A formação de um Ministro de Música- Parte 1

Felipe Aguiar

Músico da IEVV em Pedra de Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ

Existem muitas qualidades que um músico deve ter. Algumas são frutos de anos de estudo e dedicação, outras são apenas frutos de uma visão diferente do mundo ao seu redor. Mas, afinal, o que é importante para um músico da Igreja, um Ministro de Música? Com esta série de textos, pretendo abordar alguns aspectos que fizeram parte da minha formação como músico, e que tenho visto serem negligenciados pela simples falta de conhecimento.

Jesus disse em uma de suas parábolas que o servo fiel no pouco seria colocado no muito (Mateus 24 / Lucas 16:10). O que acontece muito é que as pessoas entendem de maneira equivocada o que é pouco e o que é muito. Fazer parte dos bastidores, do coral, dos instrumentistas não é o POUCO. É o MUITO! O pouco a que Jesus se referia são as pequenas coisas como: pontualidade, aparência, abnegação, disposição para servir. Se qualquer músico for fiel a essas coisas, que a princípio não “parecem” espirituais (mas são), será colocado sobre o muito! E são as pequenas coisas que impedem as grandes coisas acontecerem.

– O que é ser um Ministro de Música?

Um Ministro de Música não é apenas um “maestro” para a Igreja. Ele não apenas canta enquanto a igreja o segue cantando a mesma coisa. Não é como um “animador de auditório”, que atrai a atenção da audiência para si mesmo. Pelo contrário, ele aponta e direciona as pessoas para Jesus!

Eu cresci em meio à música. Eu comecei a aprender o meu primeiro instrumento aos 7 anos de idade. Mas, entender sobre música é bem diferente de entender o que é adoração, e a sua manifestação no louvor através da música. São dois conceitos completamente diferentes. Em João 4, Jesus não diz que o Pai requer “bons músicos”, mas sim adoradores em espírito e em verdade. Deus não precisa da nossa música e da nossa performance, Ele precisa do nosso coração, completamente devoto e entregue a Ele.

Mais tarde, eu aprendi que a adoração é uma realização do coração, e não da música. Estar envolvido com a adoração coletiva é estar disposto a deixar os louvores dos homens e entregar toda a glória a Deus. É estar disposto a fazer o nome de JESUS famoso em toda a Terra, não o seu próprio nome. Adoração é a expressão do nosso coração em resposta à vida de Deus habitando em nós. Ministrar a música para a Igreja é apenas guiá-los a esta prática, através da música, sendo um exemplo ao qual eles podem seguir.

– Entenda o propósito do seu talento

Romanos 11:29 diz que os dons de Deus são irrevogáveis, ou seja, Deus não se arrepende de concedê-los, e sabia o que estava fazendo quando os concedeu. Mas, existem pessoas que não reconhecem que seu talento foi dado por Deus.

Há bem pouco tempo recebemos a notícia de que uma cantora inglesa extremamente talentosa foi encontrada morta. E, por mais que ela estivesse desvirtuando o propósito do talento que ela tinha, e até mesmo deteriorando-o pelos seus hábitos, esse mesmo dom veio de Deus e o propósito era dar louvor a Ele. De alguma maneira, quando o homem percebe o propósito da sua existência, e descobre em si mesmo qualidades, dons, chamados ou vocações, e passa a exercê-los em função de abençoar outros, o talento é multiplicado, assim como na parábola de Jesus (Mateus 25). O seu talento não foi dado para fazer de você rico, nem para fazer o seu nome famoso, mas para servir a outros e dar louvor ao nome de Jesus!

Quando Deus depositou um talento em você, Ele o fez porque Ele o enxerga como alguém que é apto para fazer a coisa certa com o dom. Ele o depositou para que, através da sua vida, pessoas sejam alcançadas. Seja o que for que você faz, ou o seu talento, Deus planejou isso para a glória dEle. Quando um talento é dado para servir a Deus, e um chamado arde forte no seu coração, Deus mesmo fará um caminho para que esse dom apareça. Não tente forçar passagem, nem mostrar à sua liderança que você tem talento. Ele simplesmente saltará aos seus olhos quando você estiver na posição certa fazendo a coisa certa.

Ministros de Música, assim como qualquer outra pessoa talentosa devem aprender a “não se apegar ao seu talento”, e dedicá-lo ao serviço de Deus. É comum pessoas que querem mostrar seu talento deixarem que o momento da música na Igreja se torne um momento em que o foco é o seu talento, e não Cristo. E a adoração, então, passa a ser um simples concerto, uma apresentação. Não é essa a nossa função.

Continuaremos com mais tópicos sobre a natureza de um Ministro de Música no próximo texto! Vejo vocês lá!