A Síndrome de Peter Pan e a Igreja

Sérgio Rodrigues
Professor do Centro de Treinamento Bíblico Rhema

“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?”. (I Coríntios 3.1-3)

Paulo tinha um sério problema na igreja de Corinto, pessoas imaturas, que não estavam prontas para o próximo passo, mas que viviam em um ambiente de muito mover do Espirito.

Assim como Paulo tinha que lidar com isso, nós como igreja vivemos uma situação parecida nos dias atuais, algo chamado “A Síndrome de Peter Pan.”

Adultos que têm a Síndrome de Peter Pan são pessoas que continuam a se comportar como crianças mesmo depois de adultas. São pessoas que se recusam a crescer, demonstram uma forte imaturidade emocional, têm um grande medo de não serem amadas e acabarem sendo rejeitadas, elas se escondem do mundo real, para viverem uma vida de fantasias na “Terra do Nunca”

Para termos uma ideia de como isso é uma realidade em nosso meio, veja essa lista de comportamentos e consequências:

• Embora sejam considerados adultos pela idade, ainda se comportam como crianças;
• Sentem uma grande necessidade de chamar atenção;
• Não se preocupam em dar ou fazer algo pelos outros. Só te dão o que você pede e, geralmente, o fazem a contra gosto.
• São egoístas, só se preocupam consigo mesmos.
• Estão sempre insatisfeitos com o que tem: querem ter tudo, mas sem se esforçarem para conseguir.
• Consideram o compromisso como um obstáculo à liberdade.
• Não se responsabilizam pelos próprios atos.
• Vivem se escondendo atrás de desculpas.
• Não se adaptam a amizades adultas e necessitam estar sempre entre os mais novos.
• Se sentem inseguros e têm uma baixa autoestima.

As consequências disso são obvias: alterações emocionais graves, com altos de níveis de ansiedade e tristeza que podem levar à depressão. Insatisfação com a própria vida, uma vez que não assumem a responsabilidade pelas suas ações, o que faz com que não tenham realizações próprias, afetando diretamente a autoestima.

No âmbito dos relacionamentos amorosos, a síndrome é responsável por uma grande quantidade de solteiros, pois não se esforçam para fazerem parte de um casal maduro e estável. Os levando a viver entre relacionamentos superficiais e fantasiosos.

O reflexo disso, uma igreja imatura. Pessoas que até desejam se envolver em ministérios, até buscam o crescimento da igreja local, mas estipulam condições que os façam ganhar visibilidade e que não exija esforço.

Porém, o próprio Jesus disse: o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele (Mt 11.12). É preciso esforço para que haja crescimento, mas, a preguiça espiritual tem feito com que as pessoas se deliciem com as brincadeiras da “terra do nunca.”

Em Mateus no capitulo 18, quando Jesus traz o ensinamento sobre nos tornarmos como crianças, Ele é bem claro ao falar sobre novo nascimento, humildade, obediência e tropeços. Paulo mesmo traz o entendimento de que existem fases na vida do Cristão, uma na qual beberá o leite e outra que sendo adulto se alimentará do que é sólido (Hb 5.14).

Nos homens, a Síndrome Peter Pan é responsável por grande parte dos trejeitos femininos, por uma alma imatura (os sentimentos guiam seus passos e ditam as regras) e, por homens que se colocam e agem como frágeis (possuem a necessidade constante de cuidados e atenção).

Já nas mulheres, encontramos um nível de insegurança altíssimo. Por se verem cercadas de homens que não passam a segurança e proteção que deveriam, não veem a possibilidade de terem que formar uma família e passam a agir como cabeças, verdadeiras “mulheres machos” (adapte o termo a situação), saindo da realidade feminina, passando a não se cuidarem fisicamente e nem verem necessidade de agirem ou se vestirem como mulheres.

E a pergunta é justamente, o que devemos fazer?

A essa altura, talvez você tenha uma lista de pessoas em mente, talvez você seja uma dessas pessoas que se identificam com isso, porém a solução não está em apontar as falhas, muito menos em um isolamento. Estudos comprovam que os relacionamentos saudáveis e influências maduras, são a solução para esses casos.

Trazendo para nossa realidade como igreja, não há relacionamento melhor do que Deus, Jesus (e a Palavra) e o Espírito Santo, além de uma liderança próxima e pronta à fazerem discípulos.

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.2)

Para que possam ser verdadeiramente livres e cumprirem com o propósito de Deus, precisam conhecer a verdade, conhecerem o propósito de Deus, e então, com o auxilio de sua liderança, darem os passos para alcançarem o alimento sólido, transformando sua forma de pensar de acordo com a Palavra, sozinhos não conseguirão, pois ainda precisam de cuidados.

Para encerrar, segue a ilustração de uma criança aprendendo a andar de bicicleta. Existe o receio da queda, do fracasso e a incapacidade de fazer sozinha, mas as mãos do pai segurando o banco enquanto pega o ritmo das pedaladas, são toda segurança que precisa até se dar conta de que está seguindo sozinha.

Se essa é sua realidade, ou de alguém que conhece, saiba que Deus é um bom Pai, que segura o banco até que pegue o ritmo e Ele está representado nessa Terra por sua igreja, por um pastor, por uma igreja local. Um lugar onde você vai crescer, se desenvolver e cumprir o propósito de Deus em sua vida.

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