“Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles,para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um:eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.” – João 17:20-23
Essas palavras acima foram ditas pelo nosso salvador Jesus Cristo, em sua última oração antes de ser capturado pelos soldados enviados pelos chefes dos sacerdotes e fariseus. Nessa parte específica da oração, Jesus intercede por nós, aqueles que viriam a crer Nele por meio da mensagem dos apóstolos. E, como vemos, a oração e o desejo de Jesus é que andássemos em plena unidade. A consequência disso seria a prova para o mundo de que ele, Jesus, foi realmente enviado por Deus. Isso também evidenciaria o amor do Senhor pelo mundo.
O espírito de divisão e de rebeldia sempre rondou a Igreja, desde os tempos dos apóstolos, e até hoje. A Reforma Protestante foi um grande (embora necessário) baque na divisão da Igreja Cristã, mas não foi o primeiro e nem o último. As divisões – seja por discordância teológico-doutrinária, seja por poder ou mesmo por afastamento geográfico – sempre rondaram o Cristianismo. O próprio apóstolo Paulo advertiu:
“Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam.Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só;há um só Senhor, uma só fé, um só batismo,um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo.” – Efésios 4:1-7
Sabemos que se formos um só em Cristo, não existem barreiras para nos pararem, certo? Afinal de contas, Ele venceu tudo, e temos autoridade para andar em triunfo aqui na Terra! Entretanto, somos enlaçados pela nossa própria mentalidade amoldada a esse mundo. E como?
Uma diferença básica entre o sistema diabólico e o Reino de Deus é: altruísmo versus egoísmo. O amor do tipo de Deus é altruísta, ou seja, não procura seus próprios interesses. O egoísmo satânico faz com que sempre olhemos para nós mesmos, nossas vontades e razões.
É claro que, na pluralidade de ideias e diversidade de chamados, nós vamos ter visões e pensamentos diferentes acerca das coisas. Isso aconteceu menos de 20 anos, após a ressurreição de Cristo! Mas, ao invés de se dividir, a igreja resolveu se conciliar. Estar em unidade é aprender a viver bem em meio a um universo de opiniões e divergências menores, desde que a espinha dorsal de nossa crença não seja pervertida.
A Reforma Protestante foi necessária, pois a Igreja Romana medieval já havia se afastado demasiadamente do Evangelho, a ponto de negá-lo com palavras e ações. Entretanto, a intenção dos reformadores não foi a de divisão, e sim de trazer o debate à tona e moldar a Igreja segundo a Palavra, sem fazer divisão! A Reforma foi oferecida e negada, e – acertadamente – esses reformadores ficaram sem opção (e ainda excomungados) a não ser criarem suas próprias reuniões e continuarem a propagar o Evangelho.
Infelizmente, temos hoje no protestantismo uma consequência negativa da experiência da Reforma: é comum que, em qualquer sinal de discordância periférica acerca de temas menores, um pastor ou ministro se desligue de sua igreja e procure iniciar um trabalho independente.
Vejam, o Diabo trabalha na fragmentação do Corpo de Cristo, pois ele sabe que, se estivermos unidos, o avanço do Evangelho será estrondoso! Vemos esse esforço demoníaco em várias frentes: na destruição e banalização de relacionamentos, na família, nas igrejas locais e até na Igreja em contexto mundial! O egoísmo e a procura da satisfação dos próprios interesses tem tomado lugar do interesse principal: o anúncio do evangelho e a salvação de todos. Muitos preferem estar independentes e conduzir a igreja “do meu jeito” do que se submeter a uma liderança. Esses muitos até se apoiam na Reforma Protestante para terem legalidade para tal.
Reformadores sim; rebeldes, nunca! Devemos sim, sempre andar conforme a Palavra, e não precisamos nos submeter a doutrinas de homens ou de demônios que porventura entraram em algumas igrejas. Entretanto, temos que manter em mente que Jesus Cristo virá buscar uma noiva! Mesmo vivendo em alguns erros doutrinários menores, todos serão resgatados, pois tudo é pela Graça! Se erros doutrinários nos fizessem perder a salvação, eu imagino: quem poderá se salvar?
Nosso esforço, a partir de agora, deverá ser: juntar os cacos dos danos causados por nós mesmos ao longo dos séculos, engolirmos nossos orgulhos e expurgarmos a soberba do nosso meio. Aprender a celebrar o sangue que nos une, ao invés das doutrinas que nos separam. Ter os olhos de graça para com os irmãos que, porventura, não tenham a mesma revelação que você, e fazer de tudo para permanecermos todos, juntos.
Recentemente, vi um vídeo que me comoveu: Papa Francisco falando a Kenneth Copeland. Em um momento do vídeo, diz o Papa:
“É um prazer saudá-los; Uma saudação alegre e nostálgica. Alegre porque há muita alegria por vocês estarem reunidos para louvar Jesus Cristo, o único Senhor! Para orar ao Pai e receber o Espírito!E isso dá alegria, pois se vê que o Senhor trabalha em todo mundo!É nostálgico, porque é como o que acontece nos nossos subúrbios; Nos nossos subúrbios existem famílias que se amam e que não se amam, famílias que se unem e famílias que se separam. E nós, somos um pouco (permitam-me usar a expressão) separados.Separados porque o pecado nos separou, o nosso pecado; Os mal entendidos na história… Uma longa estrada de pecado comunitário, e quem é culpado? Todos somos culpados!
Eu estou ansioso para que esta separação termine e nos dê comunhão.
Eu estou ansioso por receber aquele abraço! Do qual fala a Escritura Sagrada, quando os irmãos de José famintos! Andaram até ao Egito.E compraram para poder comer. Foram lá comprar, e tinham dinheiro; Mas, não podiam comer o dinheiro!Mas ali, encontraram algo mais que comida; Encontraram seu irmão! (…) Temos que chorar juntos, como chorou José! Este choro nos une. O choro do amor (…)
Peço-lhes um favor: Orem por mim. Porque preciso da sua oração e eu orarei por vocês! Mas, eu preciso da sua oração.E oremos ao Senhor para que una a todos!E caminhemos para que sejamos irmãos, que nos demos espiritualmente este abraço, e permitamos que o Senhor termine a obra que começou.
E isto é um milagre, o milagre da união começou!
Diz um escritor italiano (Manzoni) famoso, um homem simples, do povo; Ele disse num romance a seguinte frase: “Nunca vi que o Senhor tenha começado um milagre, sem terminá-lo bem”
ELE vai terminar bem este milagre da unidade!”
Eu creio contigo, Francisco. Que essa motivação que tenta nos levar a nos dividir cada vez mais seja extirpada de nosso meio de uma vez por todas. Oremos todos pelo milagre da unidade!