A formação de um Ministro de Música – Parte 3

Felipe Aguiar

Musico da IEVV em Pedra de Guaratiba RJ

Tendo dito tudo isso nos textos anteriores, aponto agora algumas áreas da formação musical que considero serem as mais importantes para os músicos que servem à Igreja, Corpo de Cristo. Entender o propósito do que você faz é essencial, mas você também precisa entender os princípios espirituais e naturais que regem a sua prática musical.

– Uma vida de Consagração

Pode parecer ‘chover no molhado’, porque este item não é uma qualidade, é um pré-requisito. Mas ainda hoje, com todo o entendimento que temos a respeito da Palavra, existem músicos que são desatentos quanto à sua vida espiritual. A música na Igreja deve refletir a realidade do céu, algo que vai além da capacidade humana.

Se a vida espiritual do músico não está saudável, mais cedo ou mais tarde, isto vai transparecer na sua música. Por isso, devemos fazer da oração e da comunhão com Deus e com a sua Palavra uma atividade diária, assim como deve ser o contato com o seu instrumento. A unção vem, além de um chamado de Deus, de sua dedicação a essas coisas. De um relacionamento de intimidade com Deus.

– Técnica

A Bíblia nos conta que Quenanias era responsável pela direção do canto no tabernáculo, ou nos dias de hoje, o maestro da orquestra, porque era perito, ou entendido (1 Crônicas 15:22). Davi nos instrui a “tocar bem”, ou “tocar com arte” (Salmos 33:3). A técnica, sem dúvida, é algo essencial para os músicos.

Quando os músicos dominam a execução dos seus instrumentos, o período da música na Igreja é totalmente focado na adoração. O músico pode se desprender dos acordes que está fazendo, da progressão harmônica, do ritmo, da melodia do contralto, e apenas focar a sua mente em adorar ao Senhor, sem preocupações. A técnica existe para isso!

A música é uma ferramenta criada por Deus para todos os seres humanos, mas existem alguns dotados de talentos, dados por Ele mesmo, que têm mais facilidade para desenvolver a sua prática musical. E são esses os indicados para ministrar música na Igreja, porque esses podem fazer com excelência.

Alguns músicos têm mais talento do que outros, mas são negligentes quanto à técnica, e acabam ficando aquém de todo o potencial que, por exemplo, alguém que não tem tanto talento, mas que se dedica à música com paixão, pode desenvolver.

Já saímos do tempo quando “para Deus qualquer coisa está bom”, ou “Deus não liga para a minha desafinação, mas sim para o coração”. Deus vê o coração, verdade, mas a igreja não! A Igreja tem ouvidos naturais, e produzir uma música de baixa qualidade pode atrapalhar os momentos de adoração coletiva da Igreja, ao invés de ajudar.

– Ouvido atento

Você consegue imaginar um mestre que leia a Bíblia uma vez por mês? Ou ainda um médico que não participe de congressos e se atualize exercendo bem a sua profissão. Certamente, não. Com a música acontece da mesma forma. Um músico precisa ouvir música! E em grande quantidade.

Nos nossos dias, temos muita facilidade em equipamentos portáteis, com os quais podemos ouvir música no carro, no ônibus, em qualquer lugar. Não cabe mais aquela desculpa de não ter tempo para ouvir música. Um músico que gosta do que faz ouve sempre coisas novas, até mesmo aquelas músicas pelas quais naturalmente não se interessaria.

Não restrinja seu ouvido a apenas um estilo musical ou a apenas aos seus discos favoritos. Seja aberto a novas influências, e acima de tudo, saiba como ouvir (Lucas 8:18). Sei que o contexto do versículo é outro, mas podemos aplicar esta verdade à área da música. Um músico escuta música de modo diferente da maioria das pessoas. Ouvir música é um modo de aprender, de conhecer sonoridades novas e de adquirir técnicas não aprendidas formalmente. Ouça com o propósito de aprender!

Existem pessoas que pensam que se aprofundar na qualidade da audição musical faz perder o prazer na música. Discordo absolutamente! Existem discos que eu conheço tanto que sei de cor até as viradas da bateria (e não sou baterista!) e, no entanto, me emociono sempre que ouço. De maneira nenhuma ouvir com um ouvido atento tira o prazer, o desfrute de ouvir música. Você pode combinar as duas coisas!

No próximo texto da série abordarei os aspectos restantes, como gosto musical apurado e sensibilidade. Espero que estejam gostando, e que leia o próximo texto! Abraço!

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