Meu nome é Paula Fernanda Fernandes tenho 39 anos, sou de Osasco-SP. Vivi lá até os meus 14 anos. Depois, eu e a minha família nos mudamos para Salto, interior de São Paulo. Lá eu conheci o Márcio, nós nos casamos, voltamos pra São Paulo e vivemos cerca de três anos lá e, então, fomos pra Minas Gerais.
Ficamos oito anos em Minas, aí viemos pra João Pessoa e, depois, Campina Grande. Temos dois filhos, a Isabela, de 20 anos que mora na Califórnia, ela está fazendo um intercâmbio lá e, temos o João, nosso caçula.
Em João Pessoa ficamos cinco anos e, em Campina Grande estamos desde 2013. Campina Grande foi um divisor de águas na nossa vida; quando nós estávamos em João Pessoa nós tínhamos um desejo de ter uma casa ou um apartamento, algo que fosse nosso e lá o custo de vida é muito alto e acabou que não conseguimos.
A gente vinha passear de vez em quando em Campina Grande e, sempre gostamos muito daqui, do clima, das pessoas, pelo fato de ser uma cidade menor. João Pessoa é uma cidade relativamente grande e lá era tudo mais complicado e distante. Nós nunca nos importamos em morar em cidade pequena, mesmo sendo de São Paulo.
Um dia o Marcio passou por aqui, viu a propaganda do Condomínio Alphaville, foi conhecer e gostou muito, ele falou que nem iria levar a gente porque iríamos nos apaixonar. Aí eu falei “Pronto! Então, vamos embora”. Ele perguntou se a gente se importava de mudar para lá e nós dissemos que não, minha filha mais velha sempre gostou muito de Campina Grande mais do que de João Pessoa, então, ela não pensou.
Viemos embora, por intermédio da Mizaelly, que agora está em Portugal, nós conhecíamos o Verbo Sede e, já tínhamos até ido em uns dois cultos lá em João Pessoa com o Pr. Agnaldo antes de vir embora, porque nós éramos de uma outra igreja. Lá, nós já tínhamos gostado muito. Viemos para sede e de lá não saímos mais.
Nós chegamos numa época que antecede o acampamento de carnaval e, Jannayna estava na direção do Rhema fazendo a divulgação da escola nesse período, era o primeiro ou o segundo ano em que a idade mínima de 16 anos foi liberada e a minha filha estava com essa idade na época, o Márcio disse “Vamos fazer nós três? ” E eu disse ”Vamos”.
Nós começamos a fazer e as mudanças foram muito fortes na nossa vida, Deus nos ajustou em muitas coisas tirou algumas e colocou outras. Há 8 anos, nós estávamos tentando ter outro filho e não conseguíamos, mas no meio do Rhema aconteceu e, o João chegou. Mas, nós começamos e iríamos terminar, então eles começaram a ir de manhã para que o Marcio pudesse ficar com o João à noite para eu ir.
O João nasceu dia 20 de Janeiro e, vinte dias depois já iniciaram as aulas do segundo ano, foi tudo muito rápido. E assim nós concluímos o Rhema.
Sempre fomos muito envolvidos com as coisas na igreja e sempre estivemos muito perto dos jovens, é uma característica deles gostarem da gente e sempre estarem por perto. Como nós não temos parentes eles são a nossa família.
Bela sempre foi muito caseira e os amigos dela sempre paravam aqui em casa e mesmo com 16 anos ela quis ir para os jovens e nós íamos junto para fazer companhia. Assim acabamos conhecendo os jovens e ficamos envolvidos nas programações deles.
Campina Grande foi um divisor de águas em nossas vidas, verdadeiramente, aqui veio o João, a casa, a estabilidade financeira. Nós demos grandes passos em todos os sentidos da nossa vida. Somos muito gratos por este lugar, pelas pessoas daqui e por estar aqui. Nós falamos que todos têm sua Canaã e a nossa é a Paraíba, não temos dúvida disso.
Minha família é o meu tudo. Eu me lembro que uma vez ministrei sobre casamento para os jovens e eu falei que eu tinha muitas chances de ser alguém profissionalmente bem-sucedida, sempre gostei muito de estudar e de ler, nunca tive problemas com isso, pensei quando era menina que talvez fosse ser médica, mas o lado financeiro apertou e depois de casada acabei fazendo pedagogia. Não exerci muito tempo a profissão, mas hoje, eu digo que a pedagogia serviu para criar os meus filhos, eu não perdi nada, só acrescentou na minha vida como mãe.
Eu sei que eu tinha potencial para ser uma profissional bem-sucedida, mas eu não pestanejei quando precisei escolher entre minha casa, minha família e uma vida profissional. Meu esposo precisava de um suporte maior em casa porque, depois que ele começou a trabalhar com sistemas, ele viajava muito, hoje viaja menos, mas no começo era assim: ele vinha trocar mala em casa, viajava na terça e voltava na sexta. E eu não tive problemas com isso, em dar esse suporte. Eu também via muitos filhos que sofriam pela ausência dos pais e quando chegavam na idade da adolescência davam muito trabalho por conta dessa falta de convivência com os pais.
Então, eu comecei a pensar se valia mesmo a pena. Eu queria estar com meus filhos no mundinho deles e poder ajudar. Eu acho o máximo quem consegue conciliar, mas eu tinha dificuldade de conseguir conciliar isso na minha cabeça. Fiz essa escolha e se precisasse faria de novo.
Márcio para mim é um exemplo de perseverança, força e determinação. Nós passamos por muitos problemas na nossa vida, no casamento e financeiros também. Nós “quebramos” muitas vezes e, eu nunca vi nele um sentimento ou uma atitude de quem desiste, ele sempre esteve lutando e buscando.
Nesses momentos de mais tribulação Deus sempre dá uma saída pra ele e, meu marido não tem medo nem preguiça, ele vai em frente. Agora mesmo, minha filha está morando fora, nós temos muito desejo de visitá-la, e eu sou consciente. Quando não dá, não dá, mas ele não desiste, não abre mão e está sempre esperando por algo acontecer.
Como pai é excelente! Os filhos são “loucos” por ele. Quando Marcio viajava as crianças sentiam muito e sempre perguntavam por ele. É um pai presente, carinhoso e bravo também quando precisa. Eu não poderia ter escolhido um pai melhor para os meus filhos. Como esposo, depois de tantos anos de casados, nós conseguimos nos alinhar e eu não tenho do que reclamar dele.
Bela é algo que eu não sei definir, não sei se o que a gente fez realmente contribuiu para o que ela é hoje, porque ela é maravilhosa. Ela me ensinou a ser mãe, a ser amiga, mais carinhosa, porque eu era uma pessoa muito dura, ela quebrou essas coisas em mim. Ela faz muita falta em casa, foi fazer esse intercâmbio e lá cuida de duas crianças, trabalha na casa, e recebe por isso e ainda faz um curso lá também.
Ela estava cursando aqui o terceiro período de Letras/Inglês. Bela sempre teve muita facilidade com o inglês e tinha um sonho de morar fora, as coisas foram dando certo e ela foi em busca dos seus sonhos. Ela foi atrás de tudo, a gente não precisou pegar informação nenhuma ela veio com tudo pronto dizendo “Olha mãe é assim eu vou fazer isso e tenho que fazer isso e isso”, ela pegou todas as roupas mais caras dela e que ela mais gostava e vendeu tudo, sempre declarando que Deus ia dar condições e ela ia comprar tudo de novo lá.
Ela trabalha e se mantém, a gente não precisa mandar nenhum dinheiro para ela, Bela é muito responsável. As pessoas perguntam porquê a Isabela nunca namorou, ela nunca namorou, porque não quis não porque a gente proíbe. Ela sempre se preparou para esse momento que ela está vivendo agora e, ela sabia que se tivesse um relacionamento dificultaria muito.
Eu não gosto de elogiar muito os meus filhos (risos) porque as pessoas, às vezes, veem de longe e acham que é uma família perfeita, que não tem problemas, não é assim, temos que, muitas vezes, sentar, falar sério, dar um “rela”, (reclamar), mas, eles são mesmo um presente de Deus na nossa vida.
O João é o nosso sapeca, às vezes, eu fico pensando “A Isabela morando fora, como seria nossa vida se fosse só nós dois”, porque é João que movimenta nossas vidas. Ele tem quatro anos, agora é como se ele fosse filho único, porque a Isa já é adulta, ela quem resolve as coisas dela, ela dirige e vai sozinha. Ela sempre foi calma e na dela, o João é bem diferente ele é o nosso tsunami. Ele acorda e pergunta “Você dormiu bastante? Você tá feliz hoje? “, ele leva a gente de zero à cem em um minuto. Ele veio para quebrar paradigmas em nossas vidas, sem dúvida ele é um milagre. Até os médicos disseram isso.
Eu gosto de ser esposa e mãe, de cuidar do meu marido e do meu filho. Sou uma mãe coruja e um pouco brava, mas eu sou mãe que corrige e defende quando preciso. Quando a Bela era adolescente eu participava mesmo, lia as mesmas coisas que ela, porque eu gostava de ter assunto com ela. Eu nunca quis ser uma mãe distante, que não conhece os amigos dos filhos, que não participa das frustrações e apoia.
Nós sempre fomos muito unidos nesse sentido, Márcio também é assim, nós somos muito amigos. As pessoas, às vezes, acham que ser pai e mãe é só impor as coisas, mas é muito mais que isso. Eu tive pais bem distantes e eu sofri muito com isso. Ser presente na vida dos filhos só traz coisa boa. A Bela contava para as amigas que nós liamos as mesmas revistas e elas não acreditavam, elas achavam isso um barato. Porque a maioria das mães mal sabiam o que as filhas faziam.
Com o João eu estou entrando novamente nessa fase, mas agora é totalmente diferente, eu tinha que entender de Barbie agora tenho que entender de Hot Wheels. Agora, o João está na fase do futebol, tudo para ele é futebol.
Todos aqui em casa são “doidos” pelos Estados Unidos, eu já fui para lá e mesmo o João, acho que inconscientemente, é “doido” por isso. Eu tenho muita vontade de fazer uma viagem para Paris, para passear, só nós dois. Ter um momento só para nós dois, eu tenho esse sonho. Quando eu quero, eu consigo.
Eu gosto de ler, gosto de ficar quieta e, quando eu estou com disposição saio para andar a toa, posso entrar num shopping e sair sem comprar nada.
Já fui alguém cheia de conflitos internos e dúvidas do que era e, hoje, sei quem sou. Sou uma pessoa feliz, uma pessoa que ainda quer conquistar umas coisas, mas que hoje entende o seu lugar.
Algumas coisas que antes era difícil entender, por exemplo, na igreja eu tinha dificuldade de saber o meu lugar, porque eu não cantava e não tocava nada. Eu pedia a Deus para me mostrar o meu propósito, se eu realmente tinha, e hoje, eu entendo que vim ao mundo para servir, seja em casa ou na igreja.
Servir com um abraço, com uma conversa ou mesmo com meu serviço. Hoje, eu sou uma pessoa muito mais equilibrada, acho que quando você se encontra nas pequenas coisas isso traz uma calmaria dentro de você.
Sou grata primeiramente a Deus. Sem dúvida nenhuma tudo mudou quando Deus entrou em nossas vidas. Nós não éramos crentes, nos convertemos lá em Minas e fomos de degrau em degrau. Viemos de uma Igreja extremamente tradicional, não sabíamos e nunca tinham nos dito sobre oração em línguas, depois a gente veio para João Pessoa e participamos de uma outra Igreja, a qual, eu sou muito grata ao pastor que nos pastoreou, era um homem extraordinário, o apóstolo Nei. Nessa igreja era o contrário, todo mundo era muito avivado e só eu e Márcio não falávamos em línguas. Nossos amigos crentes que viam nos visitar ficavam doidos pela igreja e queriam mudar para cá. Então, quando viemos pra Campina veio o Verbo e o Rhema para as nossas vidas, nós saímos da caixa. Foi fantástico!
Começamos a viver e a pôr em prática uma vida avivada. Eu sou muito grata a todos esses lugares que eu passei, desde o mais difícil até onde eu estou hoje. Sou muito grata pela vida de Jannayna e Pr. João Roberto, Pr. Noberto e a família dele que nos acolheu e nos abraçou desde o início e, aos jovens, sou muito grata pelo carinho e por poder estar com eles.
Sou muito grata a tudo que Deus tem feito por nós e por tudo que realizamos nEle, hoje, temos nossa filha realizando o sonho dela, temos essa casa que Ele nos deu e a vida do João, não posso olhar para isso e pensar que é natural, é Deus.
Meu sonho é um dia ir lá onde eu nasci e tirar fotos para mostrar para as pessoas de onde eu vim, elas não têm ideia de onde Deus nos tirou, eu sei o quanto Deus mudou a minha vida. Não sei onde estaríamos hoje sem a misericórdia de Deus. É por causa dEle que essas pessoas entraram em nossas vidas, sou grata demais a elas e esse amor que sentem por nós; Gabi, Daniel, Handerson, Beto, Érica, Miza, são filhos que Deus nos deu aqui. Nós nunca estamos sós.
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Como amo essa mulher! Toda minha admiração, Mom!