– Mamãe?!
– Sim, filha.
– Você pode repetir o que acabou de me falar?
A futura aluna da Escola de Missões respira fundo e repete a direção que recebeu do Senhor.
– Vamos para Campina Grande. Eu e seu pai iremos estudar na Escola de Missões.
– Eu não quero ir…
– Filha, você vai amar a cidade, você vai ganhar novos amiguinhos, e a sua nova escola vai ser maravilhosa. Você vai ver…
– E meus amigos? Lá ninguém me conhece…
– Filha, assim como você, nós também iremos conhecer novas pessoas e lugares. Tenha certeza, aquilo que o Senhor pede para fazermos é sempre a melhor opção. A obediência gera frutos. Lembra da história de Abraão? Ele deixou a sua terra e foi para onde o Senhor o enviou e, por conta disso, ele e suas futuras gerações foram abençoadas.
– Está bem, mamãe. Vamos para Campina Grande e Deus vai cuidar da gente!
Filha e mãe se abraçam. A mãe ora para que o Senhor fale ao coração da sua filha, para compreender a importância da decisão que ela e seu esposo estavam tomando. Alguns meses depois, a família chegou a Campina Grande, na Paraíba, e iniciaram uma nova fase.
De fato, vir a Campina Grande pode ser realmente uma aventura. Neste ano, dos 50 matriculados, apenas 6 são da cidade. A grande maioria veio de outras localidades de todas as regiões do país. O preparo missionário já começa nesse deslocamento. Deixar família, casa, amigos, igreja e ir rumo ao novo de Deus é desafiador, ainda mais se o casal tiver filhos.
A programação da Escola de Missões é intensa e com bastantes atividades, além dos módulos, nos nove meses de curso. Até meados de 2022, não havia nenhuma programação voltada aos filhos dos alunos, somente para os próprios alunos que já são ou serão pais para entenderem como criar os filhos no campo. O livro estudado nessa temática é Criando os filhos entre culturas, além do módulo Criando os filhos no campo missionário.
Motivação para a atividade na Escola de Missões
“No meio do ano de 2022, uma das alunas contou uma situação em que o filho queria saber quem eram as pessoas que estavam ‘roubando’ os pais dele todas as noites”, contou a vice-diretora Andreza Almeida. Ela ficou chocada a princípio, e, mesmo a mãe da criança achando engraçado, Andreza, como representante da Escola, compreendeu o lado do pequeno e o impacto que a ausência dos pais pode causar na vida dos filhos no contexto familiar e ministerial.
A partir daquele momento, orou ao Senhor pedindo estratégias para mudar isso ou minimizar os impactos. A vice-diretora da Escola tem formação em Pedagogia. Mesmo com a sua graduação habilitando trabalhar com a gestão escolar, onde atua hoje, sempre teve o olhar atento para as crianças.
Naquele mesmo ano, em uma ação de evangelismo num hospital, um dos casais de alunos comunicou à Escola que não tinham como deixar a filha, pois a pessoa que ia cuidar dela desmarcou. Andreza, prontamente, se propôs a ficar com a criança para que os pais pudessem participar da atividade.
Dessa forma, a vice-diretora ao conversar com a criança, de 7 ou 8 anos, foi marcada por sua afirmação em dizer que nunca ia fazer a Escola de Missões, porque era sofrido e os pais falaram sobre algumas coisas que passaram, e que a menina nunca iria passar ou viver aquilo.
De acordo com Andreza, aquilo foi a “gota d’água”, pois essa fala trouxe urgência no cuidado acerca da ausência dos pais de casa e no que eles falam dentro do lar, pois as crianças não têm a maturidade para lidar com as informações de um adulto.
“O que os pais comentaram em casa, nesse caso, foi sobre a aula de resistência, a criança colocou na cabecinha dela como se a Escola no geral fosse assim. Posteriormente, os pais mudaram a visão a respeito das atividades da Escola, mas a filha continuou com essa impressão na mente dela”, afirmou.
Crianças em Missões
Dessa maneira, nasceu o projeto Crianças em Missões, atividade especial para os filhos dos alunos da Escola. Os pequeninos fazem uma visita para conhecer a equipe e as instalações, com o objetivo de compreenderem porque os pais precisam ir e saber onde eles estão.
De fato, é o terceiro ano que a Escola de Missões realiza essa atividade. Em 2022, a primeira, foi realizada no final do ano. O trabalho foi retroativo, mostrando a estrutura da Escola e fotos dos pais assistindo às aulas.
“Para a criança, o aprendizado precisa ser muito lúdico. Naquele ano, quando trouxemos os filhos na Escola foi para visualizarem o que os pais fizeram o ano inteiro. Presenteamos todos com um crachá e aquela menina que disse que nunca faria a Escola, disse: ‘Daqui a alguns anos, eu vou ter o meu crachá de verdade com a minha foto, porque eu vou estudar na Escola de Missões. Graças a Deus a situação foi transformada e trouxemos compreensão e clareza para cada criança”.
Desde 2023, a direção da Escola decidiu mudar a atividade Crianças em Missões para o início do ano letivo para que os filhos vejam e sintam onde os pais irão estudar. “Já com os pais trabalhamos essa questão como uma ‘vacina’. Para eles terem esse cuidado como vão falar sobre a Escola para seus filhos. Como a conversa de adulto não deve acontecer na frente da criança e interferir no chamado de Deus para ela”, destacou Andreza.
Em 2024
Neste ano, mais de 10 crianças e adolescentes estiveram presentes na atividade. Apresentaram-se e conheceram a equipe que trabalha no local. Além de visitar todo o prédio, inclusive a Escola de Ministros, lancharam e sentiram um gostinho da experiência em sala de aula. Posteriormente, receberão da Escola uma foto desse momento para levar de recordação.
Quem compartilhou a importância dessa atividade foi William Carretero, pai de Sofia de 4 anos: “Eu acho uma iniciativa simpática e empática, porque de fato a mudança é um choque paras crianças. Minha filha nasceu nesse período pandêmico enquanto eu trabalhava home office. A gente sempre foi muito ligado e aí viemos para cá. Não trabalho mais em casa e passei a estudar à noite. Para ela foi um choque, por mais que nós já estivéssemos trabalhando, ela sabe o motivo de estarmos aqui. O fato dela estar aqui, conhecer, se sentir abraçada pelos diretores, monitores, saber onde o pai está, como também saber que a equipe da Escola é super acolhedora, simpática, ter acesso à sala, com certeza foi um alívio para gente”.
Já para Maria Eduarda, de 13 anos, a atividade foi uma nova experiência. “Minha mãe gosta de interagir muito comigo, mas eu não sabia desse desejo no coração de cursar a Escola de Missões desde 2018. Quando ela me contou foi algo novo até porque eu era muito apegada a minha cidade, mas mesmo assim está sendo uma experiência muito legal, porque eu estou conhecendo pessoas e igrejas novas. Então, estamos planejando ficar um pouco aqui”.
O desejo da Escola de Missões é fazer com que a visão missionária alcance também os pequeninos e assim como seus pais, eles possam amar e fazer parte daquilo que Deus compartilhou com seus pais, de forma leve e com alegria.
3 Comentários
Que sensibilidade em realizar um trabalho de acolhida e apresentação da EMR aos filhos dos alunos! Nós, como pais de três meninos, que iremos cursar a Escola de Missões no próximo ano, ficamos muitos felizes e até aliviados por saber desse projeto, pois em ano passo saímos de nossa cidade para a cidade de Esperança obedecendo a um direcionamento! Onde conhecemos o Verbo da Vida e o RHEMA e não foi fácil a adaptação de nossos filhos em outra cidade! Enfim, saber que a EMR tem esse cuidado em apresentar aos filhos e fazê-los entender a importância da escola para os pais é de suma importância! Uma iniciativa que só poderia ser do Senhor!
Parabéns aos envolvidos!
Em 2025 estaremos aí! Uhuu!
Que projeto legal para os filhos de alunos, muito criativo muito bom mesmo
Que benção! Deus é bom!