é um dos pilares da revolução socialista, inspirada nas ideias de Antonio Gramsci, com o objetivo de destruir a cultura ocidental sem recorrer à violência. Hoje, o termo está relacionado a movimentos como a militância LGBTIQIA+, à ideologia de gênero, ao feminismo, ao aborto e outras questões progressistas e relativistas (Brasil Paralelo).

Nossa geração enfrenta um grande problema de identidade, em grande parte influenciado pela cultura woke. A partir dessa perspectiva, e com base na terceira onda do feminismo, o gênero é visto como relativo e fluido, mesmo com as evidências científicas e biológicas que indicam a existência de apenas dois sexos biológicos: masculino (XY) e feminino (XX). Judith Butler, uma das principais figuras feministas, argumenta que o gênero é construído culturalmente e que não há razão para limitar essa construção a dois polos. Em seu livro Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade, ela afirma: “Embora o sexo pareça imutável do ponto de vista biológico, o gênero é culturalmente construído. Não há motivo para crer que o gênero deva se limitar a dois.” Assim, segundo essa linha de pensamento, um homem pode nascer como homem e se identificar como mulher, animal ou qualquer outra identidade que escolher.

O movimento feminista, por sua vez, subverte a identidade e a feminilidade das mulheres, enfraquecendo a masculinidade. Observamos situações absurdas, como pessoas que se identificam como animais, com base na fluidez de gênero. Recentemente, por exemplo, um homem biológico conquistou uma medalha e destruiu o sonho de uma atleta nas Olimpíadas de Paris simplesmente por se declarar uma mulher trans. Muitos pais permitem que seus filhos se submetam a tratamentos hormonais e até cirurgias de redesignação de sexo por não se sentirem confortáveis em seus corpos, enquanto o problema é, na verdade, de ordem mental. As consequências dessas decisões são trágicas. A Associação Americana de Pediatria relata taxas alarmantes de suicídio entre transexuais, com cerca de 40% cometendo suicídio e 20% a mais entre aqueles que passam por tratamento hormonal e cirurgias (Bioethics Research Library). Tudo isso está fundamentado em crenças equivocadas que só aumentam a confusão e o sofrimento dessas pessoas.

Por que esse tema é tão relevante? Porque nossa identidade, a forma como nos vemos, define nossa conduta. E o diabo investe fortemente para distorcer o nosso verdadeiro valor e nos fazer esquecer de quem realmente somos.

Saber quem somos em Cristo é fundamental para vivermos em plenitude e cumprirmos o propósito para o qual fomos criados. Como está escrito: “Logo, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas antigas já passaram; eis que surgiram novas” (II Coríntios 5:17).

Abraão foi um homem cuja identidade foi transformada por Deus para que ele pudesse cumprir seu propósito. Deus lhe prometeu que, através de seu filho com Sara, todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:3), embora sua esposa fosse estéril. Nesse contexto, Deus os chamou para saírem do meio daqueles que os viam como fracassados por não terem filhos, para iniciar um processo de renovação mental e mudança na forma como Abraão se via. Em várias ocasiões, Deus pediu que ele olhasse as estrelas no céu e a areia do mar, com o intuito de fazê-lo deixar de se ver como um homem sem descendência e se enxergar como pai de uma grande nação.

Quando Abraão finalmente amadureceu sua fé e acreditou, mesmo contra as circunstâncias, passaram-se 25 anos até que Isaque nascesse. Antes disso, no entanto, Deus mudou o nome de Abraão e Sara, projetando uma nova realidade em suas vidas. Os nomes Abrão e Sarai significavam, respectivamente, “pai honrado” e “minha princesa”, enquanto Abraão e Sara vieram a significar, respectivamente, “pai de multidões” e “princesa”, revelando a nobreza da descendência que ela geraria. O Salvador Jesus viria dessa linhagem.

O desfecho da história de Abraão foi glorioso, mas, em Gênesis 22, quando Deus pediu que ele sacrificasse Isaque, não era apenas o filho amado que estava sendo colocado à prova. Deus estava pedindo, simbolicamente, que Abraão sacrificasse sua identidade construída a partir de suas circunstâncias e experiências pessoais — uma identidade que ele provavelmente desejou a vida toda — para abraçar a nova identidade forjada pela sua fé em Deus. Imagine poder voltar aos seus familiares e mostrar que conseguiram ter um filho milagre? Poderiam dizer que haviam “zerado a vida”! No entanto, Abraão entendeu que precisava se despir da sua identidade humana, que não poderia cumprir a promessa de Deus na sua própria força, e escolheu confiar n’Ele. Abraão acreditou que Deus ressuscitaria seu filho, enquanto obedecia. Ali, no Monte Moriá, ele sacrificou sua identidade que não se alinhava com a promessa divina, e isso se tornou uma bênção para todos os que vieram depois dele, na fé.

Destruímos todo raciocínio arrogante que se opõe a Deus, e quebramos toda atitude que desafia o verdadeiro conhecimento de Deus. Capturamos cada pensamento e o fazemos obedecer a Cristo” (II Coríntios 10:5 – A Paixão).

Nossa identidade está em Cristo e isso é o que realmente importa! Precisamos, de forma intencional e consistente, sacrificar todos os pensamentos que a moldaram até aqui, e alinhar nosso entendimento com o que a Palavra de Deus diz sobre quem somos, o que temos e o que podemos em Cristo. A nossa vida e a vida de muitos ao nosso redor dependem disso. Dessa forma, quando enfrentarmos dificuldades, podemos afirmar com confiança quem somos em Cristo: curados, abençoados e abundantes.

A cultura woke tem invadido a Igreja e deixado suas marcas negativas. Mas, independentemente disso, muitos são os que se desviaram da fé por não saberem quem são em Cristo, em grande parte por negligência em sacrificar pensamentos errôneos no altar da Palavra.

A identidade de um filho de Deus não é fluida nem relativa. A cada dia, devemos nos firmar mais e mais na Palavra, pois este é o sacrifício vivo que Deus espera de nós para amadurecermos (Romanos 12:1-2). Reflita um pouco: quem você pensa que é? Sua resposta a essa pergunta determinará sua vida e a de muitos outros.

Fonte:
Brasil Paralelo – https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/ideologia-de-genero
Butler, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade

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